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cronicas-->Paixão por Futebol -- 11/02/2001 - 07:30 (IZABEL ROSA CORREA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O frio é intenso. A noite o faz ainda mais forte.Talvez venha geada amanhã.
- Eh! Nando, você está puxando todo o cobertor.
- Sente mais perto Nico e a gente se cobre bem.
Um terceiro menino os interrompe aos gritos:
- Fiquem quietos, desse jeito não consigo ouvir o jogo. De quem foi a falta Peti?

Peti, os olhos fixos na tela da TV, as mãos contorcendo-se e avermelhando os dedos pequenos e gelados, não perde um lance.
- Foi contra o Brasil. E é danada. Vamos ver quem vai bater.
- Ih! Esse argentino cabeludo é bom. Tomara que o Dida defenda.
- Sente e fique quieto. Quero ver.
Poucos minutos e suspiros de alívio.
- E você disse que o cabeludo era bom hein? Passou foi longe.
- Nando, já disse para você parar de puxar o cobertor.
- Eu quero dormir. Não quero ver jogo.
- Pois durma, mas, não puxe o cobertor, senão leva um soco.
Uma sirene se ouve à distància.Os meninos esquecem o jogo, a TV, a briga pelo cobertor. Espiam. O ruído se desfaz e eles voltam a acomodar-se. Ninguém diz nada.
- Que bom que o jogo foi mais cedo hoje, assim podemos ver inteiro.
- É. No sábado passado não deu para ver.
- No sábado nunca dá certo. Isso eu já me acostumei.
Um homem vem à porta. Olha-os, num misto de medo e pena. A voz alta tenta passar autoridade, mas, na verdade é pura resignação.
- Vou puxar o toldo da loja, meninos. Se quiserem ver mais um pouco o futebol pela vitrine, podem ficar, pois ainda vou ficar lá dentro trabalhando. Mas, não quero brigas aqui e nem cola.
- E não tragam outros moleques. Só vocês quatro ou outro dia eu não deixo.
Ele recolhe o toldo, fecha a porta de aço da loja e espia pela vitrine resmungando. Os meninos não falam nada e nem parecem te-lo ouvido. Os olhos arregalados no sonho feito de gols, sucesso e vitória que vem da vitrine iluminada. Não lhes interessa a própria derrota. Ajeitam-se na calçada gelada, unidos aos espectadores presentes na arquibancada. Torcida fiel e ansiosa. O frio é esquecido. O desconforto também. Só a fome incomoda. Quem sabe, se o Brasil fizer um gol, ela também seja mais suportável!



Izabel C.R. Correa - setembro/2000.
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