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Cordel-->Histórias de Heródotos -- 04/05/2002 - 17:56 (José Mario Martínez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Estive confinado alguns dias como acompanhante num hospital (já está tudo bem, obrigado). Para passar o tempo, levei comigo a História de Heródotos e compús este galope:

1
A Cítia era um quadrado, era um quadrado
confinado em dois lados pelo mar,
a Cítia era um quadrado que, ao andar,
consumia dez dias por cada lado.
O Rei dos Citas foi ameaçado
por tropas superiores de Dario;
o Persa vem matando a sangue frio!
o Cita sente medo e pede ajuda!
Que o Rei de cada povo à cita acuda
a ouvir, em suas palavras, medo e brio!

2
Sete povos convoca o Cita Rei:
o tauro, o melanclaino, o sauromata
- vizinhos com costumes que relata
Heródotos, e en versos contarei -
Cada um dos sete reis sua própria lei:
o neuro, o agatirso e o budino
e o andrôfago também, frio assassino
que é nómade e que come carne humana
- sua língua não se entende e dela emana
palavra que denata vil ladino.

3
Os tauros têm os hábitos seguintes:
àqueles que capturam no alto mar
golpeiam na cabeça até esmagar
e a predem numa cruz com cruéis requintes.
O jogam (assim dizem os ouvintes
de muitas testemunhas assustadas)
do alto dumas rochas escarpadas
honrando a certa virgem, primigênia
filha de Agamenão (bela Ifigênia!)
que, assim, tem suas paixões acalmadas.

4
Inimigos em terra capturados
são tratados em forma corriqueira:
lhes cortam a cabeça que - bandeira -
enfiam em longos paus bastante afiados.
Os troncos com cabeça já arvorados
nas alturas da casa do captor
vigiam as distâncias e terror
espalha sua aparência putrefata:
o tauro não é da terra, ele é pirata,
a guerra é seu sustento e seu honor.

5
Os agatirsos, homens delicados,
compartilham entre eles as esposas,
desconhecem invejas insidiosas
e por ciúmes não são atormentados.
Passeiam pelas ruas, enfeitados
de ouro, pois adoram um adorno,
não se acusam de viado nem de corno
e vivem em cordial comunidade.
Agatirso que é homem de verdade
não briga, não discute e fala morno.

6
Os neuros, parecidos com os citas,
(talvez são feiticeiros esses homens)
transformam-se anualmente em lobisomens,
assim conta uma história não escrita.
Tem quem em tal história não acredita
e tem quem a repita em forma enfática,
porém todos coincidem: foi dramática
a invasão que sofreram das serpentes;
os neuros emigraram, pobres gentes!
atrás ficou sua pátria sorumbática.

7
Falaremos agora dos budinos
(Cuidado em confundir com os quelonos,
pois estes na sua terra são colonos
que têm avós helenos, citadinos.)
Budinos são brutais, quelonos finos,
quelonos tem santuários de madeira,
cultivam seu jardim e sua roceira;
budinos se alimentam de pinhões,
vivem do bosque e curam afecções
com feitiços e folhas de parreira.

8
Para falar, por fim, dos sauromatas
devemos nos lembrar das Amazonas,
guerreiras sem piedade, marafonas
às que os Citas chamavam "oiorpatas".
"Oiorpata" te chamam quando matas
a homens, porque "pata" é "matar"
e "Oior", em cita, é "homem". De remar
não entendem tais mulheres que, cativas,
navegam com helenos, ainda vivas,
tão vivas que haverão de se vingar.

9
Amazonas cativas, alto mar,
se organizam em cruenta rebelião
matando seus captores, e o timão
desprezam e se deixam derivar.
Depois dum azaroso navegar
ao acaso das vagas e do vento,
chegaram a Cremnoi, e seu sustento
conseguem saqueando bens dos citas,
que pensam ser rapazes as cabritas
que, a cavalo, provocam seu tormento.

10
Um cita que sepulta um inimigo
examina o cadáver e: surpresa!
descobre que feições de princesa
tem a que se encaminha pro jazigo.
Delicadas suas formas, seu umbigo
virginal corolário de pudor;
parece que não é morte, só sopor
o que a mantém calada de tal sorte.
Beija o cita o cadáver, beija a morte
e chora longamente seu temor.

11
Correndo, vai aos chefes da sua tribo:
"Mulheres, são mulheres as que atacam!
mulheres que na guerra se destacam
e pulam nos cavalos sem estribos!"
O Chefe, do seu trono, diz "Proíbo
que se siga matando essas mulheres;
mulheres nos seus ventres têm colheres
que portam boas sementes, logo juro
construír para essas virgens um futuro
fundindo nossos mútuos caracteres!"

12
Assim, manda acampar os Jovens Citas
bem perto do lugar das Amazonas.
Os Jovens (bebedeiras, comilonas...)
esperam pelas chances de visitas.
As chances são remotas, inauditas,
pois virgens fazem culto à castidade,
no entanto, certo dia (casualidade!)
quando uma delas vai fazer xixi,
encontra um Jovem Cita por ali
que de mijar também tinha vontade.

13
Não foi muito forçar o entendimento
da jovem pra que viesse compreender
o sentido real que era pra ter
nos sexos o anatômico elemento.
Transaram de verdade e a contento,
trouxeram um amigo e uma amiga...
Não é necessário, pois, que agora diga
que a pouco tavam todas já transando,
algumas por amor, e as outras... dando!
curtindo profissão digna e antiga.

14
"Vamos com nossos pais", dizem os Citas,
"Vamos com nossas mães, nossas famílias,
gostarão de vocês como de filhas,
seréis rainhas nas salas de visitas".
As Amazonas: "Não, estamos fritas,
nos querem condenar a lavar cuecas,
gozar de nós no meio de sonecas
e acabar com nossa liberdade!
Vamos morrer de pena e de saudade,
ressecos nossos sexos de bonecas."

15
As Amazonas já contra-argumentam:
"Fujam conosco longe, outro lugar
onde ninguém nos venha importunar"
Os homens se incomodam e comentam.
Muitos aceitam tudo, se contentam
e fogem com as mulheres, as que, gratas,
festejam com amor e cavalgatas.
Um povo desta forma foi fundado,
que agora para a guerra é convocado:
um povo singular, os sauromatas.

16
Melanclainos é o povo que nos falta.
Que podemos dizer? Vestem de preto;
logo apenas direi, neste folheto,
que de preto se vestem: negra pauta.
Melanclainos já vem! Neles ressalta
desde abaixo até acima a negra cor,
negras capas, chapéus, roupa interior,
de negro vestem padres e doutores,
artistas, sábios, putas e cantores.
Melanclaino acha o preto superior.

17
Quelonos, sauromatas e budinos
aceitam o pedido do Rei Cita,
o resto compromisso e luta evita
pois ouvem da derrota os tristes sinos.
Os Persas a atacar: perfis caninos,
as troupas bem treinadas e ferozes,
as armas e os tormentos mais atrozes,
a sangue do Rei Ciro em liderança,
no brilho dos seus olhos a vingança,
e os hinos da vitória em grossas vozes!







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