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cronicas-->Ainda... -- 03/07/2008 - 08:53 (A.Lucas) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Há quem diga que só podemos contar dois acontecimentos como infalíveis na vida de qualquer pessoa: pagar impostos e morrer. Pois bem, eu digo que devemos contar mais um: conviver com o "ainda..."
"Ainda não fiz..." , "ainda não vi...", "ainda não fui...", "ainda não tenho..." são só alguns "aindas" que perseguem todo mundo. Aparentemente todos contêm uma esperança... a esperança de fazer, de ver, de ir, de ser, de ter... a esperança de ainda conseguir realizar um sonho, um desejo... Pura bobagem!!! Esses "aindas" só contêm esperanças vazias, esperanças que dificilmente colocaremos no plano realizável. São desculpas ocas para aguardar ou poder protelar indefinidamente fatos e/ou atos que, quando muito, ocorrerão por si mesmos, se tivermos sorte. Por que protelar um sonho? Não sei... falta de coragem, talvez. Afinal quase todo sonho exige muita coragem quando é trazido à realidade. Quase todos são ousados, corajosos, absurdos ou formidáveis demais para o nosso estado cotidiano (e esse é um assunto que vai ficar prá outra vez).

Mas nem todos os "aindas" precisam ser excludentes. Esses são só os "aindas" de frases negativas (fica até interessante usar essa palavra aqui: pode ser o antónimo de afirmativas mas também pode ser o de positivas). Existem, é claro, os "aindas" positivos, geralmente usados em frases semelhantes às outras, mas cheias de esperança e de obstinação: "Eu ainda vou fazer..." , "eu ainda vou ver...", "eu ainda vou...", "eu ainda vou ter..." Mas vou deixar também esses "aindas" prá depois...

O "ainda" que interessa agora é o ainda interrogativo. Mais exatamente o tipo que vem em frases como "Você ainda me ama?" De todos os "aindas" esses talvez sejam os que têm mais variações. Essa frase, por exemplo, é totalmente dependente do tom que se dá ao "ainda". Num certo tom ela pode estar transportando uma dúvida mortal: será que o ser que ainda amo ainda tem por mim o mesmo sentimento da "época das juras eternas"? Nesse "ainda" estarão incluídos o temor que a resposta seja "Sim, mas..." e o desesperador desejo que seja apenas um convincente "Sim!" mas certamente não trará, jamais, sequer a desconfiança que seja "Não".
Num outro tom de "ainda" o que se quer, bem lá no fundo da alma, é que seja o sonoro "Não!". Esse é o "ainda" de quem quer mesmo é uma carta de alforria de um sentimento que já virou pretérito, e quase sempre é acompanhado de um tom forte no "ama".

Mas se a frase toda é dita num tom suave, daquele jeito que se percebe que ficou faltando um "Puxa..." meio sem graça no começo... Ah!... Aí é um perigo pras almas desavisadas... Esse "ainda" é típico de quem está perdendo a confiança em si e sabe que anda maltratando (só um pouquinho que seja) o parceiro, que está faltando pouco prá por a perder uma relação maravilhosa e que ainda tem tudo prá durar o resto da(s) vida(s). E a prova que tem tanto a durar é que, se não tivesse, a pergunta não seria feita desse jeito... seria como as outras anteriores. É nesse instante que brota o tormento: se um é mau falante e arranhou, mesmo que de leve, o tom e a frase saiu como se fosse outra... nem ouso mencionar o resultado! Se o outro é mau ouvinte pode tudo passar desapercebido e as coisas tomam um rumo sem volta em direção a um final que vai pegar os dois de surpresa e deixar o sabor de uma derrota inesquecível. Mas, se um sabe falar no tom certo e o outro sabe ouvir nas entrelinhas, pode ser uma bela chance de corrigir rumos, e é aí que se erra mais: essa é a hora que o falante tem menos a dar e o ouvinte tem mais necessidade de receber. É hora então de rever o stress e a tolerància, é hora de escrever e ler poesia... é hora de falar de tudo e de ouvir de tudo, sem cobranças e sem mágoas. É hora de ter paciência e sinceridade, de mostrar paixão e de trocar carinhos. É hora de levar café na cama e de beber o café fraco mesmo. É hora de pedir desculpas por estar calmo e por estar certo... É hora de estar bonito e de estar à vontade... É a hora da inversão de papéis: o meigo passa a ser altivo e o forte a ser terno... É hora de rendição total, é hora de tirar a(s) máscara(s) como em fim de festa, sabendo que aí é que começa a preparação de uma festa ainda melhor...


Alexandre Lucas R. Cordeiro - março de 2001
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