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cronicas-->Traquinagens de Romãozinho -- 04/07/2008 - 08:13 (José Walter Pires ) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quem não já ouviu falar de Romãozinho?
Aqui em casa é figura conhecidíssima. Tudo que se quebra, some instantaneamente, acontece contra a nossa vontade a culpa é atribuída a ele. E o bom é que acreditamos piamente nessa atentação, para dissipar o stress desses momentos.
O grande Càmara Cascudo, no seu Dicionário do Folclore Brasileiro (2002), assim fala desse sertanejo personagem: "entidade zombeteira, irrequieta e malévola, espécie de saci-pererê, divertindo-se em preparar acidentes desagradáveis e humilhantes aos viajantes solitários. É considerado demónio urbano e rural. Vive errante, faz ruído, joga pedra nos telhados, assobia nas fechaduras, arrebenta as rédeas dos cavalos, esconde objetos, mas pode fazer algumas coisas boas também". Pesquisem para saber mais.
Do meu conhecimento, é um menino traquino, que vive sempre a atanazar os outros com as suas estripulias, sobretudo escondendo coisas dentro de casa. Conta-se que ele teria sido excomungado pela mãe, ainda muito pequeno, por causas das suas malinezas, rogando-lhe a praga de vagar pelo mundo, sem pouso nem no céu nem no inferno. É por isso que vive atanazando a vida das pessoas em todos os cantos. Como aconteceu comigo, neste domingo, quando ele achou de parar aqui em casa.
Vejam se não tenho razões!
Acordei cedo com intenção de ir à Barbearia Chile para um retoque no meu querido cabelo, encontrar amigos, entre os quais Zé Lobo, essa figura de muitos causos e expressões populares das mais pitorescas. Está no prelo mais uma das dele.
Então, comecei a procurar a chave do carro que havia deixado em cima da mesa, junto ao celular e as chaves do escritório. Lá não estava mais. Voltei ao quarto, revirei camisas, calça, lençóis, gavetas, tapetes e nada. Desci as escadas e fiz a mesma coisa pelas salas e cozinha. Olhei em baixo dos sofás, levantei almofadas, tampas de sanitários e lixeiras. Andei pelo jardim, fui ao escritório, repeti as mesmas ações. Nada. Refiz a minha trajetória da garagem para o quarto, quando cheguei da rua, inteiramente sóbrio, olhando por todos os cantos e sem sucesso. Subi, desci, rodopiei, praguejei, a cabeça ficou zonza, o estómago doeu, e comentei desolado:
- Só pode ser coisa de Romãozinho!
E agora, o que fazer! Esfriar a cabeça. Sair á pé. Ir à barbearia. Ligar para a mulher e filhos, em Salvador. Ouvir a dolorosa admoestação - tá ficando velho, heim? - e me irritar mais ainda. Não. Isso não faria. Se acontecesse com eles, seria até normal. Mas comigo - coisas da idade!
Estava nesse dilema, sem saber o que fazer. A cabeça fervendo. Passei pela sala de visita outra vez. Quanta desolação! Sem esperanças, levantei uma das almofadas do sofá. Surpresa! O que estava lá? O diabo da chave, quietinha, como se alguma alma penada tivesse deixado ali. Suspirei aliviado e concluí com os meus botões:
- Só pode ter sido Romãozinho!
Fui à barbearia, conversei com alguns amigos que lá estavam, Lobo, inclusive, e perguntei-lhes se conheciam Romãozinho. Todos responderam que sim e foram unànimes, ao ouvirem o meu relato: - Foi ele mesmo!
Aí, voltei para casa, abri o computador e escrevi esta crónica que não sei se será do agrado dos meus leitores.


José Walter Pires
Maio/2008
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