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cronicas-->A padaria -- 29/03/2008 - 10:47 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A padaria

Fernando Zocca

Por estarem muitas pessoas dizendo ser ele um asno, Van Grogue achou por bem que deveria estudar alguma coisa. Aprendendo algo, os línguas de trapo, talvez contivessem aqueles ànimos maledicentes afirmativos de que ele só confundia tudo.
Então indo até a biblioteca pública de Tupinambicas das Linhas, que ficava na região central da cidade, ele emprestou um livro. Dispós-se a lê-lo no mesmo dia. Mas como sentia sede, entrou na padaria do seu Manoel Varo onde pediu uma dose reforçada de baronesa.
Depois de ter engolido a primeira talagada Van abriu o livro e póde ler: `A seita maligna do pavão-pirado tem uma característica muito própria para induzir vizinhos jovens, com alto grau de sugestibilidade, a praticar atos de violência. Batendo portas de carros duas ou três vezes, janelas, portões e outras coisas, os perversos, pelo que chamarei de "contágio social", comunicam seus estados emocionais à vítima que, ao se identificar, age também da mesma forma.
Repetindo o gesto ouvido, à exaustão, a vítima em muitos casos bastante irritada, imita o bater, mas contra pessoa ou coisa detestada pelos loucos maldosos.
Há pessoas da seita que, tendo muitas crianças dentro de casa, objetivando controlá-las, utilizam a regularidade do entra e sai dos vizinhos, para convence-las que os dominam, com as palavras que proferem.
As crianças, temerosas crêem que os pais têm esses poderes submetendo-se às demais ameaças paternas".
Mas mal Grogue acabara de ler aquelas linhas eis que chega à padaria Edbar B. I. Túrico. Cambaleante o pingueiro foi logo dizendo:
- Acertaram uma paulada na minha canela! Veja só se podem fazer uma coisa dessas! Só porque eu sou o que sou, essa gente acha que deve me tratar como lixo. Onde já se viu bater nos outros com um pau?
Van Grogue ao ver-se interrompido na leitura, que absorvia com avidez, respondeu irritado:
- Deveriam dar logo um cacete na sua moleira, que é pra você deixar de ser chato.
Então Edbar desabafou:
- Eu sou doente. Não faço mal a ninguém. Só porque eu estava enrolado na calçada acharam que eu era uma cobra? Se você me der dez centavos, eu peço a Deus que proteja sua família.
Manoel Varo que acabara de vir lá do fundo do estabelecimento, onde passara ordens para os padeiros providenciarem nova fornada de pães, ao ouvir o que dizia Edbar emendou com ironia:
- Até parece que você é doente! Ocê não passa de um sem vergonha, desocupado, isso sim! Deram com um pau na sua canela? Pois deveriam dar com dois na sua moringa.
Edbar sentindo-se então muito revoltado respondeu:
- Ó seu Manoel... sei que o senhor é otário, mas se continuar desse jeito pode acabar com sua freguesia. O pessoal todo sabe que quando os padeiros fazem o pão aqui nessa padaria, espirram, tossem e escarram na massa.
- Pó, fecha esse bico, ó pinguço do inferno! Onde já se viu falar uma besteira dessas? - retrucou o dono da panificadora.
Edbar notou que as moças que trabalhavam no balcão, e algumas freguesas que aguardavam atendimento, diante do início de uma quizumba, pararam atónitas, permanecendo estáticas. Então ele disse:
- Quem faz besteiras é besta, e besta aqui só tem um. É o Van!
Van Grogue que não sentia-se disposto a discutir pagou a pinga que bebera e marcando as páginas onde interrompera a leitura abandonou o local, indo sentar-se num dos bancos da praça central da cidade.
Quando o leitor achava que teria alguns momentos de sossego, viu que assomou-lhe a frente, um sorveteiro empurrando o carrinho, do qual pendia um rádio a pilhas ligado, transmitindo uma velha marchinha de carnaval.
- Vai um sorvete ai, chefia? - perguntou o vendedor ao som da canção antiga que dizia: "Ei você ai, me dá um dinheiro ai, não vai dar? Não vai dar não? Você vai ver a grande confusão..."
Van Grogue achou que deveria mudar-se para uma chácara, longe das falcatruas, do trànsito, num local onde picaretas, marretas, e assemelhados tivessem menos acesso.
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