Usina de Letras
Usina de Letras
154 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62225 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22536)

Discursos (3238)

Ensaios - (10364)

Erótico (13569)

Frases (50620)

Humor (20031)

Infantil (5431)

Infanto Juvenil (4767)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140803)

Redação (3305)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6190)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->O resgate da oralidade -- 16/03/2003 - 15:28 (Sandra Regina Sanchez Baldessin) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Por esses dias encontrei um ex-aluno, o Rodolfo; escutei um vozeirão: “professora, ô professora, não se lembra de mim?” Seria difícil reconhecer, na figura daquele homem, um garoto de doze anos; mas, conversa vai, sobrenome vem, enfim, a memória trouxe a tona a lembrança. Qual não foi minha surpresa quando ele me disse que se lembrava de mim quase todas as noites, repetindo para a filha de seis anos as histórias que eu lhe contara. “ A preferida dela é a do macaco que perdeu o rabo”. Repentinamente, desse baú enorme que chamamos memória, emergiu outra recordação: “eu me lembro que a sua preferida era Pele de Asno”. Nos despedimos, felizes pelo reencontro.

Mais tarde, refletindo na conversa que tivemos, compreendi como pode ser marcante o ato de ouvir e contar histórias. Talvez, por esse motivo, esta forma de arte tenha sobrevivido à revolução tecnológica. Muito antigamente, os bardos, como eram chamados esses contadores, ocupavam posição de destaque na sociedade: viviam nos palácios onde eram sustentados pelos nobres e tinham o privilégio de sentar-se à mesa na décima cadeira mais próxima do rei!

Contar histórias é, sobretudo, um ato de troca, de compartilhamento, uma verdadeira terapia, para quem conta e para quem ouve. É uma forma de chamar a atenção para a beleza da vida, um contraponto ao horror cotidiano, “contado” nos telejornais. Remete-nos à infância e, muito mais além, a um tempo em que nossos ancestrais, sentados ao redor de fogueiras, contavam as histórias do seu povo, os costumes, os valores que os norteavam; histórias que, hoje, fazem parte do patrimônio cultural acumulado pela humanidade, e, quando nós as contamos mais uma vez, resgatamos a memória coletiva através da oralidade.

Os tempos mudaram e os costumes também, porém, os hábitos que agregam valor não podem ser abandonados. Os vínculos entre pais e filhos, mestres e alunos, certamente são reforçados através desse ato tão simples e ao mesmo tempo tão íntimo de contar e partilhar histórias e, por que não? A vida.



Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui