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cronicas-->As tais loucas -- 23/04/2008 - 22:45 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
As tais loucas


Fernando Zocca


Do mesmo jeito que criam os torcedores, nas arquibancadas, poderem influir no resultado de uma partida, gritando aos jogadores lá no campo, algumas malucas Tupinambiquences acreditavam que, murmurando, poderiam influir nos destinos dos seus vizinhos, sugerindo-lhes idéias, sentimentos, ações, atitudes e comportamentos. Por isso os índices de enlouquecimento de adolescentes e mulheres analfabetas, em Tupinambicas das Linhas, moviam-se para frente e para cima.
Essa mania foi disseminada no governo de Jarbas o caquético, que para se alçar ao cargo de prefeito municipal, precisou aceitar os favores eleitorais dos chefes da seita maligna do pavão-louco.
Uma vez eleito, Jarbas teve que entregar, aos líderes das facções, quantidades enormes de dinheiro, além de instalar pessoas com aquelas crenças, em locais de comando na prefeitura.
Para que vicejasse a tal administração, seria necessário obscurecer as consciências que dispunham de conhecimentos lógicos, assertivos e reais.
O desrespeito aos mais velhos disseminou-se muito rápido entre os adolescentes; e, com uma virulência jamais presenciada antes na história da urbe, o mal espalhou-se, como as pragas nos pomares.
A seita maligna, só conseguia os resultados que esperava, quando lidava com pessoas crentes no chamado pensamento mágico. Portanto era preciso que todas as escolas deixassem de difundir a lógica, o bom senso e os conhecimentos gerais.
Tupinambicas das Linhas apagava o que sabia de concreto, e científico, alimentando o obscurecimento, voltando-se ao sobrenatural, ao supersticioso. Sem esses elementos Jarbas e seu partido, não governavam, não tinham sucesso.
Naqueles tempos era então muito comum observar a deterioração das redes municipais e estaduais de ensino, podendo-se constatar adolescentes analfabetos ou semi-analfabetos, aprovados nos finais dos cursos.
Para muitos estudiosos do assunto, os seguidores de Jarbas, o caquético, bem como os componentes da seita maligna do pavão-louco, nidificavam em estágios pré-religiosos.
Nas jovens crentes nas entidades sobrenaturais, poderiam ser identificadas afecções mentais comuns para a idade tal qual a esquizofrenia, produtora dos chamados pensamentos automáticos, uma prática comum, em que as doentes proferiam, por horas seguidas, palavras estereotipadas, sem nexo ou coerência.
Muitos sintomas de que a ideologia política dominante na cidade era alicerçada nas idéias sobrenaturais e supersticiosas, materializavam-se nas várias obras públicas desenvolvidas, que se assemelhavam às das décadas anteriores.
Parecia que Jarbas incorporava os jeitos de um antigo prefeito, falecido há muitos anos, conhecido por erguer grandes estruturas de concreto, dentre elas pontes e escolas ineficazes.
Muitas pessoas diziam que o prefeito só agia ou atuava como gente que já morreu.
O governo do Jarbas não era, por isso mesmo, um governo autêntico, próprio, pessoal. Ele necessitava comportar-se como se comportava o morto, a quem idolatrava.
A desorganização social e a desintegração cultural representadas por fenómenos tais como a pobreza, a prostituição e falta de trabalho eram notáveis no governo do Jarbas.
Quem se dispusesse a passear pela região central da cidade durante a noite, veria a grande quantidade de travestis e prostitutas fazendo o trottoir. Levas e levas de trabalhadores, nas tardes frias do outono, morgavam nas praças, ao sol, indicando a ausência de serviço.
No governo do Jarbas, o caquético, as patologias psiquiátricas e sociais medravam. Até Van Grogue que confundia trottoir com trator, sabia que no tempo do Jarbas, quem governava mesmo a cidade eram os mortos.
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