Mãe, que saudades sinto da senhora. Das canastras de mano que nunca quis jogar. Hoje se a senhora aqui estivesse eu jogaria para lhe satisfazer e também a mim. Eu dizia que desaprendia. Ledo engano. A senhora aprendia e cada vez jogava melhor.
Saudades de quando éramos pequenos e todos os irmãos íamos para cima da cama só para ter o seu carinho e afeto. Parecíamos os pintinhos em volta da galinha a nos proteger de todo o mal que o mundo pode proporcionar.
Não peguei a época que a senhora dava palestras aos jovens, mas deveria ser maravilhoso. Todos os jovens mais velhos que eu falavam da senhora com grande carinho.
O pai passeia ainda em excursões. Um pouco é para se alegrar conhecendo novas cidades e um pouco é para sempre se lembrar da mulher maravilhosa que ele teve por mais de cinquenta anos.
Ele, depois de quase dez anos afastado da senhora, porque assim Deus quis, chora quando vai lhe visitar no cemitério. Somos testemunhas de que ele fala no seu nome sempre com carinho e ainda com muito amor.
Mãe, espero lhe encontrar no céu um dia e dizer com a boca cheia:
- Te amo e todos os teus filhos também, sem exceção.
Mãe, quantas vezes nos defendeste das surras do pai. Homem que soube nos educar sem sorriso.
Hoje agradecemos a Deus tudo o que a senhora e ele fizeram por nós.
O pai nunca lhe traiu e cada vez mais a ama.
Mãe, desconfio que o pai quando sai de casa ainda lhe fala:
- Pedrinha, vou à padaria.
E lá de cima, pertinho Dele, vem a resposta:
- Vai com Deus.