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cronicas-->A coçagem escrotal -- 04/01/2008 - 16:37 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A coçagem escrotal

Fernando Zocca

Van Grogue achava que depois de uma certa idade, por exemplo, os 45 anos, as pessoas iguais a ele, não deveriam mais pensar ou fazer outra coisa do que se dedicar às prazerosas e diárias coçagens escrotais.
Por isso mesmo vestindo, na manhã daquela sexta-feira ensolarada, a bermuda cor de gosma, e calçando aquele seu chinelo verde, de marca famosa, ele pós-se a caminhar em direção ao bar do Zezinho.
Van de Oliveira fazia questão de, ao andar, fazer ruído provocando a batida do chinelo nas solas dos pés. Ele achava que com aquilo atrairia "essências" com poderes de sacanear o Edbar B. Túrico, seu vizinho, que parara de beber.
De fato, Grogue soubera que B. Túrico, numa certa ocasião, bêbado e tomado pela ira, lançara contra a vidraça da casa defronte ao bar, seus chinelos de couro grosso e solas emborrachadas, quebrando os vidros.
Portanto, a pretensa ingenuidade do Van tinha mesmo o objetivo de fazer o arrependido recordar-se do tempo em que mamava engasga-gato diariamente e pensava ser água fresca aquela a-do-ó que ingeria.
Em 1971 quando Van exercia a nobre atividade de caixeiro viajante, tinha um Gordini verde cujas placas, bem sugestivas, remetiam à gloriosa campanha da Seleção Brasileira, tricampeã da copa do mundo, realizada no México.
Aquele automóvel cor de repolho era seu orgulho, seu bem querer, tal qual o chinelo da mesma cor.
Naquele tempo Van não era brinquedo, e quando se sentia acalorado, refrescava-se até sob os jatos d`água da chuva, lançados sobre ele pelas calhas condutoras dos telhados amplos dos casarões antigos.
E foi nesse tempo também que testemunhou o ataque do Edbar à vidraça do portão daquela casa enorme. O que se viu era só caco voador espalhando-se até pelo meio da rua.
Quando embriagado Grogue tinha algumas manias. Uma delas era assoprar a tuba enorme que vibrava um som baixo e grave. Mas quem é que aguentava aquele suplício? Quando ele chegava dos passeios pelos bares, que vivia a rondar, acomodava-se no quarto soprando então o instrumento.
Era um ritual: primeiro no gravador rústico, ele punha a soar o hino do Palmeiras, depois quando percebia que o burburinho da vizinhança cessava, fazia vibrar a tuba rouca. Mas não tinha gato ou cachorro que ficasse por perto. Até pardal batia asas e sumia.
Mas, naquela sexta-feira de manhã, Van de Oliveira desejava "botar no chinelo" aquele matusquela Edbar B. Túrico; por isso ao entrar no boteco começou a mexer os pauzinhos, a enredar.
Dizendo então "começou" ao pisar com o pé esquerdo na soleira da porta do botequim, bateu ele no chão com o chinelo três vezes, lançando depois para o alto três limões que tirara do bolso da bermuda.
Os demais bebedores suspendendo temporariamente os atos de alçar à boca os copos continentes de birita, como que "congelados", puderam testemunhar que a pertinácia do histérico chato pretensioso, "trabalhando às ocultas" não era nada saudável.

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