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Cronicas-->O MENINO -- 28/01/2001 - 13:07 (Maurício Santanna) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Muitas histórias escutamos de crianças de rua: meu pai me abandonou e minha mãe está doente ou ainda perdi meus pais e tenho que cuidar de minha irmãzinha...entrou água na minha casa e perdemos tudo. Essas trágicas e repetidas histórias nos tornam desconfiados da veracidade delas, céticos mesmo.
Pensamos sempre que existe algum adulto se aproveitando da meninada e que se dermos o dinheiro que nos pede estaremos colaborando com a exploração infantil.
Esse modo de pensar por muitas vezes tem fundamento, mas também é uma forma da razão vencer a emoção, de nos tornamos calculistas e esfriarmos de vez nossos corações, de tal ordem que se nos depararmos com uma Tragédia como a da Candelária, achamos que não é grande coisa e esquecemos logo depois. É uma maneira de matar nossa sensibilidade.
Em um desses muitos dias que volto para casa cansado, pelo extressante trabalho, deparei-me com um menino ao caminhar para o estacionamento. Ele me pediu dinheiro para comprar comida. Imediatamente neguei, disse que não tinha, menti.
O moleque não me contou nenhuma história trágica , mas meu coração cansado de tais histórias e acostumado a dizer não, imediatamente negou.
Como é de costume, ele insistiu pedindo uns míseros trocados, mas ainda assim neguei, tendo o cinismo de dizer que se quisesse compraria pão, mas não daria dinheiro, disse isso sabendo que a mais próxima padaria ficava a quase cinco quilómetros de onde estávamos.
A minha insensibilidade venceu a insistência do guri, ele partiu e eu entrei no carro. Antes de dar a partida, um pequeno resquício de um sentimento chamado solidariedade me fez pensar no que tinha feito, da frieza de meu coração, abri a porta do carro e procurei pelo menino, mas era tarde, ele tinha partido, sem o dinheiro pra comprar comida e pior, mais descrente no ser humano e certamente com o coração mais frio também.
Talvez daqui há alguns anos essa insensibilidade que ajudei a brotar no pequeno rapaz se torne tanta que ele chegue a ser capaz de matar por dinheiro.
Pelo menos aprendi minha lição, é melhor ser enganado conscientemente pelas fantasiosas estórias das crianças, que passam por situações que com certeza não passamos, do que matarmos de vez o ser humano que existe em cada um de nós, pois se assim não o fizermos, o que chamamos de razão nos tornará cada vez mais irracionais.
Deixe-se enganar em nome da solidariedade e do amor ao próximo.

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