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cronicas-->A Venezuela e nós -- 10/12/2007 - 11:48 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A VENEZUELA E NÓS

por Denis Rosenfield

Os admiradores nativos do Ditador Hugo Chávez devem ter tido um baque: o seu ídolo sofreu uma fragorosa derrota. Os cidadãos venezuelanos, depois de um longo período reféns dos partidos oposicionistas e de sua ausência de estratégia, conseguiram dar um basta ao processo em curso, embora haja ainda muito a ser feito. Aquele país vive uma experiência bastante singular, nova em certo sentido: a de uma "transição ao socialismo" pela utilização dos mecanismos democráticos. Isto não significa, porém, que se trate de uma democracia, mas da utilização de um instrumento democrático, como eleições, para a supressão da própria democracia.

Neste episódio, o feitiço virou contra o feiticeiro. Os venezuelanos utilizaram-se da própria democracia para reverter o processo político ou, pelo menos, dar uma parada em seu movimento. No Brasil, os elogios à democracia venezuelana estavam virando correntes, como se tivéssemos de seguir um curso semelhante. A democracia totalitária vinha aparecendo entre nós como uma possibilidade concreta, que se faria por intermédio de plebiscitos ou de uma Assembléia Constituinte Exclusiva para a Reforma Política. As faces mais perversas do totalitarismo estavam, cada vez mais, captando adeptos "bolivarianos", como se, assim, o socialismo pudesse enfim se estabelecer. Diria que a novidade introduzida na América Latina consiste no modo de criar uma sociedade socialista, através, precisamente, dos instrumentos democráticos, abandonando, neste primeiro momento, o uso mais explícito da violência.

No entanto, não podemos dizer que o jogo já tenha sido jogado. Chávez sofreu uma derrota de proporções, porém os seus poderes continuam enormes, próprios de um ditador. Ele continuará governando por "leis habilitantes", o que significa dizer que os decretos presidenciais têm o valor de leis, não necessitando passar pelo Poder Legislativo. Ele não reverterá tampouco o fechamento da mais importante rede de televisão venezuelana. Continuará, também, controlando o Poder Judiciário. Terá ainda à mão as suas "milícias bolivarianas", que funcionam como as SA nazistas, precursoras da Gestapo e das SS. Embora elas não tenham podido ser legalizadas pela aprovação das mudanças constitucionais, elas permanecem presentes como uma força que responde diretamente ao próprio ditador, com armamento específico. O curioso é que os adeptos brasileiros de Chávez vociferam contra o nazismo e o fascismo, ao mesmo tempo em que aceitam alegremente as suas práticas.

As oposições venezuelanas fizeram grandes erros, como o de não participar da Assembléia Constituinte, pregando a abstenção. Deixaram todo um caminho livre para que Chávez pudesse seguir o seu projeto de converter a Venezuela numa democracia totalitária. A abstenção terminou legitimando o processo revolucionário, que não encontrou obstáculos legislativos para levar adiante o seu projeto. Chávez pode, assim, se tornar um ditador, com todas as aparências de um democrata. Usou e abusou de sua roupagem, enquanto, progressivamente, continuava o seu processo de desmonte da democracia. Esta incapacidade dos partidos tradicionais venezuelanos de reagirem a esse estado de coisas foi responsável da situação atual, além deles, no passado, terem sido incapazes de enfrentar os maiores problemas sociais daquele país. Antes desprestigiaram a democracia e, agora, continuaram a fazê-lo pregando a abstenção.

A novidade foi o surgimento de um novo protagonista, imbuído dos valores da liberdade e avesso à instauração da ditadura em curso: o movimento estudantil. Os estudantes se colocaram, efetivamente, como os novos atores políticos. Organizaram grandes manifestações e lutaram ativamente para que o não vencesse as eleições. Conseguiram puxar consigo os partidos tradicionais e os próprios chavistas desiludidos com as tendências autoritárias e totalitárias de Chávez. Souberam se organizar e articular um processo eleitoral que impediu, pelo menos provisoriamente, que a democracia totalitária se instalasse naquele país. O grande problema, no entanto, consiste numa desmobilização possível desses atores em nome da vitória conquistada. Os totalitários nunca param, até que os seus objetivos sejam alcançados.

Enquanto isto, os estudantes brasileiros continuam apáticos, cada vez mais atrelados ao Estado petista. A UNE se tornou um apêndice da política governamental. Para eles, Chávez continua um exemplo. Até quando?


Obs.: Texto publicado no Blog do Diego Casagrande (F.M.).




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