Não tenho a pretensão de me tornar economista - longe disso, cruz, credo! Mas reparei que, pertinho de casa, num raio de uns duzentos metros, há nada mais nada menos do que 9 barbearias. Na verdade, somente três delas devem ser chamadas de barbearia - as outras casas são salões de cabeleireiros. Diferenças básicas: barbeiros usam aventais azuis e não lavam o cabelo do freguês com xampu, ao passo que os cabeleireiros (essa pronúncia enrola minha língua!) exibem inúmeros produtos de beleza e usam rabo-de-cavalo. Na parede de uma das barbearias, temperos à venda - colorau, pimenta-do-reino, orégano. Estranhei no começo. Relevei depois de lembrar que ganhar a vida está cada vez mais difícil. Mas o que realmente me intrigou foi o seguinte: como é que aqueles salões todos sobrevivem? Fiz uma conta rápida: o aluguel de um salão comercial ali no meu bairro varia entre quinhentos e mil reais. Juntando aluguel, mais os insumos, mais contas de água, luz e telefone, por baixo, deve dar mais uns trezentos. Então quantos cortes de cabelo são necessários para empatar o investimento? Mais de duzentos, com certeza. O bairro é bastante populoso, mas há que se eliminar os carecas, os bebês, as mães que cortam o cabelo dos filhos em casa, mais aqueles que frequentam barbearias de outras regiões. Então imagino que a disputa deve ser acirradíssima! Deve ser coisa de sair no tapa, de ficar de mal. Como o Brasil e o Canadá.
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