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cronicas-->Coração materno -- 10/02/2001 - 18:46 (Anizio Canola) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Na festa escolar, em meio a tantas mães felizes, ela estava radiante pelo desempenho de seu garotinho. Júnior nascera lindo demais, um autêntico "nenê Johnson". E continuava a lhe proporcionar só alegrias. Robusto, pele alva, cabelos encaracolados, pra deixar qualquer uma vaidosa. Revelou-se inteligente, aprendendo bem os primeiros ensinamentos. As noites passadas em claro, com ele ardendo em febre, ou com cólicas, ou também incomodado pela dentição problemática, coisas comuns a qualquer criança, eram aborrecimentos logo esquecidos ao ensejo dos momentos de encantamento da infància. Ela rogava a Deus para que fosse sempre assim.
* - "Disse um campónio à sua amada. Minha idolatrada, diga-me o que quer. Por ti vou matar, vou roubar. Embora tristeza me tragas mulher. Provar quero eu que te quero. Venero teus olhos, teu porte, teu ser. E diga tua ordem, espero. Por ti não importa matar ou morrer..."
Quando Júnior ficou mocinho, sua mãe sentiu ligeira mudança em seu comportamento. Sim. O rapaz perdera o entusiasmo dos anos verdes de garoto aceso. Estava arredio, pouco conversava em casa. Era preocupante. Mãe nunca se engana. Só não sabia decifrar o motivo.
* - "...E ela disse ao campónio a brincar. Se é verdade tua louca paixão. Parte já e para mim vá buscar. De tua mãe inteiro coração. E a correr o campónio partiu. Como louco na estrada sumiu..."
Não dava para entender como uma criança tão viva virara um moço esquisito. Em certos momentos, bastante arrogante. Noutros, absorto demais. Uma amiga, cujo filho da mesma idade acusava sintomas semelhantes, ponderou:- "Deve ser coisa da juventude. As profundas transformações pessoais mexem com a mente nesse período. Você verá, isso vai passar". Ela reparou, entretanto, que embora bem apessoado, o filho não tinha sequer uma paquera. Emagrecia. Acusava olheiras. E estranhas manchas nos braços.
* - "...Chega à choupana o campónio. Encontra a mãezinha ajoelhada, a rezar. Rasga-lhe o peito, o demónio. Tombando a velhinha aos pés do altar. Tira do peito sangrando, da pobre velhinha, inteiro coração. E corre a dizer, proclamando. Vitória, vitória, de minha paixão..."
Um telefone toca na noite. A mãe recusa-se a acreditar na chamada urgente. Seu filho Júnior está hospitalizado. Agonizando. Fora alvejado por três desconhecidos num beco ermo da cidade. Antes que ela desfaleça, palavras terríveis soam ao seu ouvido: droga... Acerto de contas... Como póde chegar a esse ponto?
* - "...Mas, em meio a estrada caiu. E na queda uma perna partiu. E a distància saltou-lhe das mãos o coração. Nesse instante uma voz ecoou. Magoou-te pobre filho meu? Vem buscar-me filho aqui estou. Vem buscar-me, que ainda sou teu".
Ao lado da sepultura do filho, a mãe chora. Por que crescera o menino de cabelos dourados? Dera lugar a um moço sofredor... Por que os jovens continuam a cair nessas armadilhas? Desolada, com o coração dilacerado pela dor, ela tem uma certeza. Apesar de tudo ainda o perdoa. E espera que seu triste fim sirva de alerta para evitar o sofrimento de outros corações maternos.

(* Coração Materno, Vicente Celestino).
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