Usina de Letras
Usina de Letras
144 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62181 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22532)

Discursos (3238)

Ensaios - (10351)

Erótico (13567)

Frases (50584)

Humor (20028)

Infantil (5425)

Infanto Juvenil (4757)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140792)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6184)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Humor-->NARCÍSEO, O LOUCO -- 28/10/2005 - 09:23 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
NARCÍSEO, O LOUCO

Fernando Zocca

(O totalitarismo criminaliza as idéias)

Van Grogue adentrou ao salão do boteco ensebado da tia Cris, e perguntou pro pessoal que bebericava: "O que é que começa miúdo, vai crescendo, ficando enorme, firme e rijo; de repente, quando está bem ereto, já proporcionando alegria e contentamento... desaba, fazendo todo mundo chorar?"
A turma da folia cessou o alarido e com os copos suspensos pela expectativa pensou logo na caceta. Suas expressões faciais denunciavam o consenso na resposta.
Mas Van contrariando todo mundo, matou logo a charada: "É o sobrado que o usineiro Pitirim Zorror construiu, no centro de Tupinambica das Linhas. A coisa ruiu frustrando a alegria e a saúde dos compradores. A obra, vista de cima, tinha o traçado semelhante ao de um til. Na verdade era uma alusão à cobra ou minhoca. Talvez fosse uma homenagem do Pitirim à sua mulher, a fogosa dona Ana Konda."
Narcíseo, o maluco do boteco, que só calçava pantufas cor-de-rosa, apesar do calor imenso, arrastando-se pra e pra cá, aproximou-se do Grogue. Narcíseo usava um bigode ralo e branco; tinha os óculos gordurentos e, movia com muito custo, a perna direita. Sua calça verde e blusa azul forte, estavam rotas; cheiravam mal. Ele disse: "Seu Van, tem uns vizinho meu que fofocam com os vizinho lá da padaria onde busco meu pão todo dia. Aqueles vizinho falam mal de mim para os vizinhos lá da quitanda onde compro minhas mandiocas. O que é que eu devo fazer?" Van Grogue respondeu: "Eles querem que você saia da sua casa; que se mude. É o jeito que o maligno tem de promover o processo de despejo. Você deve achar a turma do pavão-louco e, por intermédio dessa seita, mandar fazer um trabalho para que o filho do cara, que está te perseguindo, mate o pai."
Narcíseo, cujos apelidos no bar eram "capivara maligna", e "ônibus de carrapato", passando os dedos levemente sobre as feridas que tinha no braço direito, resolveu não levar a sério aquele chiste. De repente uma mulher esquisita, de pernas peludas, com cabelos curtíssimos, vestindo uma camiseta laranja e bermudas azuis, entrou no boteco perguntando se tinha lingüiça. O pessoal todo olhou pra ela. Mas ninguém fez qualquer comentário. Tia Cris pegou, da geladeira, um gomo e-nor-me de chouriço e, embrulhando-o num papel barato, passou-o a freguesa. A mulher então mandou tia Cris marcar na conta que tinha. A comerciante demonstrando contrariedade, fez uma cara de indignação e, quando a mulher saiu, assoprou baixinho: "Já desgosto muito de tudo isso."
Van Grogue, com um gesto, chamou a atenção do Narcíseo e quando este o olhou, apontou a mulher dizendo com voz baixa: "Essa aí freqüenta a seita maligna do pavão-louco." Mas Narcíseo deu de ombros, demonstrando não desejar prosseguir com o assunto.
Grogue assoprou, em tom baixo, à passagem do Narcíseo: "Lugar da cana é no canavial; da laranja no laranjal e, dos loucos, no manicômio." Edbar B.I. Túrico, engasgando com um gole da manguaça gritou: "O São Paulo é campeão, viva o meu timão! O São Paulo é 10!"
Ernesto Mail entrou no bar pedindo logo sua cachaça costumeira. Depois de servido, ele disse aos presentes: "O Esporte Clube 30 de Novembro está no fim. A justiça penhorou o ajutório que vinha recebendo. O time sem grana e jogo, não pode mais continuar. Alguém tem alguma sugestão que minimize o problema até que ele saia desse inferno astral?" Grogue então falou: "Seria bom que o Pitirim, no dia do aniversário do descalabro que causou, desse uma grana pra ajudar o timinho." Todos se entreolharam. Quem sabe? Podia até ser; as ocorrências de milagres não eram impossíveis em Tupinambica das Linhas. Afinal meu amigo, minha amiga e senhoras donas de casa: não seria ínfima essa benesse, diante de todos os males causados pelo açúcar, pinga, queimadas, desmoronamento e latifúndios?


Em breve: A FICHA. História de Lucila Mao Mé, a descuidista que se apoderava dos objetos esquecidos por usuários das máquinas caça-níqueis. A mulher era tão magra, mas tão magra que parecia um frango morto, depenado e dependurado com a cabeça pra baixo.



Atenção: O escritor Fernando Zocca está sem acesso ao quadro de avisos. Seus textos não aparecem também na página últimas publicações. Apesar da comunicação do fato do sr. Waldomiro Guimarães, o direito de expressão do autor está cerceado.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui