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Contos-->A Estrela e o Poeta -- 10/05/2018 - 21:30 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos











Rapaparapapá... paparapapapá...
 




 O som se perdeu na distância e deu lugar a  uma equipe de reportagem que estaciona nas proximidades da orla marítima. A repórter parou diante da estátua do homem de ferro. Ela poderia cumprimentá-lo em qualquer um dos nove idiomas que fala, mas preferiu dizer em Português: “Ele é poeta. Eu faço rimas. "Não há criação nem morte perante a poesia... Não há guarda-chuva contra o amor que castiga João Cabral. Nem há guarda-chuva contra o mundo que tritura as quatro estações da vida...”

Maravilha! Isso é que é definir poesia — disse Robert   em alta voz: ‘Não se faz poesia apenas com rima. É preciso ritmo. ’  Há quanto tempo se conhecem o Poeta e a Estrela? A Rosa do Povo nasceu em 1945. Também nasceram em 1945 a Rosa de Hiroshima e a Estrela de Leningrado.  Na mesma época, duas estrelas cruzam os céus de Itabira. Faz tanto tempo.

Enquanto a repórter contemplava a estátua do poeta, um 
 bando de pombos passa em vou rasante sobre  sua cabeça; em seguida,  ela sentiu alguma coisa morna escorrer em seu  cabelo. Conferiu. Era merda. Respirou fundo, e declarou solenemente: “Não há guarda-chuva contra pombos que sacodem as penas do leme e  despejam saraivadas de excremento...”
O camera mam corre para pegar melhor ângulo do homem acariciando a estátua de bronze do poeta mineiro.  E também recebeu sobre sua cabeça uma chuva de cocô.


O assistente desliga a câmera. 

Elke abaixa-se, curvada diante de sua impotência, ante o bombardeio aéreo. Interrompe a gravação e foge esbravejando ameaças contra os pombos. 

— Imundície. Praga, isto é uma praga!

A repórter e o câmera afastaram-se. Retirados uns cento metros do local do bombardeio.

— Quem é aquele  que  conversa  com uma estátua? Quis saber Elke.
— Morador de rua. Deve ser.

Quem passa por Copacabana, certamente, já o viu limpando com uma flanela a estátua de Drummond, como se polisse a imagem de um deus ou afagasse o  próprio deus.

Parece ter sido uma pessoa importante! Vez por outra, tem pelo menos cinco minutos de lucidez e faz poesias  bem elaboradas. E declama de cima de um banco qualquer como se estivesse em algum Sarau. Depois, não fala coisa com coisa. Cai em si novamente E caminha na orla, dizendo um verso aqui outro ali,  até desaparecer na distância, tornando-se um vulto indefinido.

— Há muitos mistérios  na vida de um morador  de rua. 
— Cada um tem sua história. Conheci uma mulher que tocava piano e dizia ter morado ricamente em Petrópolis. 
— Estrelas do passado. Conheci um camponês no Norte de Minas que dizia ser Lampião, o rei do cangaço.
— A cidade está cheia de personagens sem nome, estrelas cadentes e meteoros que despencaram tornando-se bagaço de cana passado pelos estreitos cilindros da moeda. Sem mais nenhum papel importante na sociedade, eles se transformam em verdadeiros  zumbis e vagueiam zumbizando feito mariposa que se deixa aprisionar em qualquer teia de aranha.

— Pode ser! Talvez  tenham escolhido um caminho sem volta. Embrenharam-se no submundo das drogas, do crime e da prostituição. Culpam a família e a sociedade, mas não culpam a si mesmo por suas escolhas.
— Ninguém pode ser totalmente, dependente, disto ou daquilo. Vai chegar o dia em que a pequena águia precisa abandonar o ninho e voar com as próprias asas.
— Estás falando de assistencialismo, benefício social?
 -- Assistencialismo não só do governo. Também da parte dos pais.
Bizarrice, homens barbados e mulheres grisalhas, ainda esperando que os pais ponham comida em suas bocas!...


— Não  consigo entender por que razão o governo  concede benefício social a usuário de drogas.
— Final dos tempos...



 Perguntado sobre o que  queria ser quando crescesse, o menino da favela responde:
— Quero ser bandido.
Naturalmente porque viu ou ouviu o bandido ser transformado pela mídia em herói.
— Quer ser  bandido?...
— Sim. Quero ser preso, disse o menor.
— Preso pra quê. 
—   Preso para ficar famoso e aparecer na televisão.

A professora retrucou:

 Menino! Tudo que há no mundo é regido por lei. Há regras para tudo. Até a natureza tem sua própria lei.   Deus impôs limite ao homem, não para limitar a ação do homem, mas para limitar a ação do Mal no homem. Só existem dois caminhos:  o caminho da luz e do das  trevas. Tudo enfim é regido por uma disciplina previamente estabelecida: "A lua é amiga do silêncio; a noite, das trevas; o Sol,  da verdade absoluta. Resta a penumbra que deve ser passageira como o tempo de purgatório."

***

 
 










Adalberto Lima








Enviado por Adalberto Lima em 10/05/2018

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