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Cronicas-->Não haverá quem se insurja -- 23/05/2008 - 17:13 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Tribuna, 22 Mai - Coluna do Carlos Chagas

Não haverá quem se insurja

BRASíLIA - Inscreveu-se como uma das mais belas peças da literatura universal a carta escrita por um pastor evangélico alemão, no auge da truculência do regime nazista em seu país. Ele começava dizendo que um dia a polícia ocupou sua cidade para prender os judeus. Não fez nada, porque não era judeu. Depois, levaram os comunistas, mas ele não era comunista. Em seguida foi a vez dos liberais, que ele também não era e, por isso, não reagiu. Logo pegaram os católicos, mas o pastor continuou em silêncio por não ser papista. Quando veio buscá-lo, não havia ninguém para protestar.

Guardadas as proporções, e invertendo o raciocínio dos lamentos acima referidos, encontra-se nossa sociedade mais ou menos como a alemã, nos tempos de Adolf Hitler. Quem se insurgirá contra a truculência do terceiro mandato? A massa de oprimidos e abandonados que agora recebe o bolsa-família? Nem pensar, está comprando mais.

Os trabalhadores qualificados, cujas centrais sindicais de onde provém o presidente da República conseguem garantir ao menos reajustes salariais iguais à inflação? Por quê?

A vasta parcela de desempregados que assistem, mesmo lentamente, à criação de novos empregos? Não podem perder a esperança.

A classe média, ainda que sufocada por impostos, taxas e contribuições, recorda os tempos muito mais bicudos da inflação desmedida. Ora, melhor trocar de carro, todo ano, no purgatório, do que andar de ónibus no inferno.

Poderiam insurgir-se as elites, faturando cada vez mais, agregadas ao sonho de tornarem-se potentados universais através da especulação na bolsa de valores? Jamais.

Os próprios, ou seja, os potentados, banqueiros e especuladores, felizes em integrar-se ao capital internacional, mesmo que seja à custa da soberania nacional, vão aplaudir.

Mas tem mais.
Protestariam contra o terceiro mandato os funcionários públicos, certos de que hoje basta deflagrar greves, mesmo injustas e inexplicáveis, para ver o governo cedendo às suas exigências?

As centrais sindicais, tendo aberto mão das reivindicações do trabalho diante das manhas do capital, estão satisfeitas em participar da lambança de desvios de verbas, fundação de ONGs fajutas e comissões sobre empréstimos oficiais para prefeituras, por elas agenciados. Teriam coragem de contestar as maracutaias?

Não adianta lembrar movimentos sociais do tipo MST e penduricalhos, todos bafejados com a impunidade e a distribuição de cestas básicas.

Os partidos políticos, acomodados à sombra de benesses, nomeações, sinecuras e sucedàneos, vão desenvolver esforços para mudarem de lado e ligar-se ao PSDB? Será apenas trabalho desnecessário mudarem de campo, se o resultado que desejam é o mesmo.

Há quem diga que o Judiciário não aceitaria e que o Supremo Tribunal Federal consideraria inconstitucional o plebiscito e a emenda consequente. Sonho de uma noite de verão, porque, dos onze ministros do STF, oito foram nomeados pelo presidente Lula, até o ano que vem talvez nove.

As forças armadas? Ora, engolindo sapos em posição de sentido, elas lutam pela própria sobrevivência, cumprindo a Constituição. E se a Constituição for alterada de acordo com as regras democráticas, como já foi tantas vezes ditatorialmente, irão rebelar-se? Para os militares, tanto faz se o presidente é o Luiz, o José ou o Fernando. Batem continência, pelo menos enquanto não mexem na hierarquia que cultivam como seu derradeiro refúgio.

A Igreja? Numa hipotética hora em que a CNBB se rebelasse, anos decorreriam antes que alguém pudesse decifrar seus textos esotéricos que a gente nunca sabe se aceitam ou rejeitam qualquer iniciativa. Em se falando das igrejas evangélicas, com todo o respeito, se continuarem dominando a mídia, por obra e graça do governo, nem se incomodarão com o resto.

Por último, a grande esperança do cidadão liberal e democrata: os meios de comunicação botarão a boca no trombone, denunciarão o que parece um golpe de estado e levantarão a opinião pública? Sabemos que não existe opinião pública, mas opinião publicada, e que os barões da imprensa jamais ficaram contra o poder, qualquer que seja ele. Jornais, rádios e televisões encontrarão uma forma de trocar concessões, empréstimos e publicidade pelo respaldo a tudo o que vier de cima. Ou terá sido diferente, desde que D. João VI chegou ao Brasil?

Em suma, não haverá uma só instituição que possa obstar a abominável corrente da permanência do Lula por mais um mandato. Um só? Essa é outra história, ainda que os Silva não se aproximem dos Bragança, por questões de berço. Existe apenas uma força capaz de obstar o terceiro mandato, força intrínseca na qual alguns sonhadores ainda acreditam: o próprio presidente Lula. Haverá, no entanto, um ser humano capaz de tamanho sacrifício?


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