MI BUENOS AIRES QUERIDO
O grupo de estudantes alvoroçadas, naqueles idos anos sessenta, chegou em Buenos Aires pela manhã. Nosso hotel ficava na avenida Corrientes e logo que deixamos as malas no quarto, saímos correndo em busca do número 348. Lá esperávamos encontrar a tão famosa e cantada casa noturna, que imaginávamos suspeitíssima. Tínhamos planos de voltar ali à noite, para ver de perto como era aquela história de dançar tangos, as mulheres de vestido longo com fendas laterais e os milongueiros com cabelos empastados de brilhantina e olhar de peixe morto.
À luz do dia todas essas imagens se desfizeram: não havia trés-cuatro-ocho naquela rua, muito menos segundo piso ascensor! O número mais próximo, três-cinco-dois, não passava de um inocente prédio de apartamentos...
Nem mesmo essa decepção tirou nosso ànimo. Embaladas como estávamos, voltamos cantando e dançando pela rua. Afinal, "mi Buenos Aires querido" estava ali, inteirinho à nossa disposição.
A cidade acabou me impressionando bastante, achei-a bonita, suntuosa, diferente - muito européia - como todos diziam e nós concordávamos, apesar de não conhecermos a Europa.
Beatriz Cruz
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