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Cronicas-->Parecia uma múmia -- 12/12/2007 - 14:04 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A porta se abriu. O médico me chamou. Fiquei pouco tempo no consultório, pois a ordem para minha internação no Hospital e Maternidade Nossa Senhora do Carmo estava prontinha. O endereço era conhecido, ficava no Brás, na mesma rua do hotel em que estava hospedado. Passei no hotel, fiz minha mala e segui a 21 de Abril até o hospital. Fui imediatamente internado. Junto comigo na enfermaria tinha um senhor de meia idade. Parado, calado, como se estivesse em fase terminal. A enfermeira apontou uma protuberància na parede. "Aquela é a sirene. Em caso de emergência, aperte o botão". E saiu logo.
A presença moribunda do companheiro calado, inicialmente, não me perturbou o sono. Porém, às duas horas da madrugada, acordei ouvindo um barulho estranho. Acendi a luz e vi o companheiro se esticando na cama. Acionei a sirene. Vieram dois enfermeiros que logo correram para chamar o plantonista. É óbito, disse o médico. Levaram meu companheiro ao necrotério e daí em diante, não consegui mais dormir.
Esperei o dia amanhecer, arrumei minhas coisas e me dirigi à enfermaria, para pedir baixa do internamento. A moça que trabalhava na portaria, fez algumas ligações internas e logo apareceu um cidadão, com modos de chefe. " Que está acontecendo, seu Francisco?" Ora, amigo, morreu um companheiro de enfermaria, e lá não fico mais nem um minuto. " Calma rapaz, vou solucionar o caso. Siga-me".
Alguém levou mala enquanto nos dirigíamos a outra enfermaria, no mesmo pavimento. A nova sala de enfermagem dava de frente pra rua e tinha apenas dois leitos, um deles já ocupado. O hospital era recuado e sem muros, de modo que podia ver o movimento de carros e pedestres.
A cama ao lado da janela estava desocupada. Apoderei-me dela. O diretor perguntou-me: "está bem acomodado agora, seu Francisco?"
"Sim, aqui parece bem melhor.
Olhei em volta fazendo um reconhecimento do espaço. Meu companheiro, aparentemente saudável, acompanhava com os olhos toda movimentação.
Lá pelas tantas da madrugada, acordei com um estranho no ninho. Numa maca entre a minha e a outra, um homem todo amarrado gemia. Acionei novamente a sirene e perguntei a enfermeira. Só há espaço para duas camas, por que vocês botaram mais uma? "Não se preocupe, fizemos os primeiros socorros, quando o dia amanhecer, este paciente será transferido para o Hospital das Clínicas."
O homem estava enfaixado dos pés à cabeça. Parecia uma múmia.
O dia amanheceu. Chegou um médico todo de branco, com duas enfermeiras também de branco. "Tirem as ataduras", disse ele às auxiliares. A cena me fez lembrar a ressurreição de Lázaro. "Se esse homem se levantar e sair andando, eu corro". Pensei.


LIMA,Adalberto; SILVA, Francisco de Assis Lima et al. O Brasil nosso de cada dia.
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