Cada um tem a pele que tem
É necessário inovar, sem dúvida e eu gosto sempre de aprender. Sozinha ou com os outros, não importa. Meus olhos e ouvidos estão sempre atentos, minhas buscas, constantes. Mas nem sempre se faz simples, o auto-aprendizado. Por outro lado, não raro, as palavras tendem a deslizar como um rio, sem a preocupação do que as margens possam pensar a seu respeito. E assim, seguem seu rumo: uns, quase se arrastam, roçando suas ralas águas nos pedregulhos, outros, seguem tranquilos, com invejável harmonia e finalmente, os que transbordam e detonam canteiros floridos. Assim como os rios, cada um de nós tem a pele que tem e dá forma à sua escultura de palavras conforme o movimento de suas mãos no trabalho com a espátula. Uns valorizam a prosa poética; outros dão luz ao cotidiano inserido numa crónica bem redigida; outros apreciam palavras bem-humoradas para alegrar o dia; alguns reverenciam todas as formas, desde que se apresentem com uma construção elegante; outros, tão somente extravasam sentimentos e os transformam em contos e/ou poemas... Uma pequena parcela, felizmente, usa páginas desenhadas com extremo cuidado para exacerbar traços sem tato, grosseiros... por vezes, destoando da primeira intenção. Contudo, no fundo, no fundo, todos sabem: somos apenas UM.
Heleida Nobrega, 2008
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