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Humor-->A ROLIÇA REBELDE -- 11/11/2005 - 09:51 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A ROLIÇA REBELDE


Fernando Zocca


Tia Ester Rivel desligou o telefone e considerou as palavras ditas pela vovó Bim Latem um tanto quando que exageradas. De fato, vovó Bim dissera-lhe que se não conseguia, nem ao menos, ver a trave no olho próprio, como veria o cisco no olho alheio?
Tencionando esquecer a ocorrência, tia Ester resolveu atender ao pedido do seu genitor, formulado horas antes: deslocou-se até a padaria mais próxima e comprou uma garrafa de vinho Sangue de Boi.
Na volta tia Ester pensava em como pagar a consulta que deveria fazer ao médico que lhe tratava a tísica. Por causa dessa afecção a paciente tivera de pedir dispensa do trabalho. Já estava sendo mal vista pelas colegas de serviço. O pessoal se queixava que ela fingia ter doenças pra faltar às obrigações. E apesar de não aparecer para o desempenho funcional esperado, aquela maracutaia ambulante, surgia no final do mês, para embolsar o salário.
Ao entrar na cozinha, seu pai já a esperava com o saca-rolhas na mão. Um copo enorme fora previamente lavado e, pelo jeito o velhote estava sedento.
Tia Ester pediu a ele o instrumento e, com algum esforço, abriu a garrafa. Tomou-lhe o copo e verteu nele o vinho cheiroso.
Ao receber a vasilha, o velhote tirou da filha a garrafa, dando-lhe o vaso quase cheio. Pensando em desistir de tentar controlar o teimoso, a tia Ester abanou a cabeça deixando o ambiente.
Quando chegou ao seu quarto, depois de subir aquela escada íngreme, ela sentou-se na cama. Pensava em tentar procurar algum membro da seita maligna do pavão-louco a quem solicitaria simpatias no sentido de fazer seu papai mudar aquele hábito nefasto. A tia Ester sabia que, na seita existiam maníacos hiperativos, insones dotados de furor insensato suficiente para, em verbigeração, declamar séries de palavras sem nexo, habitualmente as mesmas, com o fito de atormentar o papai pingão. Sua intenção era a de que o velhote deixasse a pingaiada. Só cessariam os assédios se o doente se afastasse da causa da sua loucura. Os malucos deveriam ser hábeis na fala automática.
Tia Ester Rivel pensou no seu filho único. Ele já tinha idade suficiente para namorar e até conseguir um emprego. Mas o pai que vivia em São Paulo, achava que o menino deveria estudar mais até ter maturidade suficiente para manter-se num trabalho honesto.
Rivel lembrou-se do tempo em que cursara a faculdade formando-se em pedagogia, quando passou a dar aulas na rede pública de ensino. Como professora era uma negação. Detestava quem dizia que, os alunos de professores formados em cursos vagos, de fim de semana, não teriam boa sorte nos estudos.
Ester Rivel era amancebada. E "queimava o pêlo" quando lembravam-na dessa tal condição. Ela na verdade, sentia-se frustrada por não poder contar com o auxílio financeiro do pai da criança. O safado, segundo ela, a deixara vendo bóias no rio, enquanto divertia-se na capital. Aquele troglodita liso, vivia impune na esbórnia, queimando o "cacau" que ganhava como relojoeiro.
Ester lembrou-se do mano que sumira sem deixar vestígio. Ele sobrevivia de pequenos expedientes; mas quando criou uma empresa fantasma com a qual comprava a prazo toneladas de mercadorias, vendendo-as a vista, irritou sobremodo os credores. A gota d água, determinante do seu desaparecimento, foi o encerramento das atividades da empresa, sem prestação de contas aos credores quirografários.
Alguns conhecedores de casos semelhantes, disseram à Ester que seu irmão estava enterrado no cemitério de Tupinambica das Linhas como indigente. Ele, o mano, fora morto por credores raivosos. Estes em conluio com Cez, o urubu Tupinambiquence, que também considerava o finado, um mau defunto, pra receber velas boas, arrumou uma certidão de óbito dum mendigo, com a qual o brother da Ester Rivel foi sepultado.
Quando essa onda de pensamentos cessou de circular-lhe pela consciência a professora Rivel notou o tamanho da sua bunda. Estava enorme. Se ela tivesse que tomar um ônibus, com dificuldade passaria pela roleta. Se fosse convidada pra assistir a uma sessão de cinema, não teria certeza de que não entalaria entre os braços da poltrona.
Tia Ester Rivel também lamentava a pouca duração dos rolos de papel higiênico que comprava. Quando lhe diziam que a área da sua buzanfa continha mais gordura do que podiam imaginar as filosofias vãs, ela sentia ímpetos de choro.
Tia Ester achava que deveria emagrecer. Mas como? Com tanta coisa boa pra comer, preferia ver seu traseiro daquele tamanho do que sujeitar-se a uma dieta saudável.
Que a chamassem de bunduda! Que assim fosse, se lhes parecesse.


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