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cronicas-->A VERDADEIRA ESSÊNCIA DE UM POVO -- 25/06/2008 - 18:57 (Regina Frazão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A VERDADEIRA ESSÊNCIA DE UM POVO
Regina Frazão

Quando falo em essência busco aquele ponto de convergência ou melhor, busco semelhanças no pensamento humano. Seremos realmente todos iguais e fruto de uma só mãe Terra? Às vezes penso que não.

Forma estranha de começar uma crónica, mas a estranheza tem a ver com o que vivi recentemente e que de alguma forma quero dividir com vocês.

Viajei para China e lá estive durante duas semanas, breves duas semanas que bastaram para eu conhecer um outro lado do comportamento humano. Foram dias suficientes para entender o que é civilização com civilidade e descobrir onde está a verdadeira essência de um povo .

Pessoas interessadas no estudo da alma e do comportamento humano precisam e devem ir ao oriente. Viver no paràmetro ocidental é real, simples e condicionante. Vivemos da forma que nos foi ensinada e pronto, não buscamos uma evolução positiva do pensamento e do comportamento.
Conviver com o pensamento oriental e entender a sua complexidade, realidade e expectativas é uma experiência inédita.

O que mais despertou minha atenção nesses dias foi o interesse dos chineses pelo significado das coisas. Suas vidas são pautadas por isso. Para eles tudo tem um significado filosófico e, quase sempre, com repercussões em seu cotidiano. Para o povo chinês, e falo de povo mesmo não de uma elite, o "significado" está em seu dia a dia ,faz parte da sua essência. Por exemplo a alimentação e as cores dizem muito, o modo de caminhar ou sentar dizem outras tantas coisas, o ato de presentear alguém, o tom da voz é fundamental, o azar e a sorte são irmãos, e por aí vai. É uma sociedade voltada para a observação do outro e,principalmente, da natureza humana, buscando aí a harmonia através dos diferentes significados.
Só eles poderiam ter representado o "yin e yang", onde o bem não vive sem o mal, para determinar a dualidade e o equilíbrio das coisas.

Como entender um povo que faz da sabedoria e da observação um comportamento e o uso da filosofia uma necessidade diária? Todo chinês é um pouco filósofo, recita provérbios, acredita neles e vive de acordo com muitos deles.

Sei de todas as dificuldades históricas e sociais pelas quais os chineses passaram e ainda passam: governos tiranos,superpopulação, terremotos, pobreza extrema, exploração da mão de obra, pouco acesso às informações, e até mesmo o cerceamento da liberdade do cidadão, em algumas situações. Mas não é disso que estou falando. Falo da essência de um povo e isso, nenhum regime político ou económico foi ou será capaz de mudar.
A China milenar que inventou o papel e a pólvora, China dos grandes imperadores que construíram um dos impérios mais antigos do mundo, não mudou na essência de seu povo. Encontrei lá o povo Chinês que Marco Polo descreveu no século treze.

Nós ,os ocidentais, somos o oposto do povo chinês. Acreditamos no que vemos, somos materialistas, e religiosos apenas por necessidade medo ou imitação. Não somos de filosofar sobre a vida, deixamos isso para os "verdadeiros" filósofos, e raramente buscamos na observação do outro e da vida significados para as nossas próprias vidas. Somos um povo que vive dia após dia, e a razão predomina sobre a emoção.

Filosofar sobre o cotidiano,na nossa cultura, é tarefa para os fracos, sentimentais e pouco intelectuais. Filosofia é para poucos !
Na maioria das vezes, enxergamos a história de nosso país pelo lado negativo. Aliás, nosso povo não conhece nada de história, muito menos a do país em que vive.

Fica aí a explicação para o que eu senti ao pisar em solo Chinês. Senti o impacto e o efeito de um povo que mesmo lutando pela sobrevivência não deixa de lado a preservação de sua verdadeira identidade e valores. Identidade de bilhões de seres que estão ligados através de uma única essência. A essência da sabedoria em saber equilibrar razão e emoção e de honrar suas tradições históricas e sociais, mesmo caminhando para a modernidade imposta pelo século vinte e um.

Cultuam suas tradições, investem na filosofia de vida, honram seus antepassados, saboreiam os primeiros passos de liberdade após anos de fechamento para o mundo, porém mesmo assim conservam e vivem de acordo com valores que realmente têm significado para eles.
É um povo que , mesmo intuitivamente, sabe que a grandeza de uma nação está na certeza de saber-se única em pensamento, ainda que fazendo parte de um todo. Todo esse, que nem sempre pode corresponder às suas expectativas, porém isso nunca será motivo para abdicarem de sua essência.

Quisera fossemos assim...



RJ, 25 de junho de 2008

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