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Infanto_Juvenil-->BOLA E CARAMBOLA, 3 - O Brinquedo Quebrado -- 11/04/2005 - 14:55 (ADELMARIO SAMPAIO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
BOLA E CARAMBOLA
Girafa


Léa rodopiava cantarolando alegre pelo quarto... Jamais sentira uma alegria como a que estava sentindo no momento. E não era propriamente porque suas coisas estavam em ordem, o que jamais conseguira em toda a vida. Mas a alegria que sentia, era um sentimento que vinha de dentro, e não propriamente do que estava acontecendo por fora.
E embora seu coração estivesse impregnado dessa alegria que sentimos quando as coisas estão dando certo, ela sentia que existia algum segredo a mais no espírito dessa alegria, que por mais que quisesse não poderia explicar para ninguém.
Continuava rodopiando e cantarolando. E rodou cada vez mais forte como se fosse um pião, ficou tonta, desequilibrou e bateu o braço na estante. Em um instante a alegria se transformou em pânico, quando viu os porquinhos tombarem como em um pesadelo. Era muito esperta, mas não tinha mesmo como aparar os dois, e um deles bateu ainda em seu braço, e foi espatifar num canto do quarto.
A menina ficou paralisada. Ainda conseguiu abafar o grito por um pouco, mas em seguida o desespero falou mais alto, e o grito saiu com pavor.
A porta do quanto foi aberta em seguida, e dona Nice entrou apavorada, perguntando o que é que estava acontecendo. Correu para a filha que estava gritando frenética abaixada num canto, tentando juntar os cacos do bichinho de enfeite. Os gritos continuavam, como se a própria menina tivesse sofrido o acidente.
A mulher tentava acalmar a filha, que mostrava os cacos do porquinho, e gritava histérica entre soluços:
_ Socorro, mãe! Socorro, por favor!... eu quebrei o porquinho, mãe!... Que é que será de mim, mãe!... Meu avô não me perdoaria, meu Deus!...
A mãe abraçou forte a filha, tentando acalmá-la. Percebeu que estava mais quente que o normal. As lamentações continuavam, e a mulher falou entre elas:
_ Acalme, filha!... Isso não há de ser nada, nós compraremos outro!...
_ O porquinho, mãe!... Fui eu mesma quem quebrou!... Eu quebrei o porquinho!...
_ Filha, não importa!... A mamãe só queria saber se você tinha mesmo guardado, mas eu nem queria esses porquinhos!... Acalme-se... Nós arranjaremos outros iguais a esses...
_ Não mãe, nenhum outro é a mesma coisa desses!... Eu quero é esse!... Ele é diferente dos outros!...
_ Léa, não grite assim que vai incomodar até os vizinhos!... Essas coisas que meu pai contou desses porquinhos, são inventadas quando ele era criança. Não existe esse negócio de bicho encantado... Vou apanhar uma vassoura, e limpar isso...
_ Não mãe, não faça isso com o meu porquinho!...
_ Léa, que é que está acontecendo!?... Que é que há com você, minha filha?!... Você nunca deu tanto valor às coisas assim...
A menina finalmente controlou um pouco a histeria, e levantou-se amparada pela mãe que a conduziu até à cama. Só então a mulher percebeu a diferença no quarto. Quis perguntar o que tinha acontecido, mas por causa do estado da filha resolveu que não. A amenina estava muito abalada como se muito doente. Assim que a mãe colocou a filha na cama, saiu para buscar um remédio.
*
Léa tomou o calmante, e logo se sentiu um pouco sonolenta, mas a dor no coração não tinha remédio que curasse... Suspirava a todo instante.
_ Mãe, fui eu mesma a culpada!... – repetiu.
_ Filha, não importa o que foi que você fez. Acidentes acontecem... E afinal, não morreu ninguém nessa casa!...
_ Não é assim, mãe!... Pra mim, morreu sim... Você se lembra do que o vovô disse dos bichinhos?...
_ O que ele disse, foi brincadeira, filhinha!... Não existe nada de especial nesses enfeites.
_ Foram eles que arrumaram tudo aqui, mãe!...
A mãe olhou o quarto com pena da filha. Sabia que a febre a abalara, e ela teve um desses traumas que fazem as pessoas se superarem quando estão sob pressão. Por certo a menina teria passado a noite arrumando tudo. Se bem que somente um milagre para fazer o que estava vendo. Mas não queria falar disso.
_ Você está com febre ainda filha. Depois falaremos sobre isso. Agora tente descansar um pouco, e mais tarde conversaremos...
A menina estava mais calma, e a mulher saiu fechando devagar a porta. Estava preocupada com o estado da filha, mas seria melhor deixá-la descansar. Já havia estudado casos como esses. A menina deve ter ficado traumatizada porque não achou os enfeites. Passou então a noite arrumando tudo, num dessas superações psicológicas quando as pessoas tentam provar que podem fazer aquilo por quê é cobrada todos os dias. Esse estado de choque desencadeia às vezes numa reação febril também. Por certo Lea tinha ficado com febre e cansada, e limpou tudo, e quando foi limpar também o lugar onde tinha colocado os bichinhos, acabou quebrando um deles. Aí, como é natural, os nervos não suportaram, e ela entrou nesse estado depressivo, dizendo que foram os bichos que fizeram todo o trabalho no quarto...
*
Bola, desesperado, via tudo o que estava acontecendo. Tinha que esperar a mulher sair para dizer a senha mágica. E disse logo que ela saiu. Desceu correndo da estante, e foi ainda correndo até o canto onde estavam os cacos do amigo. Dizia a senha, mas não funcionava para o outro. Pelo contrário, ele era quem ficava duro como barro do qual era feito. E precisava dizer de novo, para que voltasse a mexer.
Desesperado ainda, correu até a cama da menina, subiu nela, e entrou no seu sonho. Assim que a menina o viu, começou a chorar novamente.
_ Não chore amiga. Venha depressa, vamos ressuscitar o nosso amigo!...
A menina correu com o porquinho até onde estavam os cacos do outro.
_ Eu fui a culpada!...
_ Não se lamente, amiga. Se nós dissermos a senha juntos, talvez ele reviva.
Ensaiaram um pouco, e disseram: "Caramba Carambola, nessa pose, você não fica bem!..."
Não dá para explicar a rapidez que tudo aconteceu. Foi literalmente num piscar de olhos, e Carambola estava em pé, diante dos outros, e já se mexendo. Estava vivo como o outro, mas com uma ligeira diferença: Por causa da quebra, as partes se colaram perfeitamente, mas as cicatrizes ficaram para sempre, e ele ficou malhado.
É por isso que até hoje Bola faz piadas com o amigo, chamando-o de girafa.

Na noite seguinte, os amigos entraram no sonho da menina, e a reunião foi para discutirem um plano de tornarem o mundo mais feliz...

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Adelmario Sampaio
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