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Cronicas-->AVENTURA FILOSÓFICA -- 10/03/2008 - 01:16 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A AVENTURA FILOSÓFICA ENSAIADA A PARTIR DE UM CURSO DE FILOSOFIA
Crónica Filosófica

João Ferreira
10 de março de 2008


- Nietzsche chamou ao filósofo "o médico da civilização". Sabiam? Para mim, isto é simplesmente incrível e valeria a pena discutir a fundo - disse Sofia, numa roda de amigos enquanto tomavam um suco de frutas no átrio da cantina da IESCO, em Águas Claras.
Sofia tinha a seu lado Jenny e havia lido esse pensamento em "O livro do filósofo" de Frederico Nietzsche, publicado pela Rés-Editora do Porto. Um livro que lhe tinha sido emprestado pelo professor de introdução à filosofia. Ela achava importante jogar um pensamento dessa importància ali mesmo para que fosse discutido pelo grupo. Eram todos estudantes do curso de filosofia de uma Faculdade. Puxa! Tinham que parar um pouco e tentar ponderar. Afinal estavam frequentando um curso tão especulativo, por quê???
- O que mais teríamos que saber, disse Sofia, era adivinhar qual é o poder de um filósofo no que respeita à civilização do seu povo?
Como quem não quer a coisa, Jenny apoiava a idéia de Sofia que empurrava os colegas para além da linha abstrata e formal de um simples curso de filosofia. Ela queria que os conhecimentos adquiridos no curso passassem à linha concreta da vida. Por isso seu desejo íntimo era dizer claramente que os cursos além de acadêmicos têm de ser social e culturalmente operacionais.
Ela e a maior parte dos colegas estavam mentalmente direcionados para serem professores de filosofia para jovens, um dia. Mas..
-E daí?
Jenny ainda achava a coisa um pouco vaga para comprometer nisso a vida inteira. Queria entender concretamente como faria isso. Ela e os colegas. Ou seja, os futuros candidatos a mestres queriam saber como levariam a filosofia para os jovens! Como animariam as aulas de filosofia junto de crianças e adolescentes nas escolas brasileiras do Distrito Federal ou de outros Estados. Era uma preocupação decente.
Em primeiro lugar Sofia e Jenny já perceberam que um curso é mais do que a aprendizagem de uma matéria. Na cabeça delas já entrou a convicção de que o mais importante está na preparação do professor em relação à matéria que expõe e nas habilidades que pode despertar nos alunos. Mas sabem também que a familiarização com a matéria, o avontade e a forma didática da transmissão são igualmente essenciais.
Pela cabeça da Jenny que sempre gostava de repartir suas preocupações e idéias com os colegas e especialmente com Valéria e Láyse passava a preocupação de saber como futuramente iria agilizar e colocar na prática toda aquela matéria do manual ou do livro de texto oficial adotado na escola.
-Está no caminho certo uma preocupação dessas, disse Valéria.
Jenny pensava nisso.
- Naquele momento desceram da cantina para o Centro de Estudos filosóficos da Faculdade. Queriam conversar sobre o projeto "Jovens Pensadores", do Professor João Ferreira.
-Sentaram. Havia no grupo a unanimidade de que o projeto estava na linha que todos defendiam para dinamizar o curso, paralelamente à sala de aula.
Segundo Jenny, um curso superior de filosofia não é apenas destinado a conhecer teorias filosóficas diferenciadas ou dialeticamente profundas. Não são as simples leituras de textos de Hegel ou Kant que determinarão a qualidade e a praticidade de um curso de Filosofia. Os estudos teóricos são importantes para conhecer as mensagens teóricas sobre o que pensaram os mestres da filosofia acerca do mundo e da existência humana. Não há dúvida nenhuma nisso. Mas ao lado das teorias dos filósofos, está a vida, a futura atividade profissional, a realidade existencial, o debate cultural, e a mesa do café.
Jenny sabia que Pascal Ide, por exemplo, publicara há poucos anos "A arte de Pensar". É um livro que saíu pela Editora Martins Fontes, de S. Paulo.
Achava que se tratava de um texto que poderia ser colocado, entre outros, para dinamizar este projeto dos "Jovens Pensadores"! Ao lado desse, alguns livros deveriam ajudar a ganhar esta consciência de construção pessoal. Estavam na mesa "Pesquisa e construção de conhecimento" de Pedro Demo, "O Partido das Coisas" de Francis Ponge e outros. Havia janelas para olhar o mundo da construção e organização do pensamento.
-De momento, Jenny divide com Sofia e uma caloura do curso, a leitura de "Filosofia para principiantes" de Arcàngelo Buzzi, que tem como foco principal a existência humana no mundo. Gosta de manusear "Temas de Filosofia" de Maria Helena de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins. Tudo ela faz para aprofundar e ampliar seu conhecimento sobre o curso que frequenta na moderna cidade de Águas Claras, contígua aos limites geográficos da capital brasileira, no Planalto Central.
Ela pertence a um grupo jovem, consciente e crítico que deseja acrescentar à aventura da vida jovem a aventura da filosofia.
-Para o leitor entender melhor esta aposta de Jenny e de suas amigas, diremos que ela está curtindo de momento um livro interessante: "A aventura filosófica" da escritora francesa Michelle Sauvage! Encontrei-a animadíssima com o livro. Embora a obra esteja escrita em francês, Jenny associou à leitura e debate da obra, uma amiga que conhece a língua gaulesa.
Michelle encara o estudo da filosofia como uma aventura.
-Achei interessante esse ponto de vista da autora, diz Jenny. Isso coincide com a vida que na realidade tem seus lances de aventura, em tempos diferenciados. A própria existência é uma aventura, continuou Jenny, mesmo que oficialmente nem sempre lhe creditemos esse rótulo. Mas é uma aventura. E a essência da aventura é a gente se lançar nas mãos do futuro. Com um certo sentido de exploração, de aventura e com muita vontade de descobrir coisas importantes. De preferência levando com a gente uma certa consciência da beleza e dos riscos que envolvem essa aventura.
-Há aventura numa ação ou num projeto sempre que nele nos lançamos com coragem e decisão, disse.
E ao dizer isto, deu um sorriso, confiante no que dizia e acreditava.
Sabia que percorrer um caminho nem sempre é fácil, exatamente porque o início da caminhada coloca muitas vezes mais perguntas do que respostas.
- Mas faz sentido a gente se aventurar. Isso leva Michelle Sauvage, a tal autora francesa, a chamar ao estudo da Filosofia e à busca de sentido para a vida humana, uma aventura...uma aventura filosófica que faz parte da própria aventura existencial do homem sobre a terra.
-Maravilha,, disse Jenny para os colegas do Centro de Estudos Filosóficos.
O grupo estava preparado para uma reunião no Centro de Estudos Filosóficos e Jenny ainda não tinha terminado de expor seus pontos de vista:
- Quando fala de aventura filosófica, Michelle Sauvage mostra entender o ser humano, logo à partida, como um ser filosófico: homo est ens philosophans. O homem é um ser filosófico, ou seja, um ser que se questiona a si mesmo.
-Ao dizer isto, os olhos inquiridores da pequenina Jenny se iluminaram. Mostrava que a autora francesa lhe dizia o que ela queria ouvir.
- Atenta, ao lado, a Rita, quase uma decana do grupo, exclamou bem disposta:
-Puxa, você está fazendo que logo-logo entremos todos em "estado filosofante" - um tipo de hipnose que nos vai levar aos ocultos labirintos da filosofia!... E ria muito!!! Sofia e os colegas reunidos no átrio acompanhavam os depoimentos mas estavam mais preocupados com o que iriam fazer no semestre que se iniciava
-Mas eu também estou sentindo esse "estado filosofante", brincou Shirley!!! Ainda não é, em mim, inteiramente arrebatador, mas já estou pegando o espírito da coisa.
- Então Michelle Sauvage tinha razão: homo est ens philosophans, rematou Valéria.
O grupo mostrava-se alegre e disposto a aproveitar ao máximo a aventura que se anunciava nos domínios da filosofia.
Na brincadeira entrava toda a turma que havia frequentado a História da Filosofia Medieval com João Ferreira, o autor do projeto "Jovens Pensadores" na Faculdade.
- Acompanhando e apoiando a idéia do Projeto, além da ala feminina mais engajada, estavam os principaís líderes da ala masculina. Entre eles, Aldênio, Menzo, José Roberto, Tiago, Virgínio, Ivonildo. Compondo a ala feminina, havia ainda a Mónica, além da Rita, Shirley e Laize.

Quanto ao projeto, estava claro que o que o dominava era a dinàmica que reservava para os alunos a condição de serem os verdadeiros candidatos aos rituais de iniciação filosófica.
Havia uma lista de muitos títulos e muitas alternativas para incarnar essa nova veste do homo philosophans. O grupo de jovens pensadores poderia desde agora se considerar batizado e iniciado. Seus membros poderiam entrar no Liceu de Aristóteles, se assim quisessem, ou então matricular-se na Academia de Platão. Poderiam ser frequentadores dos Pórticos dos Estóicos ou da Stoá. Poderiam tormar-se leitores da Consolação de Filosofia de Boécio e aprender muito com isso. Poderiam tornar-se admiradores místicos de S. Boaventura lendo seu "Itinerário da mente para Deus" ou até a obra mística do alemão Eckhardt.
-A linha estava definida. E chamava-se aventura filosófica. De agora em diante só carecia ter espírito aberto. Cabeça ágil. Esta cabeça ágil produziria pesquisadores, pensadores, professores. Profissionais humanos, sempre jovens, voltados para si mesmos e para o mundo. Inteiramente abertos para a escola e para a cultura social.
-Haveria alguns caminhos concretos para avançar organizadamente. Seriam abertos e percorridos de acordo com o ritmo anímico e disposição de "jovens pensadores"-seres pensantes e filosofantes!
-Instigante aventura sedutora acessível a qualquer pessoa embalada na vivência de seu destino existencial.
-Filosofia não é senão o esforço do homem por se pensar a si mesmo, diz Michelle em seu livro sobre a aventura filosófica.
E mais:
-Ao se pensar, o homem se apropria de seu ser que até um certo momento lhe parecia um ser estranho. Quando percebe isto, se descobre, se unifica e se acha!

João Ferreira
10 de março de 2008
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