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cronicas-->A tosse -- 04/03/2008 - 10:44 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A tosse

Fernando Zocca

"Sem o coaxar dos sapos ou o cricri dos grilos/ como é que poderíamos dormir tranquilos/ a nossa eternidade?"
(Mário Quintana, Esconderijos do Tempo, p. 73.)

A seita maligna do pavão-pirado tinha como função primordial, alçar e manter no poder determinadas forças políticas, que emergiam de quando em quando, em Tupinambicas das Linhas.
Naquele tempo, dos quais se distanciam bastante os dias presentes, a cidade estava em relativa ordem e num desenvolvimento normal, a não ser pela proliferação de sapos em alguns brejos periféricos.
A questão era já do conhecimento das entidades envolventes que mantinham forte dúvida sobre a maneira de proceder diante daqueles problemas.
A saparia, fruto da expansão desordenada do desenvolvimento das atividades económicas na região manifestava-se justamente nos locais frios, ventosos e úmidos da cidade.
Era certo então que para existir uma grande coleção de sapos haveria, antes de tudo, de produzir-se a infra-estrutura para isso. Mas afinal, para que serviriam tantos sapos juntos?
Os catedráticos da Escola Superior de Agricultura de Tupinambicas das Linhas (ESATL) haviam registrado a mais recente descoberta das pesquisas: a existência da espécie cururu-canjica.
Os cururu-canjica ou pipoca, segundo os observadores, eram abespinhadiços, insones, anoréxicos e belicosos. Agregavam-se em grande número nos pequenos espaços frios, onde se reproduziam facilmente.
A nova espécie era consequência da involução biológica de tecidos estratégicos onde houvera, a instalação de alguns elementos alheios à morfologia original.
As sapas e sapos extremamente sensíveis, fotofóbicos, avessos aos ventos, agorafóbicos, gastavam o tempo somente nos coaxares monótonos e improdutivos.
Para que serviam aqueles agrupamentos além de engolir moscas arreliantes, nas sucessões das noites e dias?
Alguns empresários tentavam utilizar a pele daqueles animais para a confecção de bolsas e carteiras. Havia também outro tanto de laboratórios que empregavam a pele dos bichos na terapêutica dos tecidos humanos queimados.
Mas sapo com tosse ninguém nunca vira. A tosse da tal espécie era singular. Os fenómenos ocorriam antes do coaxar característico ou, em alguns casos, após os coaxares corriqueiros.
Porém por ter aquela geração que vicejava, qualidades inferiores, muito inferiores mesmo, nem os membros da seita maligna do pavão-pirado mostravam qualquer interesse por ela.
Os sapos e sapas de Tupinambicas das Linhas estavam fadados a viver, o resto das suas vidas, no lamaçal da mediocridade.


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