Cara Wyxttwy

Não desanimes...
Por aqui a coisa também anda bem feia. Há idiotas de toda espécie. Pessoas assim... Que não conseguem olhar no espelho a própria cara por não suportarem a onda sombria que lhes tolhe o semblante tosco.
Nunca poderia imaginar que em Trump as novidades fossem tão familiares. Inventaram por aí a Internet?
Céus!
Foge da rede, antes que seja tarde. E nem me perguntes por quê. Não acreditarias, se te dissesse. Basta confiares em minhas palavras e ficarás livre... Melhor a ‘involução”.
Acreditarias, caríssima Wyxttwy, se te contasse que pago todas as contas aqui sentada, numa pequena máquina, e que posso entrar, numa questão de segundos, em comunicação com qualquer parte deste miserável planetinha?
Verdade!
Nas contas bancárias, tenho de passar por tantos itens, digitar tantos números, mergulhando na odiosa matemática que nunca aprendi por achar enfadonha. E nada perdi, querida trumpinha, Creio que já antevia este maldito progresso, que tudo me coloca ao dispor.
No começo, achava tão difícil, pela dificuldade de memorizar tantas senhas, letras e datas... Mas, quando aprendi a associá-las às coisas que me rodeiam ficou tudo muito fácil.

- Por que isto me tira do sério, deixando-me de péssimo humor?

- Ora, Trumpinha... Então o fato de saber que para tudo, neste mundo quase extinto, dependo de uma simples maquininha não é razão, mais do que óbvia, para ficar encrespada?

E não é só isso... Lembras-te daqueles cálculos horrorosos que envolviam mil caminhos, para se achar a raiz quadrada de números, problemas que nos faziam arrancar os cabelos, levando-nos à loucura, quando vinha o resultado dos testes e percebíamos ter errado, pelo menos, a metade, depois de gastar horas “queimando a mufa”?
Pois, então... Agora há máquinas calculadoras minúsculas, de formatos variados (minha afilhada tem uma em formato de pênis, há gosto pra tudo, né?), que nos dão o resultado de imediato! É, sim!
Isso tudo, Tutuzinha... Sem contar o pagamento de algum produto, em lojas comerciais: compramos o que quisermos e basta passar um cartãozinho magnético - zás! – o dinheirinho, lá da tua conta, baixa direto e certinho na conta da loja.

- Um paraíso, Tutu???
Estás redondamente enganada! Lembras-te de nosso avozinho comum, aquele que era curandeiro lá no interior de Goiás, quando dizia que todo remédio eficaz pode ter um efeito colateral danoso, de tanto ou maior poder que a cura?
Pois é, Tutututu... Daqui a alguns séculos, só haverá, talvez, duas direções: ou o ser humano fica acoplado ao computador, com algum dispositivo que, de tempo em tempo, lhe dê um belo chute no traseiro, tirando-o dali, para se exercitar, ou estaremos todos presos a uma cadeira de rodas.

E tu ainda pensas em vir pra cá, por achares a vida em teu planeta muito monótona?
Argh!

Mile
da Terra