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cronicas-->Os kichutes do Zico -- 14/04/2008 - 18:50 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Há, em meio ao tédio que chega com o Papai Noel e só vai embora com a viagem para uma praia qualquer, surpresas boas na telinha que insiste em ficar ligada na sala, no quarto e na cozinha. Até para quem se sente carente de bola rolando no domingo à tarde, há opções além das matérias retrospectivas do Globo Esporte. Eu tive a sorte e o prazer de assistir a dois programas e a uma partida ao vivo na SporTV que me fizeram retomar a idéia da Pátria de Kichutes, um pensamento meu e velho que acredita que o problema do futebol é o excesso de profissionalismo.
A primeira boa surpresa foi o especial Jogos para Sempre, que mostrou a vitória do Corinthians sobre o São Paulo na final do Campeonato Paulista de 1982. Dois gols de Biro-Biro e um de Casagrande, na primeira conquista oficial da Democracia Corinthiana.. Assisti a esse jogo pela televisão quando tinha onze anos e respirava futebol. Lembrança boa. A vitória do Timão foi fundamental para salvar o ano em que o futebol arte de Telê Santana fracassara em Barcelona.
Aquela derrota para os italianos rendeu um belo especial, também exibido na SporTV: Sarriá, 25 anos. O programa mostrou os dois tempos do jogo disputado no estádio Sarriá, quartas-de-final da Copa da Espanha, que representa, para mim e para muitos que sofreram naquele fatídico mês de julho, a maior injustiça da história do futebol. Paolo Rossi foi o grande vilão da minha infància ao marcar os três tentos que derrubaram a seleção canarinho. Também não perdoei nunca o Toninho Cerezo por fazer aquele passe longo, bola cruzando fatalmente a intermediária brasileira para ser roubada por Rossi, o que resultou no segundo gol dos carcamanos. Não lembrava do lance final do jogo, o grito de gol mais abafado em toda a minha vida: Oscar cabeceia com perfeição a bola cruzada por Éder,o goleiro Dino Zoffi defende, deixa a bola escapar em direção ao gol, mas salva o que seria o gol de empate do Brasil, quase em cima da linha.
Foi triste rever Sócrates, Falcão, Júnior e Zico sofrendo com a retranca e a eficiência dos italianos. Em compensação, e essa foi a terceira surpresa no marasmo televisivo do fim-de-ano, vi o Jogo das Estrelas: Flamengo de 87 versus Amigos do Zico. Curioso encontrar os craques da minha infància e adolescência jogando ao lado dos badalados de hoje. Só num evento comemorativo seria possível ter um ataque formado por Zico, Renato Gaúcho e Obina! Oportunidade perfeita para comprovar a minha tese: Zico é melhor que qualquer jogador de vinte anos em atividade hoje. Tudo bem, era um evento amistoso, beneficente e festivo. A marcação vinha frouxa e isso até explica a facilidade com que os velhinhos driblavam e chegavam na cara do gol. Mas a marcação não influencia na visão de jogo e, nesse quesito, Zico ainda faz o que quer, do jeito que quer. Os passes do Galinho continuam sendo precisos, tão precisos que Obina tinha dificuldade para acompanhar o raciocínio de Zico e quase sempre perdia a chance de ficar frente-a-frente com o goleiro.
Por que Zico, 54 anos, é melhor que Obina, que Adriano, que qualquer outro com vinte e poucos? Minha modesta opinião: Zico ama jogar bola. Quem ama é amador. Isto mesmo: Zico, antes de ser o profissional competente que sempre foi e continua sendo na função de técnico, é um amador. Antes de usar chuteiras importadas, Zico calçava Kichutes. O mesmo acontecia com os alvinegros do Parque São Jorge no início da década de 1980 e com as estrelas de 82 em Barcelona. Eram todos amadores no melhor sentido da palavra. Estes que estão em campo hoje são apenas profissionais. Odeiam a palavra amadorismo, sinónimo, para eles, de falta de profissionalismo.
Assim, meio atrapalhado, meio entediado, meio empreguiçado, desejo ao nobre leitor que em 2008 o amadorismo fundamental de Zico invada a sua vida profissional e pessoal. Que, seja com vinte ou sessenta anos, você sinta prazer naquilo que faz. Agora, pare de ler o jornal, desligue a televisão e vá ler aquele livro que o espera na prateleira há anos, ou ouvir aquele LP empoeirado, ou fazer a tal faxina-rasga-recibos prometida em 2006. Faça tudo isso como se fosse um grande amador. Calce os Kichutes do Zico e feliz ano novo.
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