ADORADA LÍNGUA PORTUGUÊSA
Por J.B.Xavier
Diante da força de mudanças tais,
Sigo cultuando minha pátria língua
Que não deixarei jamais morrer à mingua!
Passei do tempo das mudanças radicais.
Como posso eu contradizer Amado?
Como posso eu contradizer Barbosa?
Como duvidar de Guimarães Rosa?
Como desdenhar o que escreveu Callado?
Como não visitar o mundo riquíssimo
De Gonçalves dias e Plínio Salgado?
E o Brás Cubas do grande Machado,
E as criações de Érico Veríssimo?
Como ignorar ter havido entre nós
A mágica única de Monteiro Lobato,
A mágica alucinada de um Viriato,
A mágica obscena de Eça de Queiroz?
Como ignorar em nossos corações
Pessoa, a quem todos amamos,
O universo portentoso de Graciliano Ramos
Ou os versos saudosos do grande Camões?
Mario Quintana, Amoroso Lima,
Augusto dos anjos, Drumond de Andrade
Que através do idioma, transpiram verdade,
Como Clarice Lispector em poesia ferina.
José Saramago, Raul Pompéia,
Vitorino Nemésio, e Pedro Nava,
Cada um desses nomes a alma lavava:
A cada leitura uma nova estréia.
Guilherme Merquior, Jorge de Lima,
Afrânio Coutinho, Ângela Lago,
Guilherme de Almeida, que como um afago
Encantava a todos com a bela rima.
Rebelo Marques, cujo nome repousa
No panteão do grandes. Cecília Meireles,
Que a mediocridade em versos repele!
E do sul do país nos vem Cruz e Sousa.
E quem resiste a deitar num divã,
E ler, sorvendo, Sílvio Romero?
Ou quem, diante de um livro sincero,
Não se deixa embalar por Dalton Trevisan?
Lamento não poder a todos citar,
Mas, se eles, usando a língua portuguesa,
Foram capazes de tanta destreza,
Fico pensando: Não há o que mudar!
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