Diário da Pandemia
O Carlos Amaral, de Soure (PA), é descendente de Aruãs, índios habitantes da Ilha do Marajó (PA). Em visita ao seu atelier pedi explicações sobre como ele consegue matéria prima para fazer tantas peças de verdadeiras obras de arte e quais os custos para aquisição dos materiais utilizados. Para minha surpresa ele foi direto e simples: “retiro da Natureza todo o material que uso e meus únicos custos são a mão de obra para buscar estes materiais e minha habilidade na moldagem das peças, herança de meus antepassados”. Pegou um pouco de argila, misturou com um pouco de água, colocou sobre o torno de chute* e moldou um belo vaso, em seguida adornado com gravuras marajoaras pintadas com anilinas também retiradas da Natureza. Ao fim, levou ao forno para secar. “Taí. Só usei Terra, Água, Fogo e Ar”. Concluiu.
*O torno de chute é uma mesa formada por dois tampos circulares de madeira, distanciados um do outro por um eixo central, o de cima sendo a mesa para colocação da argila e o de baixo, pouco acima do chão, para receber os chutes, do próprio artesão, para fazer o movimento giratório da mesa.
“Cada dia a natureza produz o suficiente para nossas carências. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário não haveria pobreza no mundo e ninguém morreria de inanição”. (Gandhi).
Elementos Elementares
Terra, água, fogo e ar Simplicidade e sabedoria Carlos Amaral, Artesão Faz da sua arte poesia E na terra Marajoara Encanta com maestria Descendente de Aruãs Segue a sua bela sina E no seu torno de chute Tanto faz como ensina A sua tão bela arte Que ao turista fascina Conhecida pelo Mundo De todas a mais afamada A cerâmica marajoara Já é a mais cobiçada E até por outros povos Vem sendo falsificada Você que está em Soure Não perca a oportunidade Leve consigo um tesouro Para sua linda cidade E divulgue a seu povo Esta singularidade Carlos Amaral, Artesão Com humildade total Repassa pra outras mãos Sua arte tão legal Assim eternizando Como fez seu ancestral. Tarciso Coelho, Soure (PA), 16.09.2006.
Diário da Pandemia
O Diário da Pandemia
Que inventei de escrever
Jamais teve a intenção
Que não só o meu querer
De o dia a dia registrar
Pra no futuro lembrar
O que estamos a viver
Mas é preciso dizer
Aqui não vou divulgar
Notícias de tristeza
Já que quero me alegrar
E se esse meu escrever
Nem pouco alegrar você
Mal também não lhe fará.
Caros Amigos,
A partir de 22.03.2020, passei a publicar versos meus em outras situações, retornando ao assunto em pauta apenas eventualmente.
Abraços a todos.
Tarciso Coelho, Crato (CE), 12.04.2020.
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