Nas filas de banco, comenta-se de tudo. Fórmula popular de passar o tempo sem se exasperar. O que, convenhamos, acaba sendo até agradável. Algumas pessoas falam alto. Outras só escutam. Qualquer assunto serve. Reencontram-se gratas amizades. Atualizam-se fofocas. Debate-se a carestia ou os planos governamentais. As greves. A situação preocupante do País. O vexame do Corinthians. E assim por diante. Ouve-se cada uma nesse senadinho alinhado...
Outro dia, numa fila no Banespa, em Araçatuba, duas jovens atrás de mim conversavam baixinho. Como que curtindo segredos próprios da flor da idade. Uma dizia, muito admirada:
- "Eu não acreditava. Mas quando vi o tamanho, acabei concordando".
A colega indagou se ela havia contado para a mãe. A resposta positiva foi surpreendente.
- "Contei sim. Mamãe disse que era isso mesmo. Que eu poderia conferir sem susto. Foi o que fiz. Fui medir o tamanho da coisa, porque eu ainda não conseguia crer naquilo. Menina, que impressionante..."
A essa altura estava chegando a minha vez de ser atendido e eu até preferia que o caixa demorasse um pouco mais para me chamar. Tão intrigado estava com a estranha conversa daquelas moças. Minha imaginação ficou mais aguçada quando a confidente retomou a narrativa:-
- "Quer ver? Vou lhe mostrar aqui mesmo..."
Não me contive. Olhei para trás. No exato momento em que ela explicava que o tamanho do pé de uma pessoa corresponde ao comprimento do braço, na parte entre o ombro e o cotovelo.
Quem diria...
