Nossos ilustres parlamentares querem 16mil reais a mais no salário para poder votar as medidas provisórias! Nossos tão dignos e honestos parlamentares, que sempre resolvem todos os problemas da nação, e se acham no direito de reclamar alguns trocados a mais no salário, afinal, o que são 16mil reais a mais que o gordo salário que já recebem?
Onde está a tal democracia, quando é tachado publicamente o contraste entre as classes sociais, Ã começar pelos próprios governantes? Mais que algo inaceitável, posso dizer que é pífia a tentativa de melhora, quando um pobre trabalhador que precisa de dois empregos, numa jornada de 60 horas semanais para poder viver dignamente; e um parlamentar que compareça duas vezes semanais ou numa semana exaustiva, quatro vezes e permaneça 5 horas do dia, num magnífico auditório com ar condicionado a ler projetos reincidentes para acumulo de verba e ganhem tal fortuna.
Na garantia praticamente vitalícia de uma vida de luxos, seus herdeiros passeiam em carros oficiais, observando as crianças sujas e maltrapilhas que vêem lavar os vidros nos sinais de trànsito. Quais valores formam a personalidade de uma criança que vislumbra do alto de sua torre palaciana o olha curioso da miséria indignada?! Muitos valores, em sentido literal da palavra. Exceções não estão fora de cogitação, mas todos sabemos a "verdadeira lenda"- paradoxo mais que reflexivo - de Robin Hood; continuamos então céticos sobre o aparecimento de um Rob tupiniquim.
Indignação? Já é algo ultrapassado para os malabaristas da classe média que estão caminhando na corda bamba, tentando equilibrar nos lados da vara, o estudo, a pós graduação, a pequena empresa, o representante... A cada passo, a esperança de chegar na base sólida da classe alta; a cada passo, o pavor de despencar na miséria, sem a rede de proteção.
à classe intelectual, resta a sombra da dúvida, perdida em estatísticas que sempre tendem à decadência, a instrução não é valorizada. Ou convenientemente é desvalorizada. Talvez um trocadilho muito coerente, num mundo onde reina a troca de favores, o ilícito, o dito popular "uma mão lava a outra", abstém-se então de muito furor em torno das manobras políticas, em prol das económicas que tem reflexos sociais. Portanto, tristemente concordamos com aquele que diz: "a alegria é privilégio dos burros!"
Aparente comodismo, algo nos fortalece quando índices mostram que o número de analfabetos está diminuindo e que é cada vez mais acirrada a competição entre recém - formados, o que indica maior número de pessoas graduadas. Estaremos então, contribuindo para alimentar um pensamento revoltoso? Ou melhor, um pensamento justo?
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