Usina de Letras
Usina de Letras
154 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62214 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10357)

Erótico (13569)

Frases (50608)

Humor (20029)

Infantil (5429)

Infanto Juvenil (4764)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140799)

Redação (3303)

Roteiro de Filme ou Novela (1063)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6187)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->Teatro Cigano -- 08/07/2001 - 14:46 (ANTONIO ELSON RODRIGUES SIQUEIRA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Teatro Cigano



I



Abrem-se as cortinas

No teatro do desconhecido



Platéia não há

Para a encenação

Do amor



Os assentos vazios

Se permitem ocupar

Pela só Solidão



Oh alguém que lamente

Alguém que grite

Alguém que chore

E que saiba sorrir

Alguém



Alguém que presencie

A tomada do palco

Pelo ator e pela atriz

Corações senhores de si

Sonhadores cheios de lua

Inverno e Primavera



Guiados pelo destino

Frio e Flor não se tocam



São vozes ainda sem rosto

Anseios que se elevam

Temor e palpitação

Fragor e arrebentação

Sedução

Quimera



“Olha-me nos olhos

Que serei teu rei

Teu bobo incorrigível

Teu honrado cavaleiro

Teu poeta e cantor

Viverei os teus dias

Farei meu teu penar

Professarei a felicidade

Que é estar junto a ti

Que é ser tua saudade

Se a distância existir

Mas não sou orvalho sequer

Nem brisa que te alcance

Nem luz pro teu jardim

Sou só um pobre sonhador

E sei que em contentamento

Pra sempre viveria

Se me concedesses

A suprema alegria

De repousares os teus

Nos meus olhos tristes”



O eco da fria estação

Rompeu o silêncio

Enquanto chovia



O cenário é melancólico

Para tão ardentes dizeres

Mas resta a esperança

De que bem sobrevivam

Até que a aurora traga

Embebida em perfumes

A doce estação das flores



A fala seguinte

Permanece um mistério

Que somente à Primavera

É dado conhecer



Que de todo se revele

O mais nobre bem-querer

Com suas quatro pétalas

Amor e vida

Razão e viver





II



A orquestra do tempo

Em perfeita harmonia

Saúda a chegada

Da estação florida



Foi-se a candura invernal

E com ela os gélidos ventos



Eis que uma borboleta

Recém saída do casulo

Em suprema inquietação

Denuncia a existência

De alguma coisa no ar

Um sussurro talvez

Um declamar amoroso

Que mal se consegue ouvir



Era a voz viajante do Inverno

A preencher o que havia de vazio

No seio da novel estação



Ao invés de se dissiparem

Mais e mais aquelas palavras

Se tornavam presentes

Até que por completo

Se fizeram ouvir



Quiseram então saber

Bichos plantas e nuvens

O que teria a dizer

A gentil musa Primavera



“Tuas palavras me comovem deveras

Meu querido cantor primeiro

Deixam-me assim sem reação

Sem saber bem o que dizer

Ou o que fazer para retribuir-te

A benfazeja e intensa alegria

Com a qual me agraciaste

Então fecha os olhos e pensa em mim

Caminhando para junto de ti

Levando ao aconchego das mãos

Uma linda flor carmesim

Do meu seio extraída

Cheia de vida e ternura

Como alhures não há

E permita que eu a plante

Em seu bondoso coração

Porque se dizes que sou

Do teu viver a razão

És tu da minha vida

A revelação do amor

E se eu não estiver ao teu lado

Quando te sentires triste

Ou do mundo esquecido

Bastará a ti que olhes

Esta flor que agora carregas

Viva em teu coração

Para que a minha lembrança

Possa enfim consolar-te

E que seja este o meu gesto

De mais sincera gratidão

Porque ver-te ainda não posso

Que é imenso e profundo

O vale que nos separa

Ai se tu fosses um miserável poeta

Decerto conceber não poderia

Esse inefável acontecimento

Essa esplendorosa magia

Então rogo não mais faças

Pouco caso da tua nobre arte

Com falas de pouca expressão

Mas não digas de qualquer jeito

Não quero dos teus lábios ouvir

Menos do que uma promessa

E quando te recolheres ao sono

Não te furtes jamais em sonhar

Os mais lindos sonhos comigo”



O espetáculo ainda não terminou

Mas não se conteve a Solidão

E retirou-se da platéia



No momento mesmo em que saía

Viu que com as mãos entrelaçadas

Chegavam o distinto Cavaleiro Amor

E sua encantadora Senhora Alegria





III



Em presença do Amor e da Alegria

Algo de encanto aconteceu

Na encenação que se seguia



Em alva luz o Inverno se desfez

Enquanto a doce e gentil Primavera

Transformava-se em cores mil



Cor e luz se uniram no espaço

Com espetaculares movimentos

Executados em perfeita harmonia



Uma tela breve e fugidia se perfez

A resguardar tão magistral pintura

Como conceber pintor nenhum poderia



Ante o querer da fascinada Alegria

Ergueu-se o Amor de seu assento

E principiou a tocar seu violino



Um coral de anjos o acompanhou

E a eles veio logo se juntar

A eterna soprano Fantasia



Assomaram desse cenário celestial

Promessas de sempre amar declamadas

Juras de amor verdadeiro proferidas



Algo de mágico e belo restou no palco

Ao fim dessa jamais vista comunhão

Entre luzes invernais e cores primaveris



De um lado a alma de um Poeta

Do outro a alma de uma Cigana

De seus antigos corpos esquecidos



Ambos ostentam linda e radiante

A mesma rubra flor junto ao peito

E seguem em busca da mesma vida



Almas peregrinas em busca do mesmo amor

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui