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cronicas-->Cabeça de sete bichos -- 15/03/2008 - 10:47 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Cabeça de sete bichos


Fernando Zocca


A competição em Tupinambicas das Linhas era ferrenha, muitos criam ser maior, e mais intensa, do que em qualquer outro local do mundo.
Numa de suas reflexões matinais, o doutor Silly Kone, um dos mais destacados psiquiatras de Tupinambicas das Linhas, considerou serem a puxação de camisa, os chutes na canela e as terríveis "paulistinhas", partes corriqueiras do arsenal empregado pelos competidores, que às vezes, tinham até a complacência dos árbitros e bandeirinhas.
Pois não é que por desejar concorrer a uma vaga de vereador, via-se o Kone agora acossado por insinuações terríveis, de que seu diploma de bacharel em ciências médicas era falso?
Silly sabia que a plantação de canjicas que herdara, durante as refregas primevas, serviam como pretexto justificador de que ele não poderia mais usufruir de outros benefícios, por já ter sido contemplado.
Ora, Kone sentindo-se o mais supimpa doutor da cidade, tendo sido inclusive homenageado numa sessão solene da Càmara dos Vereadores, como cidadão prestante, julgava ter o direito de usufruir de todas as benesses possíveis, hauridas nas sinecuras da urbe. E por que não?
Então quando maldiziam seu diploma não faziam nada mais do que dar-lhe um chute no tornozelo, puxar-lhe a camisa ou pregar-lhe uma cotovelada no rosto.
Talvez a vitória do Kone significasse a derrota vergonhosa da burla, da prepotência, da arrogància, astúcia, e dos ardis covardes, dos tais retardados, por isso mesmo agiam assim.
O Diário de Tupinambicas das Linhas, ao noticiar a prisão de um falsário, dispusera também algumas pistas de que ele, Kone, o revigorante das melhores mentes impuras da cidade, teria conluio com as forças malignas da seita do pavão-pirado.
Silly sentiu-se mais uma vez atingido pela malvadeza dos antagonistas. Aquela gente era mais falsa do que nota de 15 reais.
Os miseráveis opressores podiam inventar mil e uma lorotas objetivando dana-lo, afastando-o das fontes de águas límpidas, mas não poderiam negar que eles também tinham seus podres ocultados por extensas e intrincadas redes acobertadoras.
Então Silly Kone, sorumbático naquela manhã de sexta-feira, o terceiro dia encoberto por nuvens negras, levantou-se da poltrona de couro legítimo, plantada na sacada do seu quarto, ali no andar de cima, de onde observava os carros que desciam pela rua, em velocidade monótona, lembrando procissões motorizadas, e sincornizando os gestos de quem dava uma banana, elevou também o dedo médio da mão direita dizendo com voz murmurada ao ente imaginário:
- A ti ê, ó, pra tu.

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