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Erotico-->A MENINA DO ÔNIBUS II - Cap. II(j) -- 04/09/2006 - 14:15 (Edmar Guedes Corrêa****) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A MENINA DO ÔNIBUS II - Capítulo II(j)

Olá queridos leitores,

Vocês que acompanharam a história de Ana Carla em “A MENINA DO ÔNIBUS”, poderá a partir de agora conferi também alguns capítulos extras que farão parte do livro a ser publicado futuramente, assim que o livro estiver pronto.

Seguindo a ordem dos capítulos que foram publicados aqui na Usina de Letras, o capitulo a seguir é um capítulo entre II(i) e III da segunda parte. Para ficar mais fácil a localização, resolvi chamá-lo de capítulo II(j) para não confundir os leitores. Para ler o capítulo II(i), clique [aqui]

Abraços,

Edmar Guedes Corrêa

Se quiser saber como tudo começou, então clique em: A MENINA DO ÔNIBUS

II(j)
I

A ausência de Ana Carla nesses últimos dias fez com que eu chegasse a uma conclusão definitiva, embora isto estivesse bem claro há algum tempo: estou apaixonado pela primeira vez na vida. E você sabe que isso me assusta? Falo dessas coisas agora porque estou me sentindo como um estranho.
Estava diante do espelho fazendo a barba. E enquanto isso olhava para o meu rosto e parecia que aquela pessoa não era eu. Não que a imagem fosse diferente, não nada disso. Mas era como se uma outra pessoa tivesse se apossado do meu corpo, alguém completamente diferente do que eu era. E eu ficava me perguntando: “Como pude mudar tanto assim? Tudo que eu pensava e acreditava acerca do amor foi por terra. Como pude cair numa arapuca dessas?”. Então eu me via refletindo sobre o amor, esse sentimento arrebatador, cantado em versos e prosa desde o início dos tempos. E minhas reflexões muitas vezes confusas, pois eu não entendia direito o que se passava comigo, deixavam-me ainda mais assustado, com medo do futuro. Era uma sensação que jamais tivera até então.
Digo isso porque realmente estava com medo, temeroso pelo futuro daquele estranho em meu corpo. E se de um momento para outro aquele sonho se transformasse em pesadelo? “E se Ana Carla por algum motivo não quiser mais saber de mim? O que vou fazer da minha vida? Como vou conseguir viver sem ela?”, perguntava a mim mesmo ao deslizar a lâmina com suavidade pela face coberta pela espuma branca do creme. E ao me fazer essas perguntas, um friozinho percorria-me a espinha de cima abaixo, deixando-me os pêlos espicaçados, como se essa possibilidade fosse mais real do que eu mesmo queria admitir.
Eu tentava imaginar o futuro sem ela, mas era impossível. Era como se meu corpo, meu cérebro não aceitasse nem mesmo essa idéia. Era como se eu tivesse tão envolvido, tão dependente desse relacionamento que meu cérebro agindo por contra própria não deixasse que supusesse tal coisa. “Meu deus! Não acredito que me apaixonei a esse ponto! Tornei-me escravo de meus próprios sentimentos. Já não sou nem mais dono do meu próprio destino. Estou preso, amarrado a ela como seu cãozinho de estimação. Tudo que ela desejar e me pedir eu vou fazer. Não vou ter forças para recusar, para lhe dizer não.; mesmo achando uma loucura”. E ao pensar nessas coisas, coisas impensáveis até pouco tempo, descuide-me e acabei me cortando o pescoço. Foi um cortezinho à toa, mas o suficiente para sangrar. “Viu o que você fez? Culpa sua, minha florzinha! Fica me deixando assim, me enlouquecendo. Tô me sentindo horrível. Por que você foi fazer isso comigo? Por que fui me apaixonar? Eu só queria uma foda, tirar o seu cabacinho, nada mais. Por que fez isso? Para se vingar de mim, por ter te seduzido? Pois então você venceu. Eu me rendo. Se era fazer com que eu me enlouquecesse, perdesse o juízo por você então fique sabendo que você conseguiu. Agora não me faça sofrer. Odeio sofrimento. Acho tão repugnante. Não me faça passar por isso, por favor! Meu deus! O que estou dizendo? Que isso! Não. Pare com isso! Não banque o idiota sentimental”, pensei com o coração apertado, doido e perdido.
Ao terminar a barba, entrei no chuveiro.
-- Não demore, filho! – pediu minha mãe batendo na porta. – O jantar está pronto. Senão a comida esfria.
-- Tá mãe – respondi. Acabara de ligar o chuveiro.
Durante o banho pensei em me masturbar. Por que não fazê-lo? Há três dias que não transava com Ana Carla e meu corpo já demonstrava sinais, reações naturais à abstinência. Excitava-me com facilidade e meus pensamentos recaiam na libidinagem com mais freqüência e até mesmo nos momentos menos propícios. Além disso, uma ligeira falta de humor se fazia visível. Mas pela primeira vez entretanto não consegui. Isso mesmo! Não consegui me concentrar suficientemente para chegar ao gozo.
Não sei explicar ao certo o que aconteceu. Lembro-me de tentar me concentrar em algum tipo de fantasia com Ana Carla. A princípio consegui inclusive a ficar excitado com o fissionar da mão para frente e para trás, todavia, as cenas que se formava em meu cérebro desfaziam-se rapidamente, como se uma interferência externa as fizessem desaparecer por alguns instantes. Era só por uma fração de segundo, mas tempo suficiente para ter que começar tudo de novo. O falo continuava teso.; a mão o fissionava para trás e para frente, mas de uma forma mecânica, sem causar prazer. Então eu comecei a perder a paciência, a ficar irritado por não chegar até o fim. Tentei pensar em Maria Rita e até mesmo em Roberta.; sem resultado algum. Como última tentativa, resolvi pensar em Fábia, uma garota com quem sai cerca de um atrás. Lembrei-me dela porque ela foi a garota mais sem pudor com quem sai até hoje. Embora tivesse só dezoito anos, dizia gostar de ser tratada com a mais puta das mulheres. E a primeira cena que me veio à memória referia-se a um sábado qualquer em que ela me arrastou para o motel. Estava ela na cama, de quatro pedindo-me para penetrar-la com violência no anus, puxar sua longa cabeleira para trás e beliscar o bico de seus seios. “É isso que você quer? Então toma sua puta safada, rameira de bordel de quinta categoria!”, disse em pensamentos enquanto revia aquela cena.
Por alguns instantes, consegui me manter abstraído naquelas lembranças, naquelas imagens fluindo dos recantos mais esquecidos do meu cérebro. E o gozo parecia cada vez mais próximo. Mas foi essa possibilidade, essa quase certeza a responsável para demover-me do estado de absorção. Ao pensar que dessa vez conseguiria, perdi a concentração. E em seguida, veio-me a lembrança de Ana Carla e a sensação de culpa, como se eu a estivesse traindo em pensamentos, como se estivesse cometendo um ato imperdoável e sendo desonesto para com ela.
Ah, querido leitor! Minha irritação chegou a um ponto onde não havia mais o que fazer. Mesmo que tentasse mais uma vez, não me seria mais possível atingir a concentração necessária. Pela primeira vez não me foi possível chegar ao gozo numa masturbação. E irritadiço, pensei: “Porra! O que está acontecendo comigo? Nem uma punheta consigo bater? Isso só pode ser culpa da Ana Carla! É ela que está me deixando assim, só pode!” e em seguida acrescentei: “Merda! Agora vou ter que ficar com vontade, com o pau esfolado e sem ter conseguido nada!”. De fato, devido às sucessivas tentativas, o falo tornara-se sensível, com certo ardor em contato com a água.
Naquele momento esse incidente só não me deixou mais chateado e inconformado porque minha mãe bateu novamente à porta do banheiro dizendo:
-- Filho! A janta vai esfriar.
Surpreso, atrapalhado, com o coração palpitante e as faces rubras, como se minha mãe vira ou soubesse o que estava eu fazendo, respondi:
-- Tô indo. Já acabei.
Desliguei o chuveiro e me troquei com rapidez.

II

Dormi muito mal a noite passada. Lembro-me de rolar de um lado para o outro enquanto as horas avançavam. Cheguei inclusive a consultar o relógio uma dezena de vezes. Houve um momento – lá pelas duas e meia da madrugada – que pensei que não conseguiria mais pregar os olhos. Ah, como eu me sentia irritado, impaciente e esbravejava contra tudo e todos pela minha insônia! Um mísero som de automóvel cruzando a rua adjacente ou mesmo a voz dum pedestre era motivo para impacientar-me e amaldiçoar o responsável por aquele som, como se fosse o culpado por não ter conseguido dormir. Era como se ele não tivesse o direito de estar trafegando na rua àquela hora.
Mas finalmente consegui adormecer.
Quando acordei nesta manhã de sexta-feira para mais um dia de trabalho, meus olhos denunciavam as poucas horas de sono. “Pronto! Agora vou ter que trabalhar com essa cara de quem não dormiu à noite. Aposto como vão perguntar o que estava fazendo a noite para chegar com essa cara. Só espero que não soltem gracinha, porque não estou com paciência hoje”, pensei ao escovar os dentes.
Mas cheguei ao trabalho mais disposto. A xícara de café antes de sair de casa me fez bem. No entanto, a secretária não deixou de comentar pouco mais tarde:
-- A noite foi boa, heim!
-- Boa porra nenhuma! – respondi de forma rude. – Não estava me sentindo bem – acrescentei.
-- Ah! – fez ela com escárnio, deixando escapar um sorriso malicioso. Isso inclusive levou-me a supor a que ela me alfinetaria com insinuações acerca de Ana Carla, contudo se pensou não chegou a preferi-las.
A mesma sorte não tive ao deparar com Antunes. Embora não passasse de um garotão, era um rapaz esperto, daqueles que pescam as coisas no ar. E ao notar meu semblante, perguntou jocosamente:
-- Que cara é essa de quem está sem dormir desde ontem? Não foi aquela sua prima bonitinha que teve aqui outro dia que te deixou assim, né?
-- Claro que não! Tá maluco? – falei com ar irritadiço, demonstrando ofensa com a pergunta. Mas o que me irritara mesmo não foi tanto a insinuação e sim a forma de se referir à Ana Carla. Ao vê-lo chamá-la de “priminha bonitinha”, fui dominado pelo ciúme, como se Antunes tencionasse dar em cima dela. Nisso, veio-me à memória os pensamentos de segunda-feira aqui neste mesmo lugar, onde imaginava Antunes dando em cima de Ana Carla. E estes pensamentos acabaram me levando a outros onde pensei: “Não acredito! Ciúmes de novo? Só posso está ficando maluco. Só pode. Meu deus! Aonde isso vai parar? Não consigo nem mesmo ter controle sobre meus sentimentos. Se continuar assim, em breve terei ataques cérios de ciúmes feito uma mulherzinha apaixonada, uma idiotazinha qualquer”.
-- Desculpe-me. Não quis ofender – interrompeu-me ele surpreso com minha reação os meus pensamentos. – Só estava brincando – acrescentou.
-- Não. Tudo bem – tornei mais calmo, tentando ser amável.
Por fim Antunes levou a coisa na brincadeira e eu também, embora por dentro a antipatia e a irritação com o colega e a sensação desmedida de posse me consumissem por dentro. Era uma sensação nova, estranha, como se um poder irracional se apoderasse de mim, algo que não sentira até então. E confesso, amigo leitor, que fiquei deveras assustado minutos depois quando me dei conta do ocorrido. Lembro-me de, por uma fração de segundos, sentir vontade de me atirar em cima dele e agredi-lo. Foi como se um instinto animalesco, totalmente irracional brotasse não sei de onde e nem como e me igualasse aos demais animais, cujo instinto de sobrevivência fazia com que matasse o oponente para defender quinhão de alimento. Não sei se nesse impulso de querer agredir o amigo havia algo semelhante ao instinto de sobrevivência, no entanto, era como se estivesse para perder uma preciosidade, cuja falta me tornaria a vida insuportável.
E nem mesmo a concentração nas aulas, a atenção para com os alunos foi capaz de dissipar definitivamente aquela sensação. De quando em quando, num momento de distração, lembrava-me das palavras do colega de profissão e então a sensação de ciúme tornava a ressurgir feito uma fênix.
O que me fez definitivamente esquecer esse episódio foi o telefonema de Ana Carla. Ela me telefonou por volta das onze horas. Até achei estranho porque havíamos nos falado ontem e ela disse que me tornaria a telefonar só à tarde de hoje.
Quando atendi e ouvi sua voz, senti um frio correr pela espinha. Por um momento tive a sensação de que acontecera algum ruim. Ela nunca me ligava antes do horário combinado. E se estava me telefonando, era porque tinha acontecido algo, algo que precisava me comunicar urgentemente. Todavia, temi à toa. Não se tratava de nenhum acontecimento ruim. Ela só estava me ligando para me tranqüilizar e dar a boa notícia:
-- Minha menstruação veio – disse ela eufórica, como se essa notícia fosse um indulto para me livrar da forca minutos antes da execução.
-- Que notícia maravilhosa. Isso tira um peso das minhas costas – falei, quase dando pulos de alegria. “Escapamos mais uma vez. É. Parece que a sorte anda do nosso lado. Estava com medo. Muito medo mesmo. Bem. Mas acabou. Um problema a menos. Só não podemos correr mais riscos. Ta ouvindo, seu safado? Nada de se enfurnar na xoxotinha dela sem camisinha, ouviu? Bem. Entrar um pouco até pode, mas nada de gozar lá dentro. Ta ouvindo? Senão vai ficar sem ela”, pensei comigo mesmo.
-- Da minha também – concordou ela.
Embora estivesse na sala de aula, diante de quase vinte alunos, não pude esconder a felicidade. E meu coração palpitava de uma forma como se fosse soltar pela boca. Na verdade, esqueci por alguns instantes onde estava, tanto que comentei:
-- Não quis te dizer nada, mas estava morrendo de medo de você estar grávida. – Só então percebi os olhares espantados e inquiridores quase todos os alunos em minha direção. Isso me deixou desconsertado, o que me fez sair da sala pensando: “Que mancada! Ficaram curiosos. Ainda bem que não entenderam nada. Espero que ela também não venha caçar assunto, sua baleia”. Estava olhando para a secretária que também me fitava. Contudo, não me importei e acrescentei: -- Se você, minha florzinha, estivesse, eu estaria ferrado.
Daniela esbugalhou os olhos, talvez tentando adivinhar o que e com quem estava ao telefone. Não sei se sua capacidade de associação foi suficiente para juntar uma coisa com a outra. Acredito que não. Ela não parece ser esse tipo de mulher, até porque se fosse estaria numa posição melhor na empresa e não como uma simples atendente, embora a maioria de nós a considerasse na mesma posição das outras duas secretárias, cuja autonomia e salário eram maiores. Também, se chegou a concluir alguma coisa, não disse nada. Até porque não prolonguei a conversa com Ana Carla por mais tempo. Expliquei-lhe:
-- Tô dando aula agora. Vou ter que desligar. A gente pode se encontrar mais tarde? – perguntei.
-- Pode sim. Que horas?
-- Seis. No anexo secreto.
Em seguida nos despedimos e voltei para a sala. Ao entrar, os alunos me atiraram outro olhar de interrogação. Diante daqueles olhares e com a intenção de passar uma borracha em tudo, desculpei-me:
-- Foi mal, gente. Mas vamos continuar com matéria.

III

Meu estado de contentamento durou todo o dia. Às vezes, até tentava esconder essa excitação, essa euforia desmedida, contudo não conseguia. Meus alunos perceberam a mudança de espírito após o telefonema e houve um momento em que surpreendi duas alunas cochichando a meu respeito. Lembro-me de uma delas sussurrar para a amiga que eu estava apaixonado. A outra concordou e de imediato inquiriu a amiga:
-- Será quem é ela? Alguma aluna?
-- Talvez – respondeu a primeira.
Nisso, virei em direção a elas e, surpreendidas, calaram-se.
Em casa, quando fui almoçar, meu comportamento não passou despercebido aos olhares perquirentes de minha mãe. Sem a menor cerimônia, esperou que eu sentasse à mesa, onde ela e meu pai me aguardavam, perguntou-me:
-- O que aconteceu para toda essa alegria? Você até parece outra pessoa.
-- Nada, mãe – foi o que respondi enquanto me servia.
-- Nada? Sei – fez ela, olhando com desconfiança. – O que você e sua namorada estão aprontando? – insistiu ela.
-- Não é nada, mãe. Já disse – respondi.
-- Deixe o menino em paz, mulher! – exclamou meu pai. – Tá vendo que ela não quer dizer?
Olhei para meu pai e dei um sorriso. Foi uma forma de agradecê-lo por me ajudar a sair daquela situação, mas pelo seu olhar e discreto sorriso que me retribuiu deve ter pensado outra coisa. “Esse velho não tem jeito. Já está pensando besteira”, pensei.
-- Você não esqueceu do que prometeu não né, filho? – perguntou minha mãe, mudando de assunto, embora me colocando novamente contra a parede. E o pior que dessa vez meu pai não poderia me ajudar.
Olhei para ela com rubor e antes de abrir a boca, disse para mim mesmo: “E agora o que faço? Tenho que dizer alguma coisa, inventar uma desculpa. Senão não vai me deixar em paz”.
-- Vou ver se trago ela aqui na semana que vem ou na outra – prometi.
-- Traz ela no sábado para jantar conosco. Vou preparar um jantar especial – empolgou-se ela, tornando-se mais receptiva e atenciosa não só comigo como também com meu pai.
-- Vou falar com ela – declarei.
Ao deixar a mesa, pude sentir um clima descontraído, como há tempos não via. E enquanto escova os dentes, cogitei: “Será que foi por causa da minha felicidade? Será que é tanta assim que contagiou eles, ou foi porque prometi trazer Ana Carla na próxima semana? É, tive que mentir de novo. Não sei mais o que faço. Estou ficando sem saída. Vou ter que pensar numa urgente. Não posso esquecer. Conversar com Ana Carla sobre isso. Talvez ela tenha uma idéia. Os adolescente de hoje em dia em uma mente fértil. São mais esperto que os adultos. É. Ela pode ter alguma. E é bom que tenha mesmo. Não vou conseguir enrolar os dois por muito tempo. Ainda bem. Não desconfiam de nada. É. Poder ser por isso que estão felizes. É bom ver os velhos assim”.
De fato estavam diferentes. Minha mãe mais uma vez foi amabilíssima comigo ao me despedir dela para retornar ao trabalho. Chegou mesmo a oferecer um pedaço de doce de leite. Após a minha recusa, perguntou:
-- Quer que a mamãe faça algo de especial no jantar hoje?
-- Não, mãe. Como o que tiver. A senhora sabe que não sou fresco para comer.
A mesma amabilidade encontrei no meu pai deitado na sala com os olhos pregados no noticiário da tarde. Ao despedir-me, disse:
-- Vá com deus, filho. E diga a sua namorada para cuidar bem do nosso filho. – Ao proferir essas últimas palavras em tom de brincadeira, deu-me uma piscadela, como se soubesse que não só me encontraria com ela mais tarde como também aprontaríamos alguma travessura.
Retornei ao trabalho achando graça de suas palavras. “Esse meu pai! De bobo o velho não tem nada. Vai ver que era justamente isso que ele fazia com a minha mãe. E agora pensa que faço também. Ah, se ele soubesse a verdade! O que ando aprontando. Será o que ia dizer?”.

IV

A minha ansiosidade desmedida não fui capaz de contê-la. Não consegui nem mesmo evitar a falta de atenção, a displicência e até um distanciamento exagerado dos alunos, como se não ligasse a mínima para eles, como se de um momento para outro todos os laços que nos uniam quebrara-se. Eles estavam ali necessitando de minha atenção e dedicação para ensinar-lhes a operar um computador, embora nos dias atuais isso não já não fosse tão difícil assim, e não me preocupava com eles.; só pensava na minha Ana Carla, só me comprazia com a felicidade de ter-me livrado dum fardo pesado. Pois a gravidez de Ana Carla era o fardo mais pesado posto sobre meus ombros até então.
Sim. Eu sentia uma felicidade quase completa, um paroxismo, um enlevo sem explicação. Aliás, nem mesmo eu saberia explicar o meu estado emocional, essa afetação desmedida. Eu não saberia informar se a causa dessa mudança de espírito era tão somente devido a noticia da não gravidez ou se também era por causa do encontro que se daria dali a pouco. Talvez a causa fosse tanto uma coisa quanto outra, mas eu não tinha certeza de nada.; pois a única certeza era a de que já não agüentava mais de ansiedade, de vontade de olhar para aquele rosto jovial, tão cheio de vida e alegria, de poder tomar aquela jovem de quatorze anos nos meus braços e sentir o sabor inefável de seu doce suave beijo, e sentir todas aquelas reações em meu corpo provocadas pelo contato com o dela.
E foi por causa desses pormenores que sai mais cedo do trabalho e corri ao se encontro no Anexo Secreto. Sabia do meu adiantamento, da minha precipitação, mas o desejo de vê-la e compartilhar toda aquela felicidade exercia sobre meu espírito uma força tamanha que me dominava feito poderes hipnóticos. E eu não dispunha de meios para contê-lo. Lembro-me inclusive de descer do ônibus pensando: “Está muito cedo. Vou chegar antes dela. E nem precisava ter corrido tanto. Só espero que ela não demore muito, pois caso contrário vai me deixar louco, desesperado”.
Mas qual foi a minha surpresa ao me aproximar do local combinado? Ana Carla já estava a minha espera. Sim. Ela chegara ainda mais cedo. Pude reconhecê-la de longe, antes mesmo que ela me visse. E pude notar o quanto também ela estava impaciente, consultando o relógio e olhando com insistência para os lados provavelmente a minha procura.
“Vou dar-lhe um susto”, pensei. “Vou me esconder e aproximar sem que ela me veja”, continuei a pensar enquanto olhava ao redor, a procura de onde me esconder para não ser visto. E quando ela virou na direção em que me encontrava, escondi-me atrás de um poste. E assim que ela virou para o outro lado, aproximei-me correndo, antes que ela tornasse a virar e me descobrir.
Foi uma pena. Não deu tempo. Antes que me aproximasse suficientemente para pregar-lhe um susto, ela tornou a virar em minha direção e me surpreendeu a cerca de um metro de distância. E ao ver-me, deixou escapar um lindo sorriso – o mais belo até então – , deu três passos para frente e pulou-me nos braços.
Ah! Querido leitor! Naquele momento eu me sentia um homem privilegiado, o homem mais feliz do mundo. Era como se de alguma forma todas as forças do universo conspirassem para a minha felicidade. E depois de um longo beijo, como se não me esperasse tão cedo, Ana Carla me perguntou:
-- Mas já?
Expliquei-lhe os motivos pelos quais me adiantara. Ela concordou e disse estar feliz por ter chegado cedo.
-- Assim sobra mais tempo para ficarmos juntinhos – acrescentou ela.
Embora algumas pessoas se encontrassem ali, não nos preocupamos com elas num primeiro momento. Aliás, Ana Carla quase sempre não se preocupa com essas coisas. Por ela que se danem todos se acham estranho uma garota da idade dela nos braços de um rapaz tão mais velho. Os adolescentes não são como nós adultos, que estamos contaminados com nossos preconceitos, com nossos pudores e convenções sociais. Eles são mais espontâneos e não escondem seus sentimos com medo de represálias. No fundo, não são eles quem estão errados, somos nós que sacrificamos nossos desejos, nossos impulsos e até nossos sonhos por medo, para que não sejamos motivos de risos, chacotas e comentários maliciosos. Somos nós que pomos a razão acima de tudo e assim nos tornamos escravos dela. Digo isso porque também eu estou contaminado por esse mal, por esse racionalismo desenfreado. E foi justamente por causa disso que me senti incomodado com os olhares indignados de alguns transeuntes. Então sugeri a Ana Carla que fossemos dar uma volta.
Andamos ali pelo calçadão mesmo. Não havia para onde irmos, pois se tratava de um final de semana e, como todos os fins de semana de temporada, havia um número razoável de turistas na cidade perambulando pelo calçadão. Assim, só nos restava se misturar aquelas pessoas e agir feito elas.
Amiúde, eu era tomado pelo receio de fazer-lhe uma carícia mais íntima ou dar-lhe um beijo mais demorado, coisa que não aconteceria se nossa diferença de idade não fosse tão grande. Isso, todavia, não me impediu de tratá-la da forma mais carinhosa possível. E quando não havia ninguém por perto, eu a abraçava, apertava seu corpo de encontro ao meu e nos beijávamos como se estivéssemos sozinhos.; e mesmo quando havia alguém por perto, não deixava de beijá-la de forma mais discreta e nem de fazer-lhe carícias na face, de fazer-lhe juras de amor, e de lembrá-la o quanto estava lindíssima.
Se nos fosse permitido, teríamos ficado ali a noite toda.; mas Ana Carla precisava ir para casa. Não podia chegar muito tarde para não ser repreendida por seus pais. Ela até que não se importava com isso, mas eu sim. Não queria que ela ficasse levando bronca por minha causa. Assim, quando o sino da igreja matriz soou nove horas, sugeri que fossemos embora.
Ana Carla ainda quis ficar um pouco mais, mas não me deixei convencer. Mantive-me firme e disse-lhe:
-- A gente anda se arriscando demais ultimamente. Não vamos correr riscos sem motivos. Amanhã a gente se encontra de novo. Não é melhor assim? Senão você chega tarde em casa por causa de uns minutos a mais e aí não deixam você sair comigo amanhã. Você não concorda?
Ela meneou a cabeça em sinal de concordância, embora fizesse uma cara de reprovação. Antes porém, passamos numa sorveteria e tomamos sorvete. E meia hora depois já a havia deixado na pracinha próxima a sua casa.


V

Não vou esconder que, ao sair para me encontrar com Ana Carla naquele último sábado de janeiro, tencionava encontrar uma oportunidade não só para carícias mais íntimas como também até, se fosse possível, unir nossos corpos numa transa rápida. Tanto que fui preparado: vestia uma camiseta, uma bermuda de elástico, dessas que podem ser facilmente abaixadas. Se isso viesse a acontecer, provavelmente o faríamos de pé quando anoitecesse, numa praia mais afastada, mais desconhecida e pouco freqüentada.
No ônibus sentando num banco ao lado da janela, passei quase todo o trajeto perdido em devaneios acerca do que poderíamos fazer naquela noite de sábado. E enquanto o ônibus ziguezagueava pelas ruas do Guarujá até chegar ao centro, eu pensava: “O final da praia do Guaiúba. Lá talvez não tenha muita gente. De repente Ana Carla vá de minissaia. É. Deveria ter pedido para ela usar uma. A gente pode se encostar-se a uma daquelas pedras. Ela muito excitada e eu também. Toda molhadinha. Vai entrar que uma beleza. Ela só vai precisar levantar um pouco a saia e puxar a calcinha na perna para o lado. Ela nem vai precisar abrir muito as pernas. Eu mexo devarzinho para trás e para frente. Enquanto isso ela me abraça pelo pescoço e eu seguro ela pelos quadris. Só com um dos braços. O outro posso enfiar por baixo da blusinha dela. Ela estará usando uma blusinha sem sutiã. Ela gosta de sair assim comigo. Aposto como ela vai estar assim hoje. Hum... Mas eu preferia chupar os peitinhos dela. Eu poderia levantar a blusinha dela, só um pouquinho e meter a boca naquele biquinho durinho. Quando ela está excitada eles ficam tão duros, feito pedra. Dá até vontade de morder com força. Mas aí vai machucar. Deve ser muito sensível, duro assim. Mas qualquer dia vou morder eles com mais força. Só para ver ela soltar um gemidinho. Mas só vou fazer isso quando a gente tiver numa cama. Na minha. Ou num motel? Motel não. Vai ser difícil. Melhor na minha cama. Ela toda nuazinha, eu no meio das pernas dela. Quando ela tiver no auge, quase gozando, aí eu dou uma mordida mais forte nele. Não. Posso fazer isso em outra hora. Quando ela for gozar não! Prefiro olhar para o rostinho lindo dela, quando ela for gozar. É tão lindo! Ela faz uma carinha... Não tem nada mais belo. Pena que se a gente transar hoje não vai dar par ver direito. Vai tá escuro e a gente tem que fazer com pressa, olhando para os lados se não vem ninguém, se não tem ninguém nos vigiando. Mas mesmo assim: é melhor do que nada. Ah, mas eu preferia estar numa cama com ela. Preciso dar um jeito de levar ela para a minha casa novamente. Já estou quase chegando. Merda! Como é que vou descer assim? Quem olhar para mim vai ver que estou de pau duro. Vai saber que estou pensando safadeza. Se pudessem ler a mente, iam ficar horrorizados. Ainda bem que não podemos ler a mente dos outros. É melhor nunca podermos mesmo! Perderíamos toda privacidade e liberdade de pensarmos no que bem entendermos. Eu seria um renegado, talvez já tivesse sido condenado por causa dos meus pensamentos e por causa de Ana Carla. Com certeza o mundo seria um tédio. Imagine! Nossos pensamentos vigiados. Melhor o mundo assim mesmo. Deixe me levantar. Tenho que dar o sinal. Vou descer no próximo ponto”. Levantei, pedi licença ao passageiro ao meu lado, sai para o corredor e puxe a campaninha. “Será que vão descer? Vão sim. Senão não teriam parado na porta, impedindo os outros de descer. Devem ser turistas. Não têm cara de que são daqui. Vão sim. O rapaz deu sinal também. Pra que dar sinal de novo? Será que ele não me viu dando sinal? Ali a luz acesa. Vai ver que estava desligado, pensando em alguma coisa. Será que estava pensando em alguma garota que encontrou aqui no Guarujá? Talvez. Quem sabe. E a Ana Carla? Será que já chegou?”. Nisso o ônibus parou. As três pessoas a minha frente desceram e eu desci em seguida. Então, atravessei a rua e fui caminhando em direção ao Anexo Secreto, nosso ponto de encontro.
A primeira decepção foi quando cheguei. Ana Carla usava shorts de cor branca e não minissaia. Embora fosse uma bermuda curta, era justa. Isso tornava quase impossível encontrar um meio de penetrar Ana Carla sem abaixar aquela peça de roupa. A segunda decepção veio pouco mais tarde. Quando sugeri irmos para um lugar mais discreto, ela notou minhas intenções e comentou:
-- Não é muito arriscado, meu amor? Ainda estou menstruada e a gente vai se sujar de vermelho. Se eu soubesse teria vindo com uma saia escura e não esse shortinho branquinho. – Em tom de lamento, acrescentou: -- Você fica chateado comigo por causa disso?
-- Claro que não, minha florzinha. – Tomei-a nos braços, puxando-a com força de encontro a mim e beijando-a em seguida.
-- É melhor a gente não se arriscar. Vai que a minha bermuda fique suja de sangue. Como é que vou explicar para minha mãe – disse ela pouco mais tarde, quando começamos a falar dos transtornos de uma transa naquelas condições.
-- Você está certa, minha coisinha linda – concordei.
-- E você? O que vai dizer quando chegar com a roupa suja de sangue? Sua mãe vai saber na hora o que você andou fazendo.
-- É mesmo! Nem tinha pensado nisso.
-- Quando essa coisa aí fica assanhada, vocês esquecem do resto. Só pensam em sexo – disse Ana Carla em tom de brincadeira. Estava descontraída, demonstrando uma felicidade fora do comum.
-- Também não é assim – retorqui.
Estávamos caminhando pelo calçadão em direção à Enseada.
-- Pensa que eu não sei. Sou novinha, mas não sou uma menininha boba.
-- Isso eu sei. De boba você não tem nada mesmo! – concordei. Aliás, esse era um dos motivos pelos quais me apaixonara por ela. Desde que a conhecera, a cada dia sentia-me mais surpreso com sua esperteza e desenvoltura. – Ah, mas semana que vem você não vai me escapar. Os turistas já terão ido embora e a cidade vai estar vazia. Aí vou te levar para um lugar bem escondidinho e vou comer essa bocetinha gostosa. – As últimas palavras eu sussurrei-lhe ao pé do ouvido.
Ana Carla estremeceu, como se um calafrio percorresse-lhe a espinha e suspirou:
-- Ai, seu safado!
“Tu vai ver o que vou fazer contigo. Vou te fazer ficar com tanta vontade, que vai me implorar para te enfiar ele”, pensei naquele instante. Nisso, imaginei nós dois numa praia deserta, ela tirando a calcinha, levantando a blusinha e eu a penetrando com desespero. E estava imaginando-a me pedido para fazer mais rápido e com mais força quando ela me interrompeu.
-- O que foi?
-- Nada – foi o que respondi. Depois de uma breve pausa, acrescentei: -- Tava pensando aonde a gente poderia ir. Você já foi ao aquário?
-- Qual? Aquele novo que abriu na Enseada?
-- É.
-- Não. Ainda não.
-- Então vou te levar lá para você conhecer.
Ela virou em minha direção e pulou no meu colo. Quase desequilibrei e caímos no chão. A felicidade que ela demonstrou não me deixou nenhuma dúvida: ela já andava querendo muito ir. E só não foi porque ninguém a quis levar. E ela confirmou isso pouco mais tarde, ao pararmos na bilheteria.
Embora tivesse inaugurado há pouco tempo, tive oportunidade de visitá-lo em duas ocasiões. De forma que a beleza do lugar não me provocava tamanho frisson. Eu achava o local bonito, cheio de curiosidades, mas nada capaz de me espantar dessa forma. Mas Ana Carla parecia fascinada, como se o local fosse capaz de exercer algum tipo de poder, de provocar-lhe um encanto. Ela comportava-se feito uma criança que fica o tempo todo apontando para os objetos e animais enquanto fica dizendo “Olha!”, como se não tivéssemos visto.
Ficamos mais de uma hora ali, bem mais do que gastaria se estivesse sozinho. E quando saímos, ela parecia ter saído de um reino encantado, tamanha alegria. Isso aliás me fez pensar em como pequenas coisas podem provocar reações das mais incríveis nas pessoas. “Ela não vai se esquecer desse dia tão cedo. Olha só como ela está! Parece uma criança que acabou de ganhar um presente com o qual sonhava tanto! Se eu soubesse que ia deixar ela assim, já tinha trago ela antes”, disse para mim mesmo, quando voltávamos para casa.

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