Usina de Letras
Usina de Letras
122 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62231 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22537)

Discursos (3239)

Ensaios - (10367)

Erótico (13570)

Frases (50628)

Humor (20031)

Infantil (5434)

Infanto Juvenil (4768)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140805)

Redação (3306)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6190)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->CORAÇÕES EM PERUíBE -- 03/02/2001 - 23:34 (MARCIANO VASQUES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CORAÇÕES EM PERUíBE
"Não há verdadeira inteligência sem bondade"
BEETHOVEN
Quando os japoneses estavam na região de Nikko, atraídos pela impressionante paisagem, eu estava na baixada Santista, rumo à Peruíbe.
Para muitos, litoral num fim de semana é algo incorporado à rotina do prazer. Para mim, vale mais as impressões em cada viagem, as coisas que nos tocam profundamente e nos falam de um sentido especial para a vida, extraído da aproximação com a natureza.
Alguém disse: "das janelas do ónibus pode se ver as estrelas". E na descida, o verdejante da paisagem me transportando para a comunhão com a natureza até o instante em que a visão se depara com enorme outdoor anunciando um produto. Desrespeito e indelicadeza para com a fidelidade poética do ser humano justamente quando ele se aproxima da natureza. A intromissão visa lembrá-lo que, apesar da possibilidade do encanto interior, o ser humano é, acima de tudo, um consumidor.
Vou para Peruíbe.No trajeto passam Mongaguá, Itanhaém; e reparo nos trilhos abandonados.A linha férrea soterrada pelo mato rasteiro, enferrujando como sentimentos elevados em época de distúrbios da alma, de supremacia de valores materiais.
Chego onde minha família me espera. Na manhã seguinte vou à querida Santos. Ao reencontrar as calçadas santistas, um pensamento me provoca: "Preciso morar em Santos".
Estou na Universidade Católica de Santos, especialmente para reencontrar o Padre Waldemar Valle Martins. Na sala dos professores espero o momento de encontrar o ser humano que continua no altar da idade ministrando aulas na universidade.
No dia do nosso reencontro, profere, no fim da tarde, para universitários, a palestra "Pio XII e o Nazismo". Lamento profundamente não estar presente.
Ao nos despedirmos, beijo o seu rosto e sigo o meu caminho diante de uma visão que não queria. Lembro do menino frágil na manhã ventosa aguardando na estação o trem aportando ao longe. A Maria Fumaça em Cubatão delineando o horizonte. A velha locomotiva chegando é uma cena grandiosa no menino sem alma saturada de videogame. A felicidade deve ser a mistura de adeuses e retornos numa manhã aromatizada pelo mar e olhos presos em trilhos e dormentes.
As lembranças se desfazem. A Estação Sorocabana foi destruída, não existe mais, foi demolida. É a historia cultural de Santos, a sua memória afetiva indo embora, desaparecendo sem horizontes.
No seu lugar está sendo construído um imenso supermercado EXTRA.Com certeza é a coisa mais triste que acontece atualmente em Santos.
Volto para Peruíbe, onde a felicidade tem um jeito tempurá. As cidades passam: São Vicente, onde tudo começou; Nova Ocian, e no pensamento, os corações em Peruíbe.Vejo um lago e seus barcos. É preciso alguém para escrever a poesia dos barcos.
Peruíbe.Tanta coisa em meu coração: o Padre, ferrovias abandonadas e o Sol que não apareceu, mas estou com eles.

MARCIANO VASQUES


Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui