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Humor-->É o Máximo - Parte 2 -- 21/11/2001 - 22:38 (ANGEL DRAVEN) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

É O MÁXIMO - Parte II

"Dinheiro é azeite:
onde passa amolece."
(pára-choque de caminhão)

Anjos e Demônios

Quando as palavras mágicas fazem a diferença...

Mister Pôu, como logo ficou conhecido o gringo representante da GGII, hospedou-se no melhor hotel de Itú. O hotel tem nome de anjo: Hotel São Gabriel, e muitos diziam que isso era um presságio. A maioria tinha certeza que era uma “boa nova” e somente Max e o sacristão pareciam discordar. “Não conheço nenhum São Gabriel e além disso Gabriel foi um arcanjo e não um anjo”, comentava o sacristão.
Mas o povo não parecia se preocupar com a diferença entre arcanjo e anjo, nem entre latim e inglês, nem entre anjo ou demônio, e muito menos entre Max e Paul.
E todos queriam falar e conhecer pessoalmente o enviado das Américas, que falava aquela língua estranha, e que prometia o Paraíso terreno. E melhor, em Itú. Alguns já haviam até se candidatado e se auto-elegeram assistentes, “assessores” e auxiliares. Até um segurança particular Mister Paul já tinha, mesmo sem pedir ou pagar qualquer coisa. Era Tião.
Teodorico Fonseca Pereira, o Tião, era um homem de respeito, mais pelo tamanho e musculatura do que pela educação. Sempre trabalhou como segurança de bailes e eventos onde a “força bruta” pudesse ser necessária, nem que somente para impor respeito. E Tião impunha. Não somente respeito, mas também ordem e disciplina, herdadas e aprendidas em seu tempo de soldado do exército. Mesmo que fosse uma ordem absurda e uma disciplina cega.
“O patrão está fazendo o seu brequifésti e depois ele lhe atende”, dizia Tião toda manhã, na porta do hotel, onde pessoas se enfileiravam aguardando Mister Pôu, o poderoso patrão de Tião.
Muitos não sabiam o que era o brequifésti que toda manhã o mensageiro das América fazia, ritualisticamente, e Tião se colocava a explicar, com ares de especialista e confidente:
“O brequifésti é o trabalho que ele faz depois do gudimórni e antes do letisgo. Brequifésti e gudimórni ele faz uma vez só a cada dia, mas faz todos os dias, e sempre de manhã, e não gosta de ser interrompido. Já letisgo ele faz várias vezes num mesmo dia, e com qualquer um, desde que marquem a reunião comigo.”
E todos ficavam na mesma, pensando que atividades tão estranhas e diferentes eram essas três que o gringo realizava todos os dias. Achavam ótimo que Tião entendia e estava por lá para ajudar e organizar. E se admiravam da capacidade dele.
J.Max, também se admirava. E mais ainda, da capacidade que o dinheiro, fama e fortuna têm de virar a cabeça das pessoas. Ainda mais dinheiro fácil, fama nacional e fortuna rápida. Era tudo isso que os “pôuzetes”, como ficaram conhecidos os “assessores” de Mister Pôu, ofereciam e declaravam, vendendo sonhos e desejos.
A capacidade dos pôuzetes em exagerar, aumentar estórias, inventar situações e prometer, prometer descaradamente, não perdia em nada para nenhuma campanha política. E parecia muito mais fácil e simples acreditar que o salvador havia aparecido. Que a eliminação de todos os problemas e a salvação, tinham chegado. Que o paraíso escolhido era Itú, a salvação era um parque temático, que se chamava Liliput, mas bem podia chamar-se Éden, e o salvador era Mister Pôu, o arcanjo mensageiro das Américas.
“Ele deve mesmo ser sobrenatural”, diziam algumas mulheres, “Dizem no hotel que até inglês ele fala”, comentavam outras. “Os anjos falam muitas línguas, minha filha”, diziam as avós. “Não é anjo, ele é um arcanjo, igual São Gabriel”, informavam as mães. “E vai construir um Paraíso igual o Éden, em Itú, com parque de diversões e tudo”, completavam as filhas. “Mãe, o é que Liliputi?”, perguntavam as netas. “Cala a boca menina, se falar besteira de novo de passo pimenta na boca”.
A essa altura dos acontecimentos, o povo estava dividido: prós, neutros e contras. Ou como eram chamados: pôuzetes, muros e foras.
Os “pôuzetes” eram a favor de todas as idéias e condições, e estavam prontos para assinar. Os “muros” estavam indecisos, porque ainda não tinham entendido nada ou o que tinham que fazer para ficarem ricos. E os “foras” eram aqueles que não concordavam porque não haviam entendido ou porque eram estúpidos, e portanto, estavam “fora”.
Pelo menos era assim que todos explicavam, principalmente os “assessores”. Só J.Max não se encaixava em nenhuma das categorias. Ninguém tinha coragem de dizer que ele era dos muros ou dos foras. Mas tinham impressão que “pouzete” ele não era.
E a campanha de “conscientização”, como diziam, continuava. De um lado a “máquina de marketing americana de Mister Paul” e de outro... Max, o David de Itú.
Mister Pôu também solicitou que uma carroça, puxada a cavalos, fosse modificada, instalando-se um confortável banco estofado e com um teto protetor para chuva e sol. Parecia uma carruagem, toda reformada e pitada de preto. “Era assim que ele andava lá na terra dele, em Niuiórqui”, comentava Tião, que também virou chofer. Diziam que Niuiórqui era como o purgatório, para onde iam todas as almas, do mundo todo, em busca de redenção. Itú seria o Paraíso. E onde será que ficava o inferno? Mister Pôu nunca falou, diziam.
E o executivo da GGII passeava por toda cidade após seu fabuloso café da manhã, todos os dias, com seu charuto na boca, parando para conversar com todos os comerciantes e “pessoas de influência”, recomendadas por Tião. Distribuía sorrisos, panfletos coloridos, baforadas e promessas. Já havia aprendido a falar algumas palavras em português: Obrégadu e Dinero! E era tudo que dizia, o tempo todo. E parecia que era tudo que o povo queria ouvir.

(Continua...)
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