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Humor-->O SALÃO DO RUMOR -- 08/09/2005 - 09:34 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O SALÃO DO RUMOR



Fernando Zocca


Tia Cris era irmã da Alice, proprietária do boteco onde Edbar B.I. Túrico embriagava-se com freqüência. Um dia, por brincadeira, Van Grogue perguntou à ela, ao pé do ouvido, depois de deglutir o oitavo copo de pinga: "Tia Cris: você não é navio de calado grande e nem flutua em rio de talvegue raso, mas vive encalhada. Por quê?"
Não é preciso dizer que a pobre tia Cris enrubesceu, perdendo completamente o rebolado. Ela já vinha pensando em deixar a irmã, visto que naquele ambiente de botequim sentia-se muito mal.
A tia Cris, apesar de considerar Edbar B.I.Túrico, o mais assíduo cliente do boteco, um chato inaturável, creditava a ele alguns pensamentos condizentes com a realidade daquele mundo cão. Ele achava que: "Quando não existe igualdade, o alívio de uns causa aflição aos outros". Essa frase adequava-se perfeitamente ao que elas viviam naquele boteco dos infernos.
Mas tia Cris, sentiu arrepiar os ralos cabelos claros, dos seus braços finos, quando o velho Van Grogue segredou-lhe na orelha oposta a da antes utilizada pelo Edbar: Nóis é nóia."
Às quartas-feiras, no período vespertino, algumas pessoas do bairro costumavam reunir-se no salão contíguo ao bar.
O matraquear desventuroso daquela gente visava compensar os dissabores das vidas frustradas, por muito desejarem e nada ter. Foi lá que um dia, tia Cris soube do caso de um professor que morava com a mãe e três irmãs. O mestre jovem considerava a presença das demais pessoas um incômodo, pois pretendia casar-se e, por ter baixos salários, morar ali mesmo onde sempre morara.
Mas residir com a esposa naquele ambiente dominado pelas demais senhoras tornar-se-ia por demais desgastante. O consumo da água seria oneroso e não haveria dinheiro que chegasse.
Por isso, o professor resolveu mandar perfurar um poço no quintal.
Os meses passaram rápidos e a tensão entre os moradores da casa aumentava sempre mais e mais. Tudo seguia num crescendo muito intenso, até que num dia chuvoso, o homem irritado, tomando uma arma, atirou nas mulheres, matando-as todas. Para esconder os corpos, jogou-os nas profundezas do poço semi-acabado.
O assassino simulou uma viagem, para o sul do país. Para todos os efeitos ele a teria efetuado antes da consumação do crime. Em Porto Alegre ele foi "informado da ocorrência da tragédia."
Quando retornou, constatou a presença de um grupo de investigadores da polícia civil que tentavam elucidar o caso.
Os policiais logo perceberam o jeito nervoso do homem e começaram, por meio da pressão, leva-lo à confissão. Ocorre que, num momento de descuido o matador, entrando no seu quarto, disparou contra a própria cabeça.
Tia Cris sentiu-se amedrontada com aquela narrativa, abandonou as convivas e correndo adentrou sua casa, que ficava nos fundos de outra. Quando chegou na cozinha viu sua mãe que se preparava para ingerir outra cápsula da medicação psiquiátrica usada por elas.
Cris, desesperada deitou-se no sofá. Como num filme, algumas cenas da sua vida passaram-lhe pela consciência. Desalentada ela pensou em escrever alguma coisa para desabafar.
Ela caminhou pela sala e em solilóquio falava em escrever algumas linhas. Mas tinha uma obsessão: ela deveria escrever sobre um tema universal. Ela pensava e pensava, caminhava e falava. Assustou-se quando, botando a cara na janela Van Grogue disse-lhe de repente: "Tia Cris: o pum também é tema universal".
Boquiaberta tia Cris ainda pode ouvir a pergunta do Van: "Tia Cris, a senhora não é pipoca mas está sempre de branco. Por quê?
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