Um debate de alto nível,
sem agressão nem ofensa
pra iniciar peço licença
neste foro tão flexível.
Sem adjetivos, sensível
aos sentimentos alheios,
à agressão vamos pôr freios
e disputar com altura
com a palavra madura,
sem golpes nem tiroteios.
Ninguém de nós é infalível,
ninguém merece dispensa
de receber a sentença
por ter feito um verso horrível.
Espero ser compreensível
quando expressar meus anseios,
sem louvor nem pisoteios,
sem insulto nem grossura,
mesmo com expressão dura,
porém cuidando dos meios.
Sem humor não é possível
fazer cordel; a presença
do humor faz a diferença
entre o legal e o sofrível.
Não creio seja plausível
um cordel sem devaneios,
pode até ter versos feios
(um ou dois, mais é gordura)
cordel precisa loucura
pra competir nos torneios.
O humor se encontra aferível
na forma - tal minha crença -
ou no conteúdo, fervença
onde mora o imprevisível.
Geraldo Lyra - temível -
em vez de dar um passeio,
dedicou a José fraseio
de agressiva partitura.
Limeira quase o tritura
com muita raiva - receio.
A divisão é risível
entre instrução com sabença
e a intuição que, de nascença,
traz muito poeta aprazível.
Para os dois será exigível
no cordel - sábio recreio -
o humor, pois de saco cheio
deixa a empáfia, com cultura
ou sem ela, pois leitura
é alegria sem recheio.
Não que eu ache redutível
o cordel a humor; doença,
amor, guerra, malquerença,
todo assunto ali é possível.
Só me parece punível,
a pretensão, o alardeio
sem graça, o torpe meneio
de quem bota ditadura
bancando literatura
com ardiloso ceceio.
Todo poeta é passível
de mau-gosto, cara expensa
que dói e não recompensa
ao leitor, ente invisível.
Mas não vale o combustível
que se gasta no vozeio,
com sossego ou desenfreio,
com rima ou com prosa pura,
isso só traz amargura;
melhor deixar vivir, creio.
Limeira foi um incrível
renovador, a defensa
de sua existência suspensa
dispensa o real e o visível.
Gosto do clone, tangível
ressuscitado que veio
nos lembrar que aqui, no seio
do Usina, vive a ternura
que o Vate da Rapadura
trouxe com rouco gorjeio.