Duas grandes janelas são aberturas para um quintal verde que não póde ser transportado junto à mudança. Sem as presenças, as ruínas são retratos do tempo subjugado, os sinais da construção possibilitam o mágico resgate do passado entesourado na antiga moradia.
Os alicerces estão delimitados no centro do terreno. Pedras aquecidas pelo sol em zênite, corpo rubro, quase vivo, estendido como uma sombra vívida da história de uma casa. A sala, os quartos, um resto de encanamento na extremidade, o assento de uma cadeira de palha, um pano de prato bordado com ponto de cruz...
Os personagens migram, projetam-se em novos papéis... Uma infinidade de imagens, indícios e segredos erguem paredes de pés-direitos altos que guardam os sonhos que, hoje, debruçam nas amplas janelas e chamam minha nostálgica atenção com faces juvenis e travessas.
Os granitos expostos na face enrugada denunciam o tempo, as tantas gerações que brincaram de ser nos assoalhos que acobertaram os solos. Encerro minha percepção na fachada de grandes janelas até despertar com a casa incorporada em minha lembrança como uma página escrita de um diário do tempo erguido sobre os alicerces universais das circunstàncias.
Vestígios da história alinhavados na face desnuda da memória.
