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cronicas-->O perfume -- 11/06/2008 - 11:36 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O perfume

Fernando Zocca


Pior do que ouvir Luisa Fernanda tentando "tirar de ouvido" o hino do Corinthians era ver o Pelé vestido com as cores de semáforo, no filme comercial do Santander. Mas desatino maior não havia do que a reação do vereador Fuinha Bigoduda às críticas do Van Grogue.
Como era sabido, em Tupinambicas das Linhas, e em toda a região, o Fuinha Bigoduda era igual a chiclete: quanto mais pisavam-no mais ele grudava no calçado opressor.
E por ter Van Grogue questionado a origem da carteira de motorista do vereador, dizendo ser ele um analfabeto, e por consequência impossibilitado de diferençar os sinais das placas de trànsito, mandou o edil escarafunchar os arquivos da prefeitura em busca dos prováveis débitos do tal cidadão.
Enquanto isso Van Grogue, no bar do Zezinho, alertava aos demais companheiros dos possíveis equívocos que poderia cometer aquele motorista, quando trafegando pelas ruas da cidade, encontrasse pela frente algumas placas, para ele, sem sentido nenhum.
Pois não é que das buscas feitas, nos arquivos da prefeitura, constatou-se que Grogue estava entre os que deviam mais de R$ 10 milhões?
E o quê mais, poderia perguntar o meu nobilíssimo leitor, haveria de fazer o tal parlamentar, objetivando inibir a censura do pingueiro, além de cobrá-lo judicialmente?
Ora, quem detém o poder público, gere também muito dinheiro e como todo mundo sabe, dinheiro compra até consciência. E se tais prodígios são feitos com muita verba, por que não haveria de peitar as almas jornalísticas, atuantes no Diário de Tupinambicas das Linhas?
Pois era dando à opinião pública pistas equivocadas sobre tudo o que compunha a suposta vida vã do Van, que pretendiam os espíritos venais da imprensa tupinambiquence, fazer dele uma persona non grata. Isso tudo autorizava alguns a desacreditar, inclusive, no ditado que dizia: "A voz do povo é a voz de Deus".
Na verdade, em Tupinambicas das Linhas, a opinião da maioria, a tal "voz do povo", não passava do que queriam os políticos corruptos, usurpadores das verbas públicas. E a voz de Deus não poderia nunca ser a voz dos políticos nefastos da cidade.
Das artimanhas despistadoras do Jarbas, o caquético energúmeno, larápio das verbas ministeriais, que teria usado ambulàncias para trazer junto de si milhões e milhões de reais, incluíam as de fazer rimar, ambulància com melancia, e esta com bumbum arrebitado dançante.
Grogue sabia, e muito bem, que para ser universal era preciso cantar a própria aldeia, sendo sincero, dizendo a verdade, expressando o que ela o fazia sentir, devolvendo a ela o que ela lhe dera. Havia algo injusto nisso?
Para Van o tal Fuinha Bigoduda fora escorraçado do local de onde viera. E por infelicidade, semelhante aos dejetos que se enroscam nas curvas do rio, enroscara-se na cidade a tal figura, permanecendo imiscuída nos assuntos que jamais tivera noção da existência.
A ascensão daquele vulto, quase todo mundo sabia, dera-se por força dos conchavos feitos, há muito tempo, pelo reitor da UNIMERD, a universidade tupinambiquence, cujas mensalidades de seus cursos, representavam o dobro do que ganhariam, por mês, os profissionais formados por ela, e de alguns usineiros exploradores da mão de obra, usada no corte da cana.
Em decorrência dessa loucura, vigia na urbe, sensos morais esquisitos tais como os de valorizar cães mimados em detrimento das crianças pobres.
Era o reinado da seita maligna-do-pavão-louco e seus traficantes de influência, que distorciam a aplicação da justiça.
Mas como inexiste mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe, a loucura e desonestidade do Jarbas, o caquético, da seita maligna do pavão-doido, e das demais forças do retrocesso, seriam com o tempo, todas diluídas e substituídas, assim como deveriam ser a apreensão pela alegria da sanidade, e a fetidez pelo perfume.

Quem viver, verá.
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