Quando falamos em fome no mundo, automaticamente nos remetemos à produção agrícola e a transgenia dos alimentos vira foco das atenções. José Bové, no primeiro Fórum Mundial, invadiu e destruiu lavouras transgênicas no interior do Rio Grande do Sul e colocou os produtos geneticamente modificados nos noticiários. O cultivo de lavouras transgênicas é motivo de grandes polêmicas e dúvidas entre os agricultores e consumidores em geral. Uma das características desses cultivos é que não possuem inço, sendo esse um motivo econômico para sua aceitação entre agricultores.
Embora proibida no país, estima-se que boa parte da atual safra gaúcha seja proveniente de lavouras com sementes geneticamente modificadas. Saliente-se que as leveduras que compõem os iogurtes e as cervejas provém de processos transgênicos. O certo é que ainda não temos conhecimento das reais conseqüências para o ser humano e para o meio ambiente o consumo e o cultivo desses alimentos. Certamente, num futuro próximo teremos as respostas acerca dos possíveis riscos e benefícios dos produtos transgênicos para consumo humano. Atualmente, a precaução torna-se necessária.
E quando transpomos a transgenia para a política? Como será um político geneticamente modificado? Pela ótica dos inços seria um benefício à política. Seria quase utópica uma política sem essas “ervas daninhas”. Mas continuaríamos com político geneticamente modificado e também não saberíamos das reais conseqüências para o povo.
Quando leio sobre as sementes geneticamente modificadas fico imaginando se o Palácio do Planalto também tem o poder de modificar o gene político. Será essa transgenia política privilégio de quem ocupa o Palácio do Planalto?
Senão vejamos, há oito anos FHC espalmou a mão e pediu que esquecêssemos tudo que tinha escrito. – hoje, ironicamente, pretende voltar a escrever. Resta saber se nós leremos o ex-presidente, ou vamos continuar esquecendo o que ele ainda não escreveu.
Lula ao assumir gerou uma grande expectativa – que ainda permanece – na sociedade, principalmente com o programa Fome Zero. Entretanto, é na área econômica que a autocrítica petista será mais cruel. Percebe-se uma inclinação para a mesma política econômica de FHC. Àquela dos juros altos, que nós “amávamos” tanto. Aí o gene modificado se manifesta na economia. Quando o FMI e o Banco Mundial elogiam a política do atual governo... Fico desconfiado. Sendo bom pra eles, será bom para os brasileiros?
As reformas virão, mas com qual tamanho e direção? O povo mais sofrido, o mais calejado, o mais necessitado, será o mais beneficiado com essas reformas? Esperamos que sim.
Se o presidente está geneticamente ou politicamente modificado, imagino que seja a política transfigurada em sua essência. Uma prática política moderna sem os vícios e desmandos que foram correntes em outros momentos da vida brasileira.