Usina de Letras
Usina de Letras
230 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62152 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10448)

Cronicas (22529)

Discursos (3238)

Ensaios - (10339)

Erótico (13567)

Frases (50554)

Humor (20023)

Infantil (5418)

Infanto Juvenil (4750)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140787)

Redação (3301)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6177)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->Boi malhado -- 19/04/2018 - 19:01 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos







Sonolento o sol inclinou a cabeça sobre o travesseiro das montanhas e a lua derramou luz prateada no terreiro. Logo, os vaqueiros chegaram para  ouvir  Generoso tocar viola. Euzébia serviu  chá com biscoito, e quando o relógio de parede derramou  nove estrelas no compasso da noite as visitas bateram em retirada.  Os solteiros armaram suas redes nos esteios da oficina de farinha e acariciados pela brisa fresca da noite,  dormiram numa casa sem paredes. 

Mal rompeu a aurora,  a vaqueirama se apresentou fogosa,  na sede da fazenda.  Despreocupados, os  meninos ainda dormiam o sono que vem depois da primeira urinada  na rede.

Vaqueiro  Onofre esfrega os olhos e escolhe um cavalo desbotado que cochila à beirada da cerca. João Velho matutou: ‘O meninote conhece! Esse cavalinho é o melhor da fazenda pra golpear boi arisco. Tem menos arranco que um grande, mas logo toma a dianteira. ’  Vaqueiros e fazendeiro seguiram a  batida. O boi fugidio  afasta a betônica com o peito, e a tritura nos cascos, abrindo passagem estreita.

No batedor, só se vê o lombo  do boi, que mais parece uma bruaca galopante. Generoso passa a mão no rabo da rês e puxa de lado.  O arreio arrebenta, e  a sela escorre pros vazios do cavalo.   Com duas upas,  o animal  jogou o dono no chão.  Onofre apertou a montaria  nas esporas, levou  a mão no sedenho do boi e puxou pra esquerda.  Foi um tombo  só.


— Sangra o bicho, gritou o patrão.
— Mato Não! Agora sou o ‘padim’ deste boi.

E passou o laço no pescoço de  Chuvisco, que o seguia como um cordeiro.

— O patrão se machucou? — quis saber o vaqueiro novo.
— Nada grave. Mas não quero que Corina saiba da queda. Coisa de homem. Quando o marido  cai do cavalo, a mulher não pode ver, nem saber que ele  caiu.

Outros vaqueiros aproximaram-se mordendo os freios.

 Pisoteado pelos cavalos, o chapéu de Generoso, mais parecia uma bosta de gado esparramada no chão. O fazendeiro  desamassou o chapéu e amarrou o barbicacho. Apertou a cilha, conferiu as rédeas, firmou no estribo e montou novamente. Teve vontade de ferir a barriga do cavalo Presidente  com as rosetas da espora, mas não o fez. Olhou para Onofre que estava desmontado, segurando boi Chuvisco pelo cabresto.

— Daqui a dois dias temos um encontro marcado com uma pintada. Guarde suas forças, porque coragem  sei que tem de sobra!

 Turíbio Medonho aproxima-se  fumando um cigarro de palha.

— Quem derrubou o boi?
— O vaqueiro novato.
—Aquele paspalho, frangalho de gente mal empanada? Tem jeito de frangote que ainda mija nas calças.
— Brinca não! O cabra é macho.  Derrubou o boi na primeira apanhada. Agachado, grudado na sela feito chien em cabelo nêgo.

***
Adalberto Lima, trecho de "Estrela que o vento soprou."

 






Adalberto Lima




Enviado por Adalberto Lima em 19/04/2018






 

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui