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Cronicas-->Quero conhecer a Ilha de Caras -- 01/02/2001 - 13:16 (Luís Augusto Marcelino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sei que não fica bem para um homem da minha idade, pai de dois filhos, cujo maior sonho é se tornar um respeitado escritor, afirmar num texto despretensioso que "lê" assiduamente a Caras. O certo seria comentar alguma reportagem da Veja ou o último livro do Saramago. Mas vou dar a mão à palmatória. A derradeira publicação que li foi mesmo a revista dos famosos. Nem o horóscopo escapou - vejam só!

A única esperança que tenho de aportar, glorioso, na tal ilha, é ganhar um concurso entre os leitores - já que não sei nadar, nem conheço a localização exata desse lugar e estou longe de ser reconhecido além das fronteiras do Parque São Luiz, na periferia de São Paulo. O problema é que a sorte não é um fenómeno assim tão corriqueiro na minha vida. Ganhei uma rifa, há anos, acho que em 96. Mas não pude levar a bicicleta porque dera um calote no Marcos Roberto - amigo do escritório que vivia rifando coisas. Rádios, bichinhos de pelúcia, perfumes, eletrónicos em geral. Ao lembrar desse episódio, vi a ilha se deslocar para o índico, pra complicar ainda mais. Só que sonhar não paga nada e não dá dor de cabeça. Portanto, deixei minha mente livre para imaginar como seria um weekend naquele paraíso sedutor.

Teria alguns inconvenientes, com certeza. A coisa mais sofisticada que já ingeri foi sushi. Só não cuspi por educação. Saí do restaurante e fui correndo para uma padaria devorar uma mortadela quente no pão francês, pra ver se aquele gosto horrível sumia da minha boca. Aposto também que teria problemas com a roupa, além de ter de gastar uma fortuna com uma bolsa de viagem decente. Já fui a uma pescaria de calça nova e tênis branco; e cheguei na mansão de um amigo da faculdade de bermuda xadrez, só porque ele me dissera que a comemoração de seu aniversário seria informal. Dei meia volta ao notar que, à entrada, os mais à vontade exibiam roupas que, se eu tivesse que comprar, teria de esperar o 13º e, mesmo assim, atrasar o aluguel do apartamento.

- Oi, Xu! Deixa a Sasha brincar na areia em paz! Marlene! Larga o pé da menina, pó!

Uma das manias de pobretão que se infiltra no meio da alta sociedade é se fazer de descontraído e de íntimo das personalidades. "E aí, Bonner? Larga a Fatiminha e vamos jogar uma pelada."

- Lá vem ele - alertaria a produtora da revista aos famosos reunidos à beira da piscina principal. Tenham paciência, eu suplico. A sessão de fotos não durará mais do que três horas.

Na hora marcada para os clicks chegaria com minha sunga azul turquesa, escolhida com muito cuidado no camarim improvisado no fundo dos alojamentos. A produtora me mandaria voltar - o azul da sunga atrapalharia a foto principal, que teria o mar azulado ao fundo.

- Desculpe, Angélica! Sabe como são esses caipiras...

Acho melhor desistir do concurso. Melhor seria eu me transformar num pássaro, sobrevoar a ilha, vislumbrar a Vera Fischer do alto. A Daniela Sarahyba, a Susana Weber, a Valéria Valenssa, o Hans Donner... Êpa!!! Hans Donner? Nem sempre dá pra controlar nossos sonhos.
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