Maria é uma das meninas mineiras
Nascidas perto de Três Marias
Cabelos longos, morena e faceira,
Em seu olhar a luz irradia
O galo canta - é hora de acordar
Zonza de sono vai lavar o rosto
Abocanha um teco do bolo de fubá
E sai para a lida, com muito gosto
As mãos de Maria são as mais ligeiras
Têm cheiro do café, impregnado na pele
Possuem as marcas do sangue nas veias
Sangue de Maria, que à labuta impele
Na hora do almoço, vai Maria embora
No prato tem farinha, ovo e feijão
Olha para a comida, fecha os olhos, ora
Agradecendo a Deus, de todo coração
Não está sendo fácil a sua vida!
A mãe não trabalha, está doente.
O dinheiro que entra é pra comida
Mas ainda assim, ela sorri contente
Uma rica tia, um dia apareceu
Vinda lá da bandas de Belo Horizonte
Ao ver tanta pobreza, empalideceu
Chorou condoída, abaixando a fronte
A mãe de Maria, humilde criatura
Por ser também Maria, mulher sabida
Disse à irmã "não há maior amargura
que não entender o sentido da vida"
Depois do almoço Maria apressada
Embrulha com cuidado sua merenda
Coloca os livros na mochila surrada
Anda quilômetros, atravessa a fazenda
O sol está quente, mas na cabeça de Maria
Borbulham pensamentos refrescantes
Maria quer ser professora um dia
E caminha rumo ao sonho, dela distante
Passo a passo na estrada, lá vai Maria!
Levando quimeras em sua sacola,
Todos sabem da sua maior alegria:
Aprender a ser alguém , é ir à escola!
Cláudia Azevedo
2001
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