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Cronicas-->O ÓCIO DE UMA TARDE NO PONTÃO -- 23/05/2008 - 02:08 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O ÓCIO DE UMA TARDE NO ROMÂNTICO PONTÃO NO LAGO SUL
Jan Muá
22 de maio de 2008

Brasília é uma linda cidade turística com muita novidade arquitetónica, social, cultural e gastronómica.Aproveitando o vazio do feriadão, saiu para a rua sem destino. No caminho decidiu que iria desta vez relaxar um pouco no Pontão. Só para variar. Pegou o guia turístico. Vestiu um calção, e uma camiseta. Calçou um tênis branco e foi passear com intenção de armar em repórter. Com esta visita desejava continuar um ciclo de reportagens especiais sobre alguns dos símbolos mais representativos da capital brasileira. Estivera há dias no moderníssimo aeroporto JK que lhe lembrou com nostalgia o poder de suas asas. Visitou depois a Igrejinha de Nossa Senhora de Fátima para dar vazão à sua transcendentalidade e ao poder de superar-se. Agora estava no Pontão, na companhia dela. Sempre a levava com ele, já desde tempos antigos, anteriores à entrevista que fizera ao anjo que encontrou em plena Candangolàndia.
O Pontão do Lago Sul está localizado ao lado da Ponte Costa e Silva no Lago Paranoá, e já se transformou há muito tempo em consagrada área de lazer sendo hoje uma área nobre e de luxo em Brasília. Tem uma mística romàntica este pontão. Tem paisagem, urbanização avançada, bons restaurantes, ambiente de tranquilidade. É um lugar bem arrumado, com estacionamentos, parques e jardins, lanchonetes e parquinho infantil. Voltado para o Lago serve como observatório das cabriolas que fazem os jetski
e tem música ao vivo no Bargaço. Lá mais ao fundo dá para ver a ponte triárquica JK, em moldura, frente aos vários clubes. Do outro lado sobressaem as silhuetas do Cota Mil, as instalações do Asbac, do Banco do Brasil, da Marinha. À direita, bem perto, o parque denso e silvestre da antiga Península dos Ministros. O sol está vivo e dardejante e se reflete no rosto das águas. Os olhos se espraiam pelo tapete brilhante das águas levemente tocadas pela ondulação. Romanticamente, na beleza do quadro, os pensamentos vão e vêm, levitando fantasiosamente por aqui rememorando Quintana, Drummond e Rubem Alves, à mistura. Ela está atenta. Acompanha o movimento mas dá a impressão de pensativa, recolhida. Desta forma, só ele registra a crónica que ela lerá depois com mais atenção quando for produzida a forma escrita. Por agora, são os olhos que comandam o processo da recolha de dados. Ao mesmo tempo que prepara sua reportagem, ele a olha com carinho e adivinha seus desejos. O garçon do Bargaço vem trazer um sorvete misto de creme, chocolate e morango, três bolas distintas misturadas no copo, como se fossem um napoletano. Ela continua pensativa mas sabe onde está. Dá uma atenção especial às crianças que se divertem, olha os carros que passam, detém-se nas águas marulhantes do lago e sonha.
O ambiente burguês é o que impera ali. As cadeiras metálicas recobertas de vime. Os carros que rodam por aqui são geralmente novos, últimos modelos. Há espaço e circulação livre. Cabelos louros, pretos e brancos marcam os pontos da observação. O que manda no pedaço é a lei do ócio. Feriado recomenda passear descontraído, a pé. Se possível, caminhar. Fica mais barato e é mais romàntico. Mas os olhos acodem até mais longe, até ao belo azul das águas, onde as lanchas se movimentam em ritmo lento, em passeio.
Ele continua trabalhando, com ela ao lado. Sentados numa mesa de frente para o Paranoá, admiram as palmeiras marginais, em especial aquele tipo de folha fanada, com grandes cachos pendentes e tranças de coquinho que promete estar apto a comer muito em breve. As palmeiras ajudam a compor o lado agradável e urbanizado do local. No fundo, ela sabe que este pontão liga as duas margens do lago de Brasília: a norte e a sul. É pontão porque é um ponto de lazer de alto nível. Mas é pontão também por ter ao lado a ponte Costa e Silva e por servir de elo de união entre as duas margens do lago. Pontão funciona aqui como ponto de ligação ou de encontro de duas partes separadas. O que está separado pode encontrar-se através da ponte. Ora a ponte em si é uma das mais antigas instituições humanas. Entre as várias funções das pontes está aquela que nos mostra que elas superam e colmatam o hiato das águas tormentosas. Elas viabilizam a continuidade das pistas, das margens. Elas unem as águas, eliminam precipícios, cobrem leitos de rios tumultuosos, como aqui. Em sua posição estratégica, o pontão proporciona horizontes aprazíveis e sonhadores. -Lindo o mundo que Deus criou, exclamava o ancião da mesa ao lado. -Feliz a inteligência dos homens que descobre e organiza assim, de maneira tão bela, os espaços do mundo, onde se respira vida, liberdade e agradabilidade.
E por ali foram curtindo a tarde. Quando regressaram, era hora de as garças brancas se apinharem nas árvores das margens do lago.Tornara-se uma tarde nostálgica, mas cheia de interesse. Pelo profundo significado deste pontão que virara um símbolo aberto da ligação que para sempre uniria os dois. Nas mesas ao lado havia pessoas com suas histórias específicas. Famílias e pares com matéria para crónicas complexas. Entretecendo tudo isto, o sol, a luz, o pensar dele, o pensar dela, o sentir e as circunstàncias de cada um explicavam todas aquelas histórias, as quais sobrepunham, num tecido estreito, todos os fatos, todas as existências, todas as histórias, numa unidade que fazia a essência jornalística de cada história. A história do personagem que o repórter escolhera para matéria de sua crónica também.
Jan Muá, 22 de maio de 2008
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