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cronicas-->Quem são "eles"? -- 01/02/2008 - 16:33 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
As pessoas gramaticais são três. A primeira é assim chamada, primeira, pois ela tem de vir em primeiro lugar. Sem ela, existe um consenso, não há comunicação. É o emissor, ou o enunciador, ou o destinador, ou qualquer outro nome que sirva para batizar aquele que produz a mensagem. É o "eu", primeira pessoa.
A segunda pessoa é, lógico, a que surge depois da primeira. Como ninguém sabe ao certo se uma maçã ao cair de uma macieira, em pleno campo deserto, faz barulho, por garantia, é melhor que exista alguém para receber a mensagem produzida pelo emissor. Esse é o receptor, ou o enunciatário, ou o destinatário, enfim, quem recebe e tem a missão de tentar decodificar a mensagem que partiu da primeira pessoa. É o "tu", segunda pessoa.
Há um terceiro nessa relação. É aquele de quem se fala em qualquer conversa. É o sobre, o assunto, o tema. Como não é o "eu", primeira, nem o "tu", segunda, essa só pode ser a terceira pessoa. É o "ele".
Aulinha dada, do jeito que foi dada, fica a impressão de que o "ele" é apenas isso: um terceiro sem importància ao qual nos referimos sempre que queremos e do modo como bem entendemos. Esse seria um "outro" sem vontade, sem forma, disponível para ser aquilo que desejarmos que seja. Um "ele" passivo de tudo.
Na vida-vivida, no entanto, o "ele" é muito mais que uma fofoca. Ele, o "ele", é o único problema ou a única solução. A importància do "ele" é tão grande no mundo em que vivemos que talvez seja mais adequado mudar a ordem das pessoas e considerar que a terceira pessoa, ao menos no que diz respeito ao poder de decisão, é a primeiríssima pessoa.
Quem decide o seu futuro? Seja sincero. Não é você. É ele. Pior, são "eles", que é o poder do "ele" elevado a uma potência gigantesca. Quem confisca o seu dinheiro? Eles. Quem o contrata ou o demite? Eles. Quem cura o seu càncer? Eles. Quem aprova a sua bolsa de estudos? Eles. Quem fala bem ou mal de você? Eles. Quem rouba seu carro, quem lhe empresta dinheiro, quem o salva de um acidente, quem explode a bomba? Eles, eles, eles, eles. Sempre "eles".
Quem são "eles"? Ahhh! Esta é a pergunta: quem são "eles"? Sabemos quem "eles" não são. Eles não somos nós. "Nós" é primeira pessoa. Eles não são vocês. "Vocês" é segunda pessoa, primo do "vós". Eu, que escrevo, você, que lê, nós não somos "eles". Somos "nós". Sendo assim, nunca decidimos nada sobre nossas vidas. Quem decide são "eles".
Seguindo o raciocínio esdrúxulo e gramatical, só passamos a ter algum poder de decisão nesse mundo quando conseguimos ser parte desse "eles". Você conseguirá isso sendo assunto de outros, sendo a terceira pessoa de uma outra primeira e de uma segunda. Na prática, quando decidir o que o outro pode, ou não pode, você será o "ele". Então, o outro, que era "ele", passará a ser um "eu" que dirá para um "você" que um "ele" está armando alguma, e o "eu", que já foi "ele", deixará de ter poder e passará a sentir que é o "ele", que é "você", quem toma as decisões. Ufa! Resumo: você pode até ser o "ele" de outro, mas continuará sem saber quem são os seus "eles".
Cuidado sempre: se não sabemos quem são "eles", não sabemos quem é, de fato, a terceira pessoa. A terceira pessoa, como já afirmado, é o assunto, é sobre quem falamos. Assim, falamos - e escrevemos - sobre algo ou alguém que não conhecemos (quem são "eles"?). Ou seja, sequer sabemos sobre o que falamos. E, muito menos, sobre o que escrevemos. Culpa sua, ou melhor, deles.
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