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Cartas-->Submissão alternativa 2 -- 04/07/2004 - 18:58 (Isabela Mendes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Se antes eu gostava de fazer os outros de palhaço, agora parecia tão casta. Casta não, que essa inocência de virgem não tinha mais. Era submissão alternativa. O título do sentimento desse casal novo. Era bom brincar de casinha pra sempre. Pizza, cerveja, filme, novela, almoço e louça pra lavar. Mas aí de repente, trabalho, mestrado, carreira, educação. Separados e eu tentando me fazer de independente. Tentando fazer de mim uma nova personagem. Então carrego um pouco na dureza, na tristeza. Nunca mais amargura: entristece. Nunca mais doce: engorda. Em vez de gastar tudo em telefone e passagem: umas aplicações de “mata gordura localizada”, sessões de raio laser pra não sofrer na depilação. Aos poucos juntando uma fortuna que afinal compraria um futuro melhor, sem privação. Era medo de pobreza, era medo da perda da liberdade. Era medo de mentir pro coração e entrar assim num compromisso que pudesse gerar filhos. Assim me dava arrepio. Nem tesão não tinha mais. Meu cérebro era uma máquina de trabalhar. Mais objetiva como nunca. Mais produtiva, dinâmica, independente. E a solidão. Era bom ter você aqui do lado. Mas esse choro de ciúme e insegurança. Era falta de atenção exclusiva. Não posso reclamar da dedicação exclusiva a você, à faculdade. Exijo o mesmo e é tão difícil amar um futuro comum. É melhor que o futuro de um. De repente me perco como nos domingos e nem consigo imaginar um acordar mais cedo pra passar na xerocadora. Esses alunos sedentos pelo saber, como eu. Não me sinto tão distante daquele do topo. A única diferença é que não quero estar lá. Eu queria que você estivesse aqui, mas não como antes me mostrando seu ego. Queria você aqui pra compartilhar o infinito. Beber vinho e pensamentos. Ouvir música em comum, algo que nos una. Que medo de merda, de morto, da oferta de ir pro Japão ou um país que fale Alemão e assim então não nos entenderemos nunca mais. Qual é a sua língua. Por que me dói ser tão diferente? Me sinto mais eu quando sou você. Me misturo e disso sempre sai criação. Mais uma vez me reconstruindo. Todo dia mais um pouco. E se a lua pára de crescer, ela míngua. Esse amor de sofrimento de saudade de ciúme de medo do futuro. Esse amor de tentar cuidar mais de mim pra me dividir com você. O real me fere. Não entendi o que Shakespeare disse. Nunca sonhei com você. Nunca te quis pra sempre. Te quis sempre pra minha vida. Me explica o que você sente por mim. Não se mostre um desesperado que pegou a primeira carona que apareceu e se apaixonou. Não se mostre nessa mesma situação em que estou. Eu ainda sinto falta. Talvez eu tenha perdido alguma coisa que vai ficar lá pra sempre. E esse é o único pra sempre que aconteceu pra mim. Parece que você tá tão perto. Tenho um sentimento de posse tão grande e se vejo você escapando perco a razão. E viro aquela menina boba que chega no encontro meia hora antes e acaba esperando quarenta e cinto minutos porque seu par se atrasou quinze.
Uma coisa que me fere na terra é essa fragilidade da minha avó. Cada um carregando sua tragédia e eu não quero nunca mais falar da minha. Prefiro me ocupar tentando ser feliz, buscando algo que preencha meu tempo e meu vazio. Não sou vazia, só tenho um buraquinho que às vezes dói. Mas sair de mim pra doer nos outros parece pior, porque se ela está infeliz e eu sou muito feliz talvez porque você me ame. Essa é a verdade. Talvez seja essa certeza que alguém me ama, seja do jeito que for, torne essa existência muito mais suportável. Nada parece tão pesado. E então eu coloquei a palma da minha mão na tua. E não precisamos agarrar nada, porque somos um do outro. Seja lá o que isso signifique.
E assim totalmente frágil não tenho vergonha se o sou pra você. Com você posso ser tudo, posso gritar, ou não gozar. Posso ter gordura e celulite. Posso chorar. Posso me entregar e fazer tudo que seja errado ou incomum na sua frente que você me agüenta, é forte. Não foge: me procura, me segura. Segura a barra. E às vezes também chora nos meus braços. E às vezes também pensa em me deixar. Mas basta um segundo pra lembrar de tudo o que temos. Não temos nada em comum, mas temos um ao outro. E sou feliz por isso. Nosso desencontro, nosso descompasso nos torna o que somos, o que fomos. Nos faz mais verdadeiros. Eu amo você porque você é real. Porque é verdadeiro, sincero, e assim como eu, não tem tempo pra máscaras. Não tem tempo de se preocupar em fugir ou se perder, porque afinal temos uma vida inteira pela frente pra amar. Viver sonhar conseguir. E poder dizer “valeu a pena” é o maior dos prêmios.
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