Bete Galvão, esperta Oficiala de Justiça lotada na Segunda Vara Cível do Fórum da Comarca de Araçatuba, é capaz de conversar com até três pessoas ao mesmo tempo, sobre assuntos diferentes. Sem confundir as idéias, nem alterar o tom de voz. Ainda que - pasmem - esteja digitando alguma certidão ou auto. Contudo, ocasião houve que ela se envolveu num inusitado problema de comunicação.
Foi no derradeiro dia de permissão do governo para liberar cruzados novos retidos em contas correntes.
Bete compareceu à agencia central da CEF, em Araçatuba, querendo pagar um débito imobiliário. O escriturário separou a guia, que estava em nome do marido dela e "outra". Como tal quitação tinha caráter estritamente pessoal, travou-se o seguinte diálogo:
- A senhora é a "outra"?
- Que história é essa de outra? Sou esposa legítima dele.
- Acontece que só posso aceitar pagamento dele ou da "outra", conforme está formalizado aqui.
- E desde quando a outra tem mais cartaz que a esposa?
- Não é nada disso. Quero apenas saber se a senhora é a "outra".
- Já não lhe disse que sou a mulher dele? A outra não tem que meter a colher nesse assunto. Aliás, quero crer que nem exista a outra.
- E como vou saber se a senhora é a esposa ou a "outra"?
- Essa é muito boa! Se fosse a outra, estava tudo bem, mas eu, a esposa, preciso provar quem sou?
A pendência só foi resolvida quando ela exibiu cópia do contrato social que evidenciava o nome da "outra", ou melhor, dela...
