O homem é mau em sua natureza humana e ao mesmo tempo, bom, em sua natureza divina. Podemos ser bons ou maus; cidadãos ou bandidos. Seremos aquilo que somos, desde que vistos como Deus nos criou, e assim, imagem e semelhança do Criador. Do contrário, seremos uma tela pintada por nossas próprias mãos ou por mãos inimigas - uma fantasia. Mas sempre fantasia; nunca realidade. Seremos o mesmo de ontem, e o mesmo de amanhã, se ninguém retirar-nos os traços com os quais fomos tecidos pelas mãos divinas. Deus não criou demónios; criou anjos bons que se tornaram maus, porque não queriam ser apenas anjos. Não queiras ser nada mais do que um anjo bom; nada além disso. E, assim, serás verdadeiramente homem feito à imagem e semelhança do Criador, porquanto, mesmo divinizado por Deus, o homem não é Deus; somos apenas uma jóia revestida de ouro, mas não somos o ouro fino. Somos apenas um espírito revestido de luz, mas não somos a luz eterna e verdadeira.
Toda verdade foi revelada, mas nem tudo compreendido ainda. Ora, se Deus disse: "Faça-se a luz!" E luz foi feita.(Gn 1,3). Importa que tenha sido através de uma explosão? Deus criou o homem, deu-lhe uma inteligência que o diferencia dos outros animais. Importa que o ancestral humano seja uma espécime primata predestinada a evoluir? Acaso nos foi dado entender o que significa "Inspirou um sopro de vida em suas narinas?" (Gn 2,7). Não têm um sopro de vida todos os seres que respiram?(Gn 1,30) Não foi para que cresçamos em sabedoria e graça diante de Deus, que o Senhor inspirou em nossas narinas um sopro do seu espírito? Sendo puro espírito, jamais nos tornaria semelhantes a Ele se não nos desse uma porção do seu espírito imortal, de sua inteligência.
Cada um escolhe o caminho que deve seguir, andar mal acompanhado ou sozinho, fazer o bem ou o mal, mesmo sabendo que o bem é uma fonte de estímulos à alegria, à paz, à harmonia e o mal, uma ponte que se destina a conduzir os incautos à sua própria desgraça. Todo bem retorna à fonte de origem, assim também o mal, à sua origem torna. Navegando na vaga ou morrendo no cais, recebe-se a recompensa pelas obras praticadas. Cedo, tarde, ou agora, no fluxo e refluxo, o amor brota ou a vida jaz.
Criado para amar e ser amado, cabe ao homem decidir se quer ser fiel ou ladrão, trabalhar ou roubar, semear e ceifar preservando a natureza, assorear os rios, ou reter desordenadamente suas águas, acabar com o encanto da cascata, nascentes e cachoeiras, destruir toda beleza da foz. Derribar árvores, abrir clareiras, matando todo ser que respira com morte lenta e dolorosa. A natureza, porém, responde, negando ao homem o fruto e o pão necessários à vida ou eliminando seu algoz em catastrófica parusia.
Então, pus-me a examinar o que havia entre o céu e a terra: lancei um olhar humano sobre a natureza divina e um olhar divino sobre a natureza humana, olhei com olhos divinos para conhecer o amargor do pão e do mel humanos, depois olhei com olhos humanos, para conhecer o suave doce do Pão e do Mel divinos. Como o Redentor, abri os braços. Foi um abraço com a sorte; foi um abraço com a morte. Veja o humano com um olhar divino e contemples a imagem de Deus que há em cada obra criada. Não olhes somente o lado humano do semelhante, pois, se assim o fizeres, verás a imensa podridão que há dentro de ti mesmo.
Tudo pode ser mudado em cinco minutos. Em apenas cinco minutos, podemos mudar o destino da própria vida...Em cinco minutos, pode-se gerar uma vida,uma amizade, um futuro brilhante.Em apenas cinco minutos, pode-se destruir tudo isso. Foi assim, com um sorriso e uma lágrima, que teci o perfil psicológico de cada personagem de "SENDA DE FLORES E ESPINHOS, algumas reais, outras imaginárias.
Notas do autor:
SENDA DE FLORES E ESPINHOS, livro inédito a
ser publicado em 2008.
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Adalberto Lima
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