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Erotico-->O rebaixamento de Plutão -- 26/08/2006 - 20:11 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O rebaixamento de Plutão


Fernando Zocca



Van Grogue suando em bicas sentou-se largando o corpanzil sobre a mureta frontal da escola.
Seus pés estavam inchados e cobertos pela poeira. Os pelos negros das pernas grudados à pele indicavam uma exsudação abundante. Todo o corpo gotejava. A temperatura corporal estava elevadíssima. Quem poderia dizer ser ele fresco?
Grogue lembrou-se do tempo em que quando adolescente ingeria comprimidos de testosterona do mesmo jeito que as crianças de hoje deglutem pipoca. E depois durante as madrugadas, vendo filmes pornôs, saciava a lascívia masturbando-se.
Mas agora, com os joelhos doentes por causa do excesso de peso, tentava sentado ali, recuperar as energias aplicadas à caminhada estafante.
Ele trazia uma toalha alva pendurada no ombro direito. De tempos em tempos alisava o princípio da calva com o pano felpudo. "Que calor!" exclamava ele. "Quente assim ninguém pode me rotular de fresco!"
Van observou a palma da mão direita. Estranho! Grogue nunca soube de caso nenhum de pêlos nascidos nas palmas das mãos. Mas ali estavam eles. Pêlos cresciam encobrindo as linhas das palmas. "Esquisito!" exclamou chateado.
O dedão do pé direito inchado mostrava-se úmido impregnado pelo suor. O chulé evolava-se. Moscas diminutas voejavam lambendo, de vez em quando, o líquido fétido.
Depois de alguns minutos parado, pode Van observar que seu corpo esfriava. Amolecia. Flácidas e frias algumas partes enrugavam. As pelancas ostensivas eram os primeiros sinais do regime severo a que se submetia. Um dos seus desejos mais antigos era aplainar aquele ventre abaulado.
Crianças passavam defronte ao andarilho cansado. Vestindo shorts e camisetas alvas grupos alegres dirigiam-se ao campo vizinho onde "mediriam forças" jogando pelada. "Bons tempos aqueles em que eu também fui criança." pensou ele.
Os últimos passaram mais perto do Van. Perceberam nele um certo ar maroto e por tão pouco acharam oportunidade para chacotear. Aos gritos de "Olha a gazela", alguns ultrapassaram o local ocupado por ele.
Um dos maiores, considerado o tolo dentre todos disse: "Parece geladeira: é grande, branco e gelado. Rá, rá, rá!"
O menor completando o chiste respondeu: "A toalha serve prá enxugar o gelo derretido. Rá, rá, rá!"
No princípio Grogue não percebeu que a molecada estava tirando o maior sarro na cara dele. Achou que brincavam com outra coisa qualquer. Mas logo o bobo distinguiu. Pode perceber que os guris zoavam-no.
O pobre Van passando a toalha branca (naquela altura dos acontecimentos parecia marrom) pelo rosto suarento, arrastou as gotículas do visgo pegajoso. Vendo o pano encharcado, ele pensou em não mais se expor daquele jeito na rua. Essa nova geração não respeitava nem mesmo os próprios pais quanto mais a ele um solteirão frustrado desejoso de satisfação libidinosa.
Quando se preparava para levantar-se e prosseguir a caminhada dolorida rumo ao banho frio que o aguardava, ouviu a conversa das duas jovens apressadas que se dirigiam à pista de Cooper vizinho. Uma delas dizia: "Era só o que me faltava: Plutão foi rebaixado! E eu que nasci sob o signo de escorpião sou obrigada a engolir que o meu regente não é planeta. No máximo um planeta anão. Pode uma coisa dessas?"
Grogue sentiu vontade de chorar.
Ele passava por momentos tão difíceis que se comparava aos benjamins: todo mundo queria enfiar nele aquelas astes duras e duplas. Mas não tinha nada não. Se lhe enchessem muito a paciência mudaria de cidade. Sentia ter condições de criar uma seita enérgica. Seria tão ou mais poderosa que a maligna do pavão-bem-louco. Van já tinha até o nome. Seria a seita do resbolão.
Para ingressar nos seus quadros o candidato tinha que ter dentre outras, duas facetas consideradas primordiais. A primeira era: ser onanista. A segunda consistia em poder engolir comprimidos tal qual se deglutem grãos de amendoim na pracinha do coreto.



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