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Erotico-->A MENINA DO ÔNIBUS II - Cap. II(i) -- 03/08/2006 - 16:52 (Edmar Guedes Corrêa****) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A MENINA DO ÔNIBUS II - Capítulo II(i)

Olá queridos leitores,

Vocês que acompanharam a história de Ana Carla em “A MENINA DO ÔNIBUS”, poderá a partir de agora conferi também alguns capítulos extras que farão parte do livro a ser publicado futuramente, assim que o livro estiver pronto.

Seguindo a ordem dos capítulos que foram publicados aqui na Usina de Letras, o capitulo a seguir é um capítulo entre II(h) e III da segunda parte. Para ficar mais fácil a localização, resolvi chamá-lo de capítulo II(i) para não confundir os leitores. Para ler o capítulo II(h), clique [aqui]

Abraços,

Edmar Guedes Corrêa

Se quiser saber como tudo começou, então clique em: A MENINA DO ÔNIBUS

II(i)
I

Eu tinha que dar um jeito. Não sabia mais o que fazer para conter o desejo queimando em minhas veias. Desde sábado eu não conseguia pensar em outra coisa a não ser numa forma de ficar as sós com Ana Carla para nos entregarmos um ao outro.
Durante a subida e a descida de São Paulo, quando fomos visitar minha tia, fiquei me indagando acerca de algum lugar aonde pudesse levá-la. Os lugares mais conhecidos e frequentemente usados pelos amantes estavam fora de cogitação, pois estariam ocupados, cheios.; e minha casa também não poderia. De forma que não nos restavam alternativas a não ser correr riscos. Mas onde? Onde os riscos valiam à pena? Essa era a grande questão.
Confesso que quase desisti.; pois todo lugar que eu pensava não daria certo. Tinha que ser um local afastado, onde não teria ninguém ou no máximo uns casais de namorados se esfregando. Mas onde haveria um lugar desses? Onde levar Ana Carla sem que voltássemos frustrados mais uma vez? Eu conhecia bem o Guarujá, mas não me recordava de nenhum ponto assim. Todos que me vinham à memória não serviam aos nossos propósitos. Foi quando me lembrei da praia do Pernambuco.
Cerca de dois anos atrás, eu tinha ido num final de tarde com uma namorada dar um passeio por aquelas bandas. O sol estava se pondo e lembro que Viviane, minha namorada nessa época, chegou a comentar:
-- Isso aqui à noite deve ser bem deserto.
-- Ah, deve ser mesmo – concordei --.; mas também muito perigoso. Dizem que os viciados gostam de vir aqui para fumar maconha e usar droga. É um lugar mal falado pra caramba – comentei.
-- Não sabia – tornou ela.
-- Pelo menos é o que falam. Vir aqui à noite é querer ser assaltado – acrescentei.
De fato, o lugar era perigoso. Embora fosse uma praia freqüentada principalmente pelos turistas, à noite era deserta, sombria e sem iluminação. E por tratar-se de um local de difícil acesso, pois é quase toda separada do continente por um longo muro de concreto, muro esse que protege os hotéis e os condomínios fechados, era preferido por marginais e viciados. Aliás, não é como as outras praias, abertas, com uma via e um calçadão. Não, não. Para chegar até ela é preciso utilizar os acessos. E é justamente esse detalhe que faz dessa praia um local perigoso à noite, pois os acessos são poucos e sem iluminação.
“Mas por que não arriscar?”, foi o que pensei pouco antes de retornar ao Guarujá naquele final de domingo. “Não temos outra saída. Ou isso ou nada? É. Se não encontrar um lugar melhor, vamos ter que nos arriscar”.
Dormi avaliando os riscos: “E se aparecer algum maluco querendo assaltar a gente? Será que vamos ser tão azarados assim? É melhor ter algum dinheiro no bolso, a gente nunca sabe. Também se aparecer eu entrego. Nem vou de relógio. Vou falar para Ana Carla não ir também. Nem pulseira, nem brinco, nem colar. Nada. A pulseira que dei para ela! De vez quando ela gosta de usar. Vou pedir para não pôr. Nem bolsa. Ah, mas não vai acontecer nada. Estou sendo pessimista à toa. Vou parar de pensar nessas coisas, senão acabam acontecendo. É melhor parar. Pensar em outras coisas”.
Na segunda-feira, ao ir para o trabalho, só pensava nesse encontro. Tinha certeza que Ana Carla me ligaria mais tarde perguntando aonde nos encontraríamos. E ela telefonou realmente. Só que disse que não poderia sair de casa, pois havia se emburrado com a mãe devido à mudança de horário na escola – ela ia estudar à tarde de agora em diante – e a mãe provavelmente não a deixaria sair.
Fiquei frustrado e decepcionado: “Que merda sô! Mais um dia nessa seca. Já não agüento mais de tanta vontade de comer a bocetinha dela. Isso já está me deixando maluco, desesperado. Já não sei mais o que faço. Punheta? Isso não resolve mais. Dali a pouco já estou pensando em sexo novamente. Olho para as meninas de tanguinha ou shortinho na rua e me imagino fodendo aqueles traseiros, chupando aqueles peitos. Ih, já estou ficando excitado outra vez. Assim não dá! Vou ter que ficar assim até amanhã. Só espero que nada dê errado dessa vez. Ela prometeu que vamos sair amanhã. Só quero ver. E ela ainda queria vir aqui me pegar! Mas não mesmo! Não quero ficar ouvindo gracinha na minha orelha. Ainda mais daquela ali. A cara dela. Deve ser uma safada também. Banca a secretaria comportadinha, mas aposto como isso é só aparência. A como ela olha para o Roberto. Tá caidinha pro cara. Só porque ele faz o tipo galã de novela. Aposto como ela se masturba pensando nele. Mas vai ficar na vontade. Nunca que ele vai sair com ela. Ele também gosta de uma meninha nova. Também, só tem dezenove anos. Será que ele sairia com Ana Carla? Minha Ana Carla! Se ele desse em cima dela, era capaz. Não, ela não faria isso. Já estou com ciúmes de novo. É. Mas eu vi a forma como ele olhou para ela noutro dia. Pensando bem, é melhor que ela não venha aqui mesmo! ”, disse comigo mesmo pouco depois de falar com ela.
Passei a tarde estudando na melhor forma de ir com ela para aquele lugar. A gente poderia ir de ônibus. O ônibus passa na avenida e só precisaríamos andar alguns metros. “É. Mas andar à noite naquelas ruazinhas também é muito arriscado. Alguém pode ver a gente e querer nos seguir. Só se eu pegar o carro do meu pai emprestado. Ele não vai se importar. Ainda mais depois que fui com eles para São Paulo. É. Vou falar com ele”.

II


Era precisa ser rápido. Eu não podia perder tempo, pois senão ficaria tarde para me encontrar com Ana Carla. Já estava tudo planejado, nos mínimos detalhes. Não pensei noutra coisa ao longo do dia a não ser naquele encontro ao final do dia. Era como se eu estivesse obcecado, desesperadamente louco para tê-la. A abstinência, que já durava mais de duas semanas, não me deixava concentrar em nada. E por mais que tentasse evitar, eu me surpreendia nos momentos mais inoportunos pensando em sexo, sexo e mais sexo.
Quando estava indo para casa almoçar, enquanto aguardava o ônibus, meus olhos foram deparar numa jovem como praticamente a mesma idade de Ana Carla. A menina só era um pouco mais magra.; entretanto, usava um biquíni vermelho, um shortinhos branco, semitransparente, através do qual se podia enxergar a calcinha vermelha. Ao olhá-la não a desejei como se poderia esperar. Pelo contrário, meus pensamentos foram invadidos com a imagem de Ana Carla. Então revi a cena no ônibus em que meus olhos foram pousar nela pela primeira vez. Em seguida, numa seqüência rápida, embaralhavam imagens de nossos encontros íntimos. Meu coração começou a bater mais rápido e passei a transpirar, uma vez que fazia um calor infernal naquele horário. O sangue, fluindo para baixo, concentrou-se na região dos quadris, alterando-lhe os traços. “Meu deus!, se não transar com a Ana Carla hoje, vou pirar. Se for preciso, a gente roda o Guarujá inteiro até encontrar um lugar, mas sem fazer amor com ela eu não fico! Ah, não fico mesmo!”, pensei.
Embora normalmente passasse todos os dias no mesmo horário, dessa vez o ônibus estava atrasado. E para complicar mais a minha situação, aquela jovem ficava andando de lado para outro, como se desfilasse. Eu tentava não olhar para ela, mas não conseguia. Dir-se-ia existir uma força invisível que me fazia acompanhá-la com os olhos. Por infelicidade, não dispunha de um livro, uma revista, um jornal ou qualquer outra coisa para pregar os olhos e assim me forçar a não ficar olhando tanto para ela. Aliás, desde que acabara a leitura o livro de Nietzsche no domingo ainda não havia me decido qual seria o próximo livro a ser lido. Havia uma lista de pelo menos dez livros que pretendia ler nos próximos meses. Inclusive, este foi o único momento em que minha atenção se voltou para outra coisa. Foi quando pensei: “Em casa, vou tratar de escolher um deles. Não sei se leio o Vermelho e o Negro, O retrato do Artista quando jovem ou Madame Bovary? Dizem que este último é muito bom. Mas dizem que o livro do Stendhal também é fantástico. Ah! Depois eu decido isso”. Em seguida porém meus pensamentos tomaram outro rumo: “Ela está olhando para mim. Será que é gostosa como Ana Carla? As pernas são mais finas.; os seios mais pontudos. Vai ver que é porque ainda não se desenvolveram. Ela rebola um pouco quando anda. Virou para mim. Parece que vai sorrir. A barriginha dela é retinha. Minha Ana Carla é mais bonita. Parece que está tentando chamar a atenção de alguém. Jogou o cabelo de um lado para outro. Ana Carla também faz isso. Será que todas fazem isso? É. Vai ver que é uma forma de chamarem a atenção de avisar que estão disponível. Lá vem meu ônibus. Ainda bem. Já era tempo”.
Em casa, lembrei meu pai de que pegaria o carro mais tarde. Não queria que ele se esquecesse e não deixasse na mão.
-- Depois do serviço, venho rapidinho para pegar ele, pai – falei antes de me dirigir à porta.
-- E você só vai voltar para pegar ele? – indagou ele, sentando-se. Estava deitado no sofá assistindo TV.
-- Só – respondi. – Por quê?
-- Então já vai com ele – sugeriu com amabilidade --.; Não vou sair mais nele hoje. -- Estava descontraído e parecia querer me agradar.
“Estou com sorte. Era tudo que eu precisava”, pensei.
-- Obrigado, pai – falei, ao dar a volta pelo sofá e me aproximar dele. – O senhor é um paizão! – exclamei, dando-lhe um beijo na face. – O senhor não sabe como adiantou o meu lado.
-- Que isso, filho. Também não precisa exagerar – tornou ele, emocionado. Embora tivéssemos um bom relacionamento, essa demonstração de afeto era incomum.
-- É verdade! Assim eu não preciso vir em casa – expliquei. “Não preciso mais sair correndo do trabalho e ficar todo suado. Vai dar tempo de pegá-la. Mesmo assim, vou tentar sair uns minutos antes para sobrar mais tempo”.
-- A chave está aí em cima da mesa – disse, tornando a se deitar. -- Só não sei se tem combustível suficiente – observou.
Apanhei a chave. Respondi-lhe que não precisava se preocupar, pois passaria no posto. Quando estava abrindo a porta da sala para sair, ele ainda me recomendou:
-- Vê se não chega muito tarde, filho. Sua mãe fica preocupada.
-- Tá bom, pai. Não vou chegar – e sai.
“Um problema a menos. Agora é só esperar ela me telefonar. Aí eu digo que vou apanhá-la às seis horas. Saio uns minutos antes. Então vamos ter bastante tempo. A gente pode dar unas voltas antes. E isso! Ótima idéia!”, pensei no carro.
Ana Carla me telefonou às quatro e quinze. Lembro bem. Estava preocupado porque a hora estava passando e nada dela me telefonar. Pouco antes de seu telefonema, quando parei para tomar um café cheguei a cogitar a possibilidade ligar para ela. “Ah, mas não vou me arriscar. Se ela não me ligar até as cinco, ai sim vale a pena correr riscos”.
Foi como imaginei: ela ficou empolgadíssima. Tive a impressão de ouvi-la dar pulos de alegria. Aliás, ela reagiu de uma forma tão espontânea, com uma vivacidade tão grande que cheguei a temer que sua mãe desconfiasse de alguma coisa. Mas quando a perguntei se estava sozinha em casa, ela confirmou:
-- To sim, meu amor. Minha mãe foi na dona Rosinha, aqui do lado, na nossa vizinha. Aí eu aproveitei para ligar para você.
-- Ah, sim! E de bobinha você não tem nada, heim.
-- Claro. Aprendi com você – disse ela, dando risinhos.
-- Então está bom. Não posso falar muito porque estou no serviço -- expliquei. – Vê se não atrasa – recomendei.
-- Não vou me atrasar. Já vou até arrumar a minha roupa e tomar banho – apressou-se.
-- Então até daqui a pouco – falei.
-- Um beijão bem gostoso, meu gato – respondeu ela do outro lado da linha.
Desliguei o telefone e pensei: “É hoje que eu tiro o atraso! Vou deixar ela com as pernas bambas. Ah, mas vou sim. Vou gozar tanto naquela bocentinha, que vai ficar escorrendo tudo pelas pernas dela”.

III

-- Para onde a gente vai? – quis Ana Carla saber. Estávamos indo em direção ao centro do Guarujá.
-- Agora, vamos dar umas voltas por aí, até que escureça. Depois vou te levar até a praia do Pernambuco – expliquei. “pra te pôr contra o muro e te foder todinha, minha putinha. Ainda mais do jeito que você está: toda gostosinha. Essa blusinha de alcinha aí: dá pra empurrar a alcinha pra baixo. Mas dá pra levantar a blusinha também”.
-- Hum... Isso já está me deixando excitada – brincou ela, levando a mão até minha perna e deslizando-a para cima.
“Eu já não agüento mais e ela ainda faz isso? É uma sem vergonha, mesmo! É uma putinha, isso sim. Não pegue nele! Senão não consigo prestar atenção no trânsito. Ainda bem. O sinal fechou. Agora você pode pegar. Que coisinha mais linda, essas coxas!”, pensei.
-- Só de olhar para suas coxas, já fico louco – comentei, desviando rapidamente os olhos das coxas dela para ver se o sinal continuava fechado. “Fechado. Ainda não abriu. Vou acariciá-las”. Levei a mão às coxas dela e a deslizei para frente e para trás.
-- Pára, seu safado, senão alguém pode ver – pediu ela, fechando as pernas e prendendo a minha mão.
-- Vê nada! – discordei, olhando mais uma vez para o sinal. Ainda estava fechado. “Abriu. Vai, tio! Não viu que o sinal abriu? Ou anda ou sai da frente”, pensei ao ver que o senhor no carro da frente demorava a se arrancar.
-- Ah, não é! Olha aí um ônibus bem do nosso lado – percebeu Ana Carla. De fato, por causa do carro à frente, um ônibus aproximara-se quase nos ultrapassando.
-- Ih! Foi mal. Nem tinha reparado – desculpei-me. “Nem me liguei nesse detalhe. Ah, mas tô ficando muito displicente. Qualquer dia desses ainda vou me ferrar por causa disso”, pensei.
O transito estava intenso naquele final de noite.; aliás quase todos os dias, uma vez que é justamente nesse horário – cerca de seis e vinte – que as pessoas saem do trabalho, vão para a escola. Enfim, é o horário de pico. Ainda mais na temporada, quando a cidade é inundada por turistas. Contudo, não estávamos com pressa, embora eu odiasse congestionamento. Ana Carla parecia deliciar-se com todo aquele movimento, sentada ali ao meu lado ouvindo música.
Por falar em ouvir música, uma das coisas que me irritava nela era a mania que tinha de ficar mudando a todo instante de estação. Parecia que seu dedo coçava. Se numa determinada rádio estava tocando uma música que não a agradava ou no intervalo comercial, ela levava o dedo ao dial e mudava de estação. Eu não tinha esse costume. Tinha preferência por uma estação e para onde eu fosse era ela que ouvia o tempo todo. Mas Ana Carla não. Entrava no carro e o dedinho saia à caça de outra estação, mais precisamente dessas que os jovens adoram.
-- Deixe naquela música – pedi. Tocava You needed me de Anne Murray. – É tão linda – acrescentei, quando Ana Carla pressionara o botão a procura de outra estação. Estávamos indo em direção à Enseada. O sol havia se posto minutos antes.

You held my hand when it was cold
When I was lost you took me home


-- É nada – discordou. – É chatona. – Todavia, não tocou no dial.

You gave me strength to stand alone again
To face the world out on my own again

-- Claro que não. É uma música muito bonita – retorqui. – Fala justamente de como a vida da gente pode se transformar, quando alguém passa a fazer parte dela.
-- Ah! Não entendo nada do que ela está cantando.

You needed me, you needed me

-- Por que você não faz um curso de inglês? – perguntei.
-- Acho muito chato. Odeio as aulas de inglês – opinou Ana Carla, mudando de estação. A música havia acabado.
Cruzávamos o morro do Maluf. O trânsito estava lentíssimo. “Ainda bem que não deixamos para vir mais tarde. Do jeito que isso está, vamos levar quase uma hora para chegar ao final. Ainda quero parar em algum lugar para comer alguma coisa. Estou com fome. Uma coxinha, uma coca-cola. Beijar com fome não dá. Mau hálito. A gente fica com. Não. Não posso beijar ela com mau hálito. Não mesmo!”.
-- Você está certa. Na escola é muito chato sim. Eu também não gostava – concordei. “Uma fera. Isso o que ela era. Só de olhar para ela eu já ficava com medo. E quando me olhava por cima dos óculos? E até tremia. Todo mundo tinha medo dela. E quando eu não fazia a lição de casa? Fazia de tudo para não ir à aula. Rezava para ela faltar. Ela nunca faltava, aquela cobra da professora Darci. Ô seu filho da puta! Vai ficar batendo papo ai na frente e atrapalhando o trânsito? Deve ser um paulista folgado. Vai, suas piranhas! Sai daí! Anda! Deixa o cara ir embora. Não vêem que estão atrapalhando? Vou buzinar”. – Mais é um folgado! Pensa que é dono da estrada – falei. Em seguida, meti a mão na buzina.
-- É porque estão passeando. São três rapazes no carro. E a placa é de São Paulo – falou Ana Carla.
As duas jovens, aparentando uns dezoito anos, nos olharam e uma delas fez sinal para aguardarmos. Ambas estavam de biquíni, com a pele queimada de sol.
-- Se querem ficar batendo papo, então estacione.; só não fique parado no meio da avenida segurando o trânsito – reclamei.
-- Talvez eles se conheçam. – supôs.
-- Mesmo assim. Vai ficar empatando os outros. Ninguém é obrigado esperar a boa vontade deles. – Falei com impaciência. “Se não saírem daí logo, buzino novamente. Como é que é, suas cadelas? Vão sair daí logo ou não? Se tão a fim duma rola, entra logo, porque eles estão a fim de comer a xoxota de vocês”, pensei.
Nisso, os carros atrás do nosso começaram a buzinar. As jovens, muito alegres, despediram dos rapazes com beijos no rosto e deram tchau. Eles arrancaram com o carro cantando pneu. “São uns idiotas! Tão errados e ainda ficam bravos. Pena que não tem um policial por aqui”.
-- Mas como eu estava dizendo: na escola o inglês parece muito chato, mas no curso não. A gente aprende de verdade. Além do mais, quem sabe falar outra língua tem outra cabeça, tem uma visão mais ampla das coisas. E até para trabalhar. Consegue-se um emprego melhor e é mais bem remunerado.
-- Ah, não sei não. Meus pais não têm condições de me pagar um curso desses – confessou ela. – Meu pai não ganha muito. E agora até minha mãe vai ter que trabalhar fora para ajudar a manter a casa.
O trânsito havia parado novamente. Por certo, mais algum engraçadinho lá na frente estava impedindo o fluxo de veículos.
-- Pode deixar. Daqui uns dois anos, quando você já estiver me apresentado aos seus pais, eu vou pagar o curso pra você – prometi.
-- Jura que você vai fazer isso? – indagou ela, quase pulando no meu colo de alegria. Ana Carla aproximou-se seus lábios do meu rosto e me deu vários beijos na bochecha. A seguir, acrescentou: -- Te amo, te amo, te amo...
Eu também me senti felicíssimo.; pois se tinha uma coisa que prezava numa mulher era a inteligência e o conhecimento. Quando se pensa em viver ao lado de uma mulher. E sse detalhe é importante: o homem deve se colocar a seguinte pergunta: você acredita que gostará de conversar com esta mulher até na velhice? Tudo o mais no casamento é transitório, mas a maior parte do tempo é dedicada à conversa. Por isso minha preocupação. A chama do desejo se extinguirá com o tempo. Então não restará muita coisa. E depois? Depois o prazer estará na conversa, na troca de idéias. “Se pretendo viver o resto da vida ao lado de Ana Carla, então devo prepará-la para isso”, conclui.
-- Pode ter certeza, minha florzinha. Não quero me casar com um poste. Quero uma mulher que, antes de tudo, saiba conversar – afirmei.
-- E eu? Sei conversar? – tornou ela, demonstrando grande interesse.
-- Sabe, sim – respondi. “Não tanto. Ainda tem muito que aprender. Mas dá para o gasto Não. É melhor dizer isso. Ela pode ficar chateada. Também é novinha ainda. Com apoio e incentivo, se tornará uma grande mulher”.
À medida que íamos chegando ao final da Enseada, o trânsito fluía mais rápido. A fome apertava-me o estômago. Inclusive eu o sentia dolorido e roncar de vez em quando. Por isso sugeri que parássemos numa lanchonete no início da Estrada do Perequê. Ana Carla concordou. Disse que não estava com fome, mas que comeria alguma coisa para me acompanhar.
Passavam das sete e meia.

IV


-- Pensei em te trazer aqui antes, mas aqui é meio perigoso – expliquei-lhe ao descermos por uma rampa e ganhar a faixa de areia. – Só espero não termos nenhuma surpresa.
-- É escuro, né? – disse ela, deixando que o meu braço em torno do seu corpo a guiasse em direção à escuridão, ao desconhecido.
-- É – concordei meio que inebriado. E ao sentir sua cintura em minhas mãos, fui tomada por uma sensação de impotência, como se estivesse unido a ela por uma força incomensurável, uma força incapaz de nos separar.
Fomos caminhando pela faixa de areia, próximo ao muro de concreto. Havia muitos casais por ali, o que me surpreendeu, pois eu esperava um lugar praticamente deserto. Embora afetado por aquela expectativa, inebriado pelo veneno do desejo, pude reparar que um ou outro fora até ali com as mesmas intenções que as nossas. Isso inclusive me deixou aliviado, pois a nossa presença seria quase que ignorada por aquelas pessoas absortas em si mesmas.
-- Vamos parar aqui – sugeri. “Não agüento mais. Só você pode evitar que eu sucumba de desejos”, pensei, “que eu enlouqueça. Ou melhor: você já me enlouqueceu. Tudo isso é a mais pura loucura. Ah, eu te desejo tanto, tanto que daria minha vida em troca da tua xoxotinha, minha florzinha”.
Encostei-me à parede e arrastei Ana Carla.; e ela aninhou-se em meu peito. Em seguida ergueu a cabeça e nos beijamos de uma forma ardente, quase animalesca. Seu perfume penetrou-me nas narinas como uma substância mágica e adorável, capaz de tornar aquele momento ainda mais intenso e inesquecível.
-- Você me ama muito? – perguntou ela, após o beijo, de forma quase plangente.
-- Sim, amo muito, muito! – respondi, tomado por uma satisfação misteriosa, como se sentisse realizado por estar com ela, mas ao mesmo tempo temesse as próprias palavras. “Meu Deus! Perdi o juízo de vez. Estou trilhando um caminho sem volta. Tenho medo de onde isso vai parar”, pensei em seguida.
-- Eu também, meu amor – volveu ela. Pude sentir em suas palavras o prazer das minhas palavras, o efeito que elas causavam em seu íntimo. O sorriso que se seguiu foi como a prova incontestável daquele regozijo, daquele triunfo sobre o meu destino. – Não há nada neste mundo capaz de me fazer tão feliz quanto você – acrescentou ela.
Suas palavras me afetaram ainda mais. O meu corpo vibrante, rijo e desejoso de se unir ao dela apertou-a com brutalidade, como se fisgasse uma presa.; e Ana Carla, frágil, submissa, soltou seu corpo, como se mo entregasse feito um presente. Então, suspendi-o com destreza e facilidade e trocamos de posição. Era o melhor a fazer, pois assim ela se apoiava no muro e minhas mãos ficavam livres, livres para tocá-la e acariciá-la nos pontos mais sensíveis, nos pontos capazes de levá-la a experimentar sensações das mais intensas.
Nossos lábios tornaram a se encontrar. Não podiam manter-se descolados por muito tempo. Havia uma força que os prendiam. E naquele colar de lábios, naquele enroscar de língua um muro invisível, formado pelo negrume da noite, elevou-se à nossa volta. Eu me sentia como se estivéssemos isolados do mundo por aquele manto negro. E ao longe, somente som das ondas quebradiças chegava aos nossos ouvidos.
Talvez tenha sido essa sensação que me fez escorregar a mão por sobre a blusinha dela até encontrar os rijos seios. Então eu os acariciei. Ou melhor: apertei-os com meus dedos quase trêmulos. O beijo porém não foi interrompido. Não era preciso. As mãos sabiam aonde ir e o que fazer – as minhas e as dela.
Não posso dizer com certeza, pois não era mesmo nem capaz de dizer o que se passava a nossa volta, mas acredito que Ana Carla se encontrava no mesmo estado que eu. Afirmo isso porque ao apalpar seus seios, senti em seguida uma de suas mãos agarrar-me a boca da calça. E a outra mão procurava desesperadamente o zíper.
Não demos a mínima para aqueles casais ali tão próximos, até porque eles não poderiam ver claramente o que estávamos fazendo. Ana Carla, enfiou a mão por dentro da minha a calça e com destreza arrancou-me o falo para fora. Lembro-me de pensar: “Agarra ele, minha florzina, agarra! Ele é todinho seu. Tá sentindo ele vibrar na sua mãozinha? Tá? Pois eu quero fazer ele vibrar dentro de você, quero fazer ele te inundar. Isso! Vou fazer minha porra escorrer pelas tuas pernas. Camisinha! Sem não! É perigoso demais. Vou ter que usar. Ai. Não aperta ele assim, puntinha. Você quer me matar? É? Não, não tô agüentando mais. Vou levanta a saia dela”.
-- Pere aí. Vou tirar a calcinha – disse Ana Carla.
Então eu dei um passo para trás e olhei para os lados. Tudo escuro. Mal dava para distinguir um vulto ao nosso lado. “Se eu soubesse, tinha trago ela aqui antes. Agora já sei aonde levar ela, quando não tiver outro jeito. Incrível a facilidade com que ela tira a calcinha. Mexe os quadris prum lado e pro outro e empurra ela para baixo. Só quero ver como ela vai abaixar para apanhar ela. Não. Vou pegar para ela”, pensei. Abaixei-me, apanhei a delicada peça íntima dela. “Bem que podia carregar essa calcinha também. Igual da outra vez. Não, ela não vai deixar”.
-- Olha lá, heim. Não vai levar ela, como você fez daquela vez – apressou em dizer baixinho, quase sussurrando.; – Senão daqui uns dias, não vou ter mais o que vestir. – Sorriu.
-- Pode deixar – respondi, retribuindo-lhe o sorriso. “Eu sabia que ela ia dizer isso!”. – Prometo que não vou levar dessa vez. – Dobrei a calcinha dela e guardei-a no bolso. Num átimo, enfiei a mão no outro bolso e tirei a camisinha. “Já nos arriscamos demais. Não podemos mais brincar com a sorte. É melhor usar isso do que pôr tudo a perder. Vou pedir para ela me vestir. Não. Eu mesmo faço. É mais rápido”.
Olhei para Ana Carla. Seus olhos brilhantes mantinham-se atentos e fixos nos meus quadris.
-- Pronto – falei.
Ana Carla levantou a cabeça e jogou os braços sobre meus ombros e afastou as pernas como se dissesse: vem! Enfia ele em mim por inteiro! Então eu a cerquei pelos quadris com um dos braços. A outra mão eu a usei para ajeitar o teso falo no meio das pernas dela.
Não me lembro de ter pensado em nada nos minutos que se seguiram, embora isso deva ter acontecido. Entretanto, recordo sem muito detalhe de ter somente movido uma ou duas vezes os quadris para trás e para frente antes de penetrá-la. Recordo também – e disso me lembro bem – de vê-la cerrar os olhos e soltar um leve suspiro quando finalmente a penetrei.
Foi uma penetração rápida. Ana Carla estava lubrificada por demais. Pude deduzir isso sem medo de errar. Afinal de contas, qual homem com certa experiência não sabe disso? E mesmo que não soubesse, as circunstâncias falavam por si mesmas. Essa é a grande verdade.
Os braços de Ana Carla prenderam em meu pescoço e os meus em seus quadris com tamanha força que uma separação seria quase impossível. Dir-se-ia termos nos colado um ao outro, nos transformado em um só. Apenas os meus quadris iam e vinham ao mesmo tempo em que nos beijávamos e nos entregávamos da forma mais intensa possível àquela união, àquela comunhão, àquele desprendimento da realidade que só o ato sexual entre dois corpos, duas partes formando um todo é capaz de produzir.
Ah! Como eu queria que aquilo tudo tivesse durado mais, muito mais. Contudo, não havia como. Não dispúnhamos de poder para impedir que aquele ato tão sublime findasse assim tão rápido. Dir-se-ia de uma reação química.; que depois de iniciada não há como interrompê-la. Sim, era isso! Por isso nos sentimos impotente e insignificante diante de uma coisa tão incrível, tão misteriosa, tão inexplicável.; pois e o momento em que a natureza mostra todo a sua força, todo o seu poder.
Cheguei ao orgasmo antes de Ana Carla. E só foi então que dei conta disso. “Ela ainda não gozou. Gozei rápido demais. Minhas pernas estão bambas, mas tenho que continuar. Ela também precisa gozar. Não vai demorar. Está quase lá. Continua. Continua mexendo pra frente e pra traz”. Continuei. “Vai, minha florzinha! Assim. Segura. Faz força. Deixa ele vir. Eu seguro você”. Ana Carla começou a soltar grunhidos, como se tivesse sido arrastada por uma onda de desespero. “Assim... Vai. Aí. Também não precisa me enforcar. Não precisa me apertar tanto”. De repente ela parou e relaxou os braços. E, tomada pelo cansaço, pelo desgaste, parecia quase inconsciente, como se todas as suas forças tivessem se desprendido naqueles poucos minutos. E por alguns momentos, ela ficou assim: abandonada nos meus braços, presa de encontro ao muro, dissolvendo-se.; e sua dissolução fluindo para fora de si, através daquela abertura que embora meio que obstruída ainda sim deixava escapar o misterioso líquido. Foi o que supus ao vê-la naquele estado.
Queria saber o que ela sentiu naquele momento em que abriu os olhos e olhou em direção ao mar. Deve ter sido uma visão esplêndida. Abrir os olhos e ver que o mundo a sua volta continua o mesmo, que toda mudança, toda transformação só se operou nela mesma? Ah, É a sensação mais incrível que existe. Só quem vive uma situação ímpar, tão mágica quanto essa, é capaz de saber. É por isso que me dói imaginar uma infinidade de pessoas que viverão a vida inteira sem experimentar uma única vez algo parecido. O que essas pobres almas pensam quando deparam com a morte? Que conclusão elas chegam? Será que desejariam viver, levar a vida que levaram, da mesma forma, sem mudar nada, sem tirar e nem pôr? Não creio. Devem pensar: se eu pudesse voltar, eu faria tudo diferente. É assim que quase todos nós pensamos. Acho que até eu talvez pensasse assim, embora desejasse viver esses momentos com Ana Carla uma infinidade de vezes.
Ah, mas não é assim que as coisas funcionam. A gente não pode viver essa vida novamente, não tem outra chance. Se não a vivemos quando tivemos oportunidade, não teremos outra. É isso que me entristece. Pois essas pessoas vão morrer sem saber o que é a vida, o que é viver. Passaram por este mundo como se fizessem somente uma baldeação, sem saber que nesse pequenino espaço de tempo do infinito, existe um mundo de beleza, de sensações que para experimentá-las só precisamos desejá-las.
Ah, como eu queria permanecer ali por mais tempo, queria que ela continuasse pendida sobre meus ombros por toda a noite. Mas não era possível. O lugar não permitia, ela precisava ir para casa – e eu também – . Além do mais, meu falo escorregava lentamente para fora do corpo dela. E se não tomasse cuidado, a camisinha podia escapar e então o liquido acumulado poderia entornar e fazer uma grande sujeira, poderia deixar marcas tanto na minha roupa quanto na dela. Eu não queria admitir, mas a nossa missão ali chegara ao fim. Eu tinha que aceitar isso, tinha que compreender que permanecer mais tempo ali era arriscado e não valia a pena. Assim, lentamente fui me desvencilhando dela.
-- Toma! – falei, devolvendo-lhe a calcinha.
Ana Carla pegou-a, olhou para meu falo envolto na camisinha e comentou:
-- Fazer amor de camisinha tem lá suas vantagens: não faz sujeira.
Achei graça em suas palavras e concordei com ela.; contudo, acrescentei:
-- Mas ainda sim dá mais prazer fazer amor sem camisinha. Só que prefiro não me arriscar mais.
-- Nem eu. Por falar nisso, minha menstruação estar por vir, eu sinto.
Quis lhe perguntar como ela sabia disso, mas o cuidado para tirar a camisinha sem entornar o conteúdo me desviou a atenção. “Quanta porra! Está bem cheia. Deve ser porque há dois dias não dou uma gozada. É, deve ser. Vou jogar ela na areia e enterrar. Não vou deixar isso à mostra. E se uma criancinha ver? O que vai perguntar para a mãe? Vai deixar a pobre coitada constrangida. Ih! Ele ainda ficou melecado. Ah! Não tem problema. Estou indo pra casa mesmo! Lá tiro ela para fora e lavo na pia. Não. É melhor tomar um banho. Tá muito calor. Tô todo suado”, pensei. Nisso, Ana Carla já havia se vestido. Estava acabando de ajeitar a saia.

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